Rapper de Pelotas/RS traz em seu primeiro álbum 10 faixas que contam com participações especiais e álbum visual dirigido e conceituado pela própria artista.
“Filha do Sol” é o primeiro álbum de B.art, artista de Pelotas/RS, que foi lançado no dia 12 de Julho. O nome faz alusão a Ra, Deus do Sol, força vital e se faz presente no disco de diversas formas: como luz e calor, o sol como um lugar a ser alcançado e o sol como uma bola laranja no espaço que aquece o planeta rumo ao fim da humanidade.
As faixas abordam diversas temáticas, como a espacialidade, por ser uma mulher africana na diáspora, buscando se territorializar no sul do país, em um estado majoritariamente branco. Passa pelo epistemicídio, a busca por poder e dinheiro, caindo em outros questionamentos, acerca do mercado, do sistema e da globalização imposta pelo ocidente e seus efeitos. As marcas da colonização. Tentativas de fuga que ainda a mantém presa dentro do mesmo sistema que luta contra. Mesmo com dinheiro e poder, uma pessoa preta ainda é uma pessoa preta.
“Uma pessoa preta sempre terá o mesmo poder que o seu povo”.
E, nessa busca por poder, outras questões são ignoradas, como as ambientais e a luta pela terra, por exemplo. Ter dinheiro e viver em um planeta que está pedindo ajuda e contribuir com a exploração, porque não existe riqueza sem haver exploração.
O álbum visual busca contar essa história através de elementos estéticos que dão sentido à narrativa, com roteiro e direção da artista. Com referências que vão de Solange, à Erykah Badu passando pelo Afropunk, o álbum transita por diversas sonoridades.
Tudo bem costurado com beats e rimas em um álbum de 10 faixas produzido por Diabelsmusic de São Paulo. O álbum foi todo produzido à distância devido a pandemia de COVID-19, e conta com participação de Nina Fola, zilladxg, Tay Oluá, Ébano e Marfim e o trapper Dalua colaborando com alguns adlibs.
“Da descolonização à busca por poder até a percepção de que poder em um mundo que pede socorro, não basta. Tá tudo errado.
Descobrimos quem somos, recobramos nosso espaço, pedimos o que é nosso de volta. Lutamos por direitos, por igualdade, mas quanto tempo isso vai levar? E quando conseguirmos, o que ainda restará?
A ação do ocidente causou alterações profundas no modo de vida, não só para o povo preto e pra sociedade, mas para o planeta Terra.
A história não é mais a mesma, o mundo não é mais o mesmo os “reis e rainhas” de hoje, estão vivendo outro contexto.”