No dia 20 de Junho os artistas Alice Piink – na produção musical e engenharia de áudio – e Graça – na composição, conceito e interpretação – lançam seu novo single, “Depois me diz como não foi fantástico“, com um clipe desenvolvido por Deborah Barros e Graça, e identidade visual por Myrella, todos integrantes do selo e coletivo de artistas Organdi.
Neste novo trabalho, Graça traz reflexões à respeito da forma como se absorve a arte, criticando duramente o consumo automático ou pouco sensível e analítico, além de aprofundar um conceito que já explorava em suas redes sociais: uma visão da criação artística como um tipo de telepatia, de forma bastante lúdica e lúcida.
No que se refere a sonoridade, Alice Piink desenvolve uma estética pesada e bastante “clássica” em suas escolhas – dentro da lógica de produção musical na cena do Rap. No instrumental febril e com referências claras da música brasileira, carregado por samples, baterias agressivas e de timbres orgânicos, e graves marcados, Graça desenvolve um esquema de rimas relativamente complexo, envolto por uma texturização caracterizada pelas densas camadas de vozes e alguns efeitos pontuais.
O clipe foi estruturado a partir de 3 materiais visuais: as animações soviéticas Contact (1978) e Wow, a talking fish! (1983) – esta última uma cooperação armeno-soviética – e a criação da artista visual Myrella, que inicialmente seria direcionada apenas à arte da capa, mas acabou sendo peça central na construção do videoclipe. Num trabalho minucioso de colagem, os dois editores (Graça e Deborah) desenvolveram uma narrativa visual com objetivos claros: impactar o espectador através de cenas de natureza quase lisérgica (que se conecta diretamente com uma provocação específica que o MC gaúcho coloca em sua composição), e atrair atenção para a construção lírica de Graça, tomando em determinado momento do filme uma direção de lyric video.
Desde Outubro de 2019, com o lançamento de “A Secular Arte de Evitar Acidentes“, a dupla Alice Piink e Graça vêm lançando novas colaborações quase todo mês, sempre explorando novas estéticas, e com “Depois me diz como não foi fantástico” fica claro o amadurecimento e a preocupação latente dos dois com a criação de um material que não soe genérico ou repetido, muito pelo contrário, é original e potente. Confira: