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Show do Rincon Sapiência, MST e os movimentos sociais

A primeira vez que ouvi falar do Rincon Sapiência foi pela música “Ponta de Lança (Verso Livre)” no fim de 2016. Sim, infelizmente eu não conhecia o corre dele antes desta música, mas fiquei feliz por ser apresentado a este artista. A música em questão carregava temas sociais que estavam em discussão, sendo embalada por um boom bap sampleado do funk bumbum granada, exalando originalidade. Na última sexta-feira, 14 de dezembro, quase dois anos depois de ter escutado pela primeira vez um som do Rincon, tive a chance de comparecer em um show dele para fotografá-lo.

Fotografia por: Lars Erick

O show é massa, o cd é incrível, os passinhos são irreverentes, porém, o que mais me chamou atenção no show foi o rapper usar um boné da MST que foi arremessado no palco. Evidentemente, sabemos que ele trabalha pautas relacionadas ao desenvolvimento social da classe pobre e sobre como vencer em uma sociedade problemática, mas se posicionar politicamente em um show/música dando nomes aos bois e aos movimentos é de se respeitar.

Fui até ele no camarim perguntar pra ele sobre essa questão de usar um boné do Movimento Sem Terra (MST) e ele me respondeu que: “Eu acho que meu posicionamento é particular, eu apoio o movimento de moradia, eu acho que o Brasil tem terra suficiente pra atender a todos, e o Brasil é originalmente um território indígena, é preciso ser pensado uma divisão de terras de uma outra perspectiva e não somente de acordo com o dinheiro dos grandes latifundiários. Então por conta dessas questões todas eu apoio sim o MST e me sinto representado usando um boné do MST”.

Por mais que o trecho “batemos tambores e eles panelas” seja alto explicativo, assim como os versos que vem um pouco depois “música é dádiva, não quero dívida/ Eu não nego que quero o torro/ Eu não nego que gosto de ouro”, continuei o assunto perguntando se rappers podem ser de direita? E se, assim como Diomedes fala, é possível ser um comunista rico?

– “É, rappers não podem ser de direita.. Eu não me coloco como um comunista, mas eu consigo pensar em uma política pra todos, mas dentro do sistema que a gente vive, sem abrir mão do dinheiro, sem abrir mão da nossa ascensão, sem abrir mão de ter ambição de querer estudar, de querer dar o melhor pros nossos filhos, querer uma casa boa.. isso tem a ver com grana, querer um estúdio massa, querer fazer música boa. Isso tem a ver com o dinheiro, a gente corre sim pelo dinheiro, mas não é porque a gente corre pelo dinheiro que a gente acha que deve ser desigual a divisão de bens dentro do mundo, né?!”

Fotografia por: Lars Erick

Foram as duas perguntas que eu consegui fazer na correria do show, mas perguntas importantes que reafirmaram a importância do posicionamento político na arte, e também na vida.