Até quando o favoritismo vai andar junto com a famosa “passada de pano”?
No cenário do rap muitas denúncias são feitas contra MCS. Acusações de machismo, pedofilia, agressão, aliciação ocorrem com frequência.
E por ser uma pessoa pública que produz um conteúdo significativo deve haver um tratamento especial?
Não.
Racionais MC’s já dizia: Até Jack! Tem quem passe um pano.
Ser uma figura pública não deve aniquilar o discernimento entre o certo e o errado. O público do RAP, estilo musical que sempre abordou assuntos marginalizados, possuem o costume infeliz de “passar pano” quando se trata de um artista favorito.
Por exemplo, na situação de agressão contra mulher, em uma sociedade machista o acusador acaba se sobressaindo das situações, por conta do pensamento machista enraizado e usa isso para se vitimizar. Frases como: “Estão querendo destruir minha carreira” “Agora que estou no topo, querem que caia.” “O passado não me define, sou um novo homem” “Se já menstruo, pode fazer aquilo”
É usar o cinismo para jogar o público de adolescente sem opiniões formadas contra as vítimas.
Estejamos claros que acusações não focam em quem são, como conseguiu chegar onde chegou, a abordagem é expor que atitudes deste cunho é crime e deve ser levado a justiça. Não importando a classe ou status do denunciado.
E o público onde entra nessa história?
O público é o principal agente em situações assim. Pois foram os consumidores que os puseram onde estão e são os mesmo que devem abdicar de consumir material. Ao ver uma denúncia e continuar engajando o suspeito, é tapar os olhos e aceitar que “por ser famoso está tudo bem”. Separar a obra da pessoa é um caso agora apoiar atitudes machistas, agressivas ou de abuso é totalmente diferente. O público do rap está sujando cada vez mais a ideia central do hip-hop sobre respeito acima de tudo. Enquanto o povo não conseguir distinguir a verdadeira sujeira que ocorre dentro do cenário musical ou fora (vida real; onde ocorrem queixas) é contribuir para o aumento de violência contras as mulheres, o feminicídio e até mesmo a violação do corpo feminino.
Infelizmente este é um assunto que não cessará enquanto não houver comoções reais, um problema já enraizado que pode sim ser solucionado com estudos, empatia e posicionamento sobre as atitudes dos artistas.
E aí, vai soltar o verbo ou passar pano?