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RND Entrevista Matuê, um dos maiores expoentes do Trap no Brasil

Entrevistamos um dos maiores expoentes do Trap no Brasil, direto de Fortaleza (CE), Matheus Brasileiro, o Matuê, trocou uma idéia com o RND e expôs suas idéias e visões, de vida e música, confira agora:

Quem é Matuê? Quais as pretensões dele

Eu sou aluno da música. Desde criança a música sempre esteve muito presente na minha vida, tive sorte de crescer numa família musical. Minha avó teve uma influência muito forte em meu crescimento e aprendizado, além de me motivar sempre a me expressar através do som. Ela acabou falecendo aos meus 13 anos e isso teve um impacto muito forte em minha vida, eu passei a ficar muito mais tempo fora de casa e sempre arranjava muitos problemas. Em meio a tudo isso, a música se fez como uma amiga, assim eu acabei desenvolvendo um laço muito forte com ela. Depois de 11 anos, (escrevo isso no meu 24º aniversário) inúmeros desafios e muitos aprendizados, as minhas músicas começaram a ressoar e hoje minha maior pretensão é elevar o espírito das pessoas e trazer muita positividade. Não menos importante, eu também procuro mostrar avanço dentro cenário do Hip Hop, trazendo inovação dentro da nossa estética musical, da estética dos vídeos e da nossa linguagem. É como eu disse na música “RBN“:

O que espero, é o desenvolvimento do Game

Sabemos que seu selo a “30PRAUM” trabalha de forma ímpar, gostaríamos de saber, quem são? Existem mais artistas e se vocês só se limitam ao rap?

Primeiramente obrigado, apesar de colaborarmos com muitos de nossos amigos, nossa base é formada principalmente por três pessoas.

Clara, mais conhecida como Boss, nossa diretora executiva, é a grande mente por trás da organização, ela tomou frente em dirigir toda a parte administrativa da 30 e garantir o crescimento do projeto. Certamente sem ela não teríamos chegado aonde estamos hoje.

Degas, nosso diretor visual, é o gênio por trás das lentes. Temos muita sorte de trabalhar com alguém que sabe traduzir visualmente a essência da 30 além de elevá-la para uma perspectiva cinematográfica. O cara é monstro.

Finalmente eu, fundador e diretor criativo da 30. Meus papéis principais no selo são desenvolver os conceitos dos projetos, criar as músicas e interagir com a galera que acompanha o corre.

Achar novos artistas para integrar o selo nem sempre é fácil por termos uma identidade forte, porém existe muito talento a se explorar e estamos sempre à procura de pessoas com originalidade e que dividem a nossa filosofia de trabalho.

Nós não nos limitamos a nada, afinal o início do projeto se deu muito pela nossa vontade de fazer algo criativo, lucrativo e sem limitações.

Matuê e Clara

Gostaríamos de saber, como tá sendo a recepção do seu trabalho fora do ceará?

A recepção fora do estado tem nos deixado sem palavras, é incrível ver nossa fanbase se desenvolvendo por diversas partes do país. O mais bizarro é viajar para uma cidade nova e ver todo mundo cantando as letras, quando a gente toca “Lama no Copo” e todo mundo grita:

Eu vou viver pra ver a 30 dominar o mundo..

Com certeza isso é como se tivesse uma torcida vibrando por nós.

O Trap virou uma febre nacional, sabemos que existem artistas com o foco somente para esse gênero, qual a sua visão sobre o mesmo e se pretende manter o foco voltado para essa vertente?

O Trap foi o meio que encontrei para me expressar livremente, o gênero (subgênero) me deu liberdade para experimentar com minha sonoridade, me ensinou a utilizar minha voz de maneiras diferentes e o mais importante, ele me deu um plano de fundo onde pude explorar e desenvolver as minhas melodias.

O gênero está em constante metamorfose, mudando sempre de acordo com os artistas. Acredito que o Trap no Brasil ainda está em sua nascença e existe muito espaço para inovação e para novos artistas, espero poder ver a cena desenvolver até o máximo do seu potencial.

Na sua região, berço de grandes nomes do rap nacional, nesse momento pós-Sulicídio, alguém mais pode chamar a atenção do cenário nacional na sua visão? Se sim, quem?

Acredito que qualquer pessoa com a mentalidade certa pode roubar a cena, mas se eu tivesse que apostar em alguém, eu diria Raonir Braz, poucas pessoas escrevem melodias como ele, ele mistura o trap com a música Baiana de uma maneira única e especial, além disso ainda é o meu beatmaker favorito.

Acompanhamos os últimos lançamentos e vimos que o projeto da Pineapple que resultou no hit “H.O.R.T.A”, que veio assinado por você com colaboração do Menestrel, deu um “boom” no cenário. Como surgiu o convite? Como foi a experiência? Podemos esperar algo a mais da parceria com a Pineapple?

Conheci o Menega em junho num evento chamado “Nordeste no Topo“, desde de então a gente não parou de trocar ideia. Ao longo de nossas conversas o assunto “participação” acabou surgindo, mas não ficou claro de quem seria a música nem qual seria a ideia do som.

Alguns meses depois, a Pineapple começou a postar meus sons nos snaps do Instagram e quando eu vi, eu já tava indo para o Rio de Janeiro para bolar algo com eles e com a 1Kilo. No meio de tudo isso eu tinha um som chamado “Batendo Na Minha Porta” que eu tinha gravado anteriormente no estúdio da 30 e tava faltando um segundo verso, acabei tendo a ideia de chamar o Menestrel, o resto vocês já sabem.

Sabemos que você tem uma vivência fora do Brasil, comente um pouco sobre e se isso influenciou ou influencia na sua forma de trabalhar e no seu processo criativo?

Quando eu era pequeno, minha família se mudou pra costa oeste dos Estados Unidos, para buscar uma vida melhor e eu acabei sendo criado por lá. Minha mãe trabalhava num salão e meu padrasto entregava jornal, eu estudava em uma escola pública que chamava Garfield Elementary, foi nessa época que eu fui exposto ao rap pela primeira vez. Eu lembro bem, em fevereiro de 2003, comprei meu primeiro disco, “Get Rich or Die Trying” do 50 Cent. Eu viajava muito no fato dele ser diferentes dos outros rappers, na época ele era talvez o único que fazia gangsta rap com melodia. Isso acabou influenciando bastante o meu jeito de fazer música.

E as influências dentro da música? Cite algumas e o que vem escutando ultimamente?

Ultimamente minha playlist tem bastante Indie e Rock Alternativo, tem ajudado escutar sons fora do rap ou do trap para ter novas inspirações, eu consigo abordar a criação musical de um jeito diferente.

Você costuma falar sobre maconha nas suas músicas, como  você vê o assunto de grande debate em âmbito nacional sobre a legalização não só da maconha, mas de outras drogas também, com a guerra às drogas em foco nos grandes noticiários, qual sua opinião sobre o assunto?

É fato que a regulamentação das drogas iria diminuir os danos causados ao usuário e principalmente ao não usuário.

Devido a política de proibição, não existe educação voltada para conscientização dos efeitos das drogas. Não existe controle de qualidade da droga vendida e nem uma filosofia de redução de danos ao usuário. As drogas lícitas, no caso o álcool, cigarro e medicamentos prescritos acumulam o maior número de mortes. A guerra às drogas enche as cadeias de criminosos não violentos e os torna violentos, e o pior de tudo, milhares de pessoas inocentes morrem como casualidades da guerra. Você regulamenta as drogas e tudo isso acaba.

E os planos para o fim de 2017? Seria cedo para falar sobre EP’s mixtapes e afins?

Temos 3 ou 4 grandes lançamentos planejados para esse fim de ano, além do lançamento de nossas camisas. Já em 2018 vocês vão ver uma nova 30PRAUM, não vou estragar surpresas, mas vamos dizer que estamos planejando dois projetos muito ambiciosos.

E Fortaleza? Considera como um cidade em ascensão no rap?

Sem dúvidas, tenho notado cada vez mais artistas se mobilizando e desenvolvendo sua identidade própria dentro do rap, vejo cada vez mais eventos de rap, além do número de ouvintes que também tem aumentado bastante!

E pra fechar a entrevista, defina seu corre em apenas uma palavra.

Meu corre é: “insano”.