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Rincon Sapiência lança primeiro single pela sua própria marca, confira ‘Placo’

O rapper Rincon Sapiência é dono de trabalhos que o colocaram em lugar de destaque no cenário do Rap Nacional, como é o caso de “Linhas de Soco”, “Ponta de Lança”, “Afro Rep”, entre outros. Ganhador do prêmio de 2017 como Artista do Ano pela Associação Paulista dos Críticos de Artes (APCA), o rapper vem se consolidando cada vez mais na cena como um dos artistas mais versáteis com parcerias musicais como Sidney MagalAlice Caymmi, Rubel, Drik Barbosa e IZA. Recentemente, o artista lançou o seu próprio selo musical independente, chamado MGoma, apostando em seu reconhecimento como um dos produtores musicais mais respeitados da cena.

No dia 16 de novembro (sexta-feira), o rapper e produtor musical Rincon Sapiência lança o seu novo single “Placo”, que chega junto com um videoclipe. O lançamento marca a estreia do seu selo independente MGoma – lê-se “em goma”, o que significa “em casa”, com uma mistura envolvente de trap e funk, que já se tornou referência na obra do rapper paulistano.

Em “Placo”, a maestria de Rincon em combinar as diferentes linguagens da música periférica brasileira soma-se às suas pesquisas da música africana, dando vida a um som potente. Com os graves acentuados dos tambores, o refrão é marcante e traz o recado: a palavra “placo” – gíria para dinheiro – se repete diversas vezes, referindo-se aos plaquês de notas, fruto do trabalho de Rincon Sapiência em sua nova empreitada.

Sufoco do gueto é natural
Que nem o fedô no suvaco
Ninguém quer, não me leve a mal
Nóis tamo no corre do placo

O videoclipe, dirigido por Gabriel Duarte e produzido pela Ogiva Filmes, foi gravado na favela de Paraisópolis. A locação escolhida para narrar a leitura apurada do Mc sobre os contrastes da pirâmide social brasileira é a segunda maior favela de São Paulo. Encravada em meio a bairros ricos da Zona Sul, entre os prédios luxuosos e os barracos de Paraisópolis se esconde um abismo social. A travessia desse abismo por meio da arte e do empreendedorismo é a tônica do discurso. Uma louvação ao desejo legítimo de ascender socialmente, fortemente amarrado à afirmação identitária, marcada pela valorização dos grupos da diversidade étnico-racial, de gênero, e da estética periférica.

O “corre do placo” acontece num contexto em que o artista se torna cada vez mais dono da sua música e capaz de proteger a própria criação, com liberdade artística e a possibilidade de experimentar novos modelos de negócios. A história remete a inúmeros casos de sucesso de artistas periféricos pelo mundo, onde a música se torna um instrumento de auto-realização e movimenta a economia por meio do faça você mesmo. Em tempos de incertezas no país, Rincon Sapiência abre os trabalhos de seu novo negócio com a mensagem de que a periferia sempre está pronta para roubar a cena celebrando a sua própria cultura de maneira autêntica.

O diálogo com o funk, gênero musical que hoje se insere como o mais popular da periferia brasileira, do underground ao mainstream, vem também por meio da linguagem corporal. Os dançarinos do NGKS (Passinho do Maloca) estrelam o clipe ao lado de Manicongo e de um casting diverso, retratando de maneira fiel o cotidiano vivenciado nas favelas de todo o Brasil.

Cabeça de nego não é degrau