Coé, família! LAHuss aqui novamente dissecando mais um trabalho nacional. Dessa vez, vou falar sobre o novo álbum do Kamau, o Licença Poética (Experimentos Pessoais) e, sendo franco, já sou fã desse cara desde a época do lendário Quinto Andar (2º melhor time do Rio, atrás do Fluzão). Ele chamava a atenção não somente por ser o único membro com origem paulista, mas também pelo seu som de altíssima qualidade.
No quesito MC, Marcus está mais renovado que nunca, pondo linhas num estilo bastante pessoal e introspectivo, que aos poucos é salpicado com referências e punchlines, o que me fez lembrar de rappers atuais como Isaiah Rashad e seu aclamado EP CIlvia Demo. Inclusive, a capa do LPEP revela um vinil do Oxymoron, do parceiro de TDE do Isaiah, ScHoolboy Q. Ainda sobre as letras, o flow não é muito ousado, mas compensa na suavidade e naturalidade, típicas de um veterano no game. Destaco as faixas “Verso Em Verso” e “Pulso” pela temática heterodoxa apresentada pelo Kamau em ambas, e por linhas como estas, encontradas na “Verso Em Verso”:
Na mão do DJ virei colagem
Na pele da menina tatuagem
Pro Sabotage era página do termo de compromisso
Pro Consequência vício, pra alguns era difícil me entender
(Por que?)
A produção é feita inteiramente pelo próprio Kamau, e tem como seu ponto forte o clima chill out que permeia todo o álbum, mesmo nas tracks mais animadas. Isso cria um equilíbrio maneiro com a voz do rapper, e um tom de meditação, resultado das reflexões do Marcus, agora compartilhadas com o ouvinte. Não entrarei em muitos detalhes sobre os instrumentais pois meu mano SVNTIVGO irá abordá-los mais a fundo no DTB! desse fim de semana. Mas já trago como spoiler que os beats estão bem relaxantes, boom baps inteligentemente construídos.
Sobre o conceito e a organização do álbum, achei que o Kamau conseguiu extrair conteúdo original em quantidade e qualidade dessa temática metalinguística já bem comum no rap. As últimas duas faixas, “Outro Lado” e “Carpe Diem”, conseguiram prender bastante a minha atenção pelo conjunto da obra: beat, letra, flow e vibe no ponto certo. O trabalho conta com feats apenas em duas faixas (“Verso Em Verso” e a própria “Carpe Diem”) e em refrões (os quais foram muito bem executados por Sombra e Jeff, respectivamente); logo, todos os versos foram escritos e executados por Marcus, o que reforça sua subjetividade.
Me dispeço destacando como únicos pontos negativos o tom meio repetitivo por parte da sequência dos beats, assim como a ligeira inferioridade da 2ª metade em relação à 1ª, nada muito destoante. E é isso fellas, não tirem o blog dos cookies porque vem peso atrás de peso nos próximos posts. Até!