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Review Nacional: “Babylon By Gus Vol II – No Princípio Era o Verbo” por Black Alien

9852277bbbd704e08f0b3eeb957c9c92.720x720x1Fala bando de botafoguense! Hussein dos blogs aqui mais uma vez, trazendo outra pérola nacional na pauta! Dessa vez, a resenha é sobre a aguardadíssima sequência da série Babylon By Gus do Gustavo Black Alien, um dos MCs mais talentosos e condecorados da cena brazuca. O álbum veio 11 anos após seu antecessor, trazendo um Mr. Niterói diferente, com a mente e o corpo sãos, mas nem por isso menos afiado. Sem mais enrolo, bora pra review!

Primeiramente, dissertemos sobre o Gustavo ao mic. O cara tava 11 anos sem lançar um trabalho tão grande assim, e o seu 1º disco é simplesmente um dos mais emblemáticos da história do nosso rap; então, comparar ambos liricamente é algo desnecessário. A quantidade de metáforas diminuiu, embora a qualidade das mesmas tenha persistido. Dá pra ver que o intuito e a mentalidade do BA são outros: as letras agora refletem bem o estado de purificação e maturidade ao qual ele se submeteu, o que não quer dizer que ele não tenha seus momentos de moleque, como na “Skate No Pé”. As composições agora são mais pessoais: na ótima “O Estranho Vizinho da Frente” ele decifra seu próprio processo criativo, ao passo que traz o esoterismo a tona na “Terra”, já revisada por mim no começo do ano. Algo que me desagradou foi a inconsistência vista em algumas faixas, como na “Identidade” e na “Somos o Mundo” (essa por sinal me soou bem estranha, também falarei sobre sua produção). Não pense você minha amiga dona de casa, que o Gus perdeu a mão pra love songs por causa dessa faixa: a “Falando do Meu Bem” mostra que o cara ainda sabe falar de amor, sendo esta uma das melhores overall do álbum. Pra mostrar que o cara ainda merece ser chamado de “A Lírica Bereta”, trago esse trecho da “Rolo Compressor” (lembrando que o refrão dessa track homenageia o Method Man e o Pac, que já havia usado esse mesmo hook):

Sinto muito, ouvir groselha não dá
Os ricos de rimas pobres, meu amigo, eu mando andar
Dezesseis ondas de box, os versos em cada mão
Direto, cruzado e upper, o oponente tá no chão
Nego espera que meus versos fujam do que nego espera
Velha guarda, Golden Era no ouvido da galera
Me amam abertamente, me odeiam discretamente
Dizem que é espiritual, o outro diz que é da mente

Sobre a produção, o Gus fechou novamente com o Alexandre Basa, seu parça desde o 1º disco. Na maioria das faixas, o cara não decepciona, trazendo beats pesados e versáteis. A pegada meio jamaicana de “Terra” e “Falando do Meu Bem” hipnotiza e traz à tona o lado ragga do BA, enquanto o tempo não muito usual e os vários instrumentos usados são o ponto alto da “Quem É Você?”. Certas produções ficaram aquém do nível do resto, como a de “Somos o Mundo”, onde os drums parecem meio descompassados, e na “Rolo Compressor”, que tem bons elementos, os quais, entretanto, não parecem estar no mesmo tom.  Em boa parte do álbum, há beats relativamente simples, como o da “Skate No Pé”, mas isso não é um demérito: é provável que essa tenha sido uma escolha consciente, para que o mic se sobressaísse.

O Black Alien desse novo disco é diferente, sim. E isso proporciona perceber nele novas qualidades, como uma capacidade maior de rimar sobre si mesmo, e também o bom uso de partes melódicas, cantadas (o que acaba sendo o ponto alto de tracks como “Identidade” e “Homem de Família”. Os feats, em sua maioria, foram benéficos ao andamento do trabalho: Edi Rock veio pesado na “Rock ‘n’ Roll”, Kamau e Parteum deslizaram na “Skate no Pé”, e Luiz Melodia fez jus a seu vulgo na “Quem É Você?”. Se você espera escutar o Gustavo de 2004, ouça o cd de 2004. Aqui vemos o lado mais humano do Alien (no pun intended). E é isso my bonde, não fechem a nossa aba porque nois tamo mais quente que ir pra Boate Kiss de casaco. Até!

Nota3,5