Em um curto espaço de tempo entre arrumar as malas, pegar estrada, voltar para São Paulo, chegar, refazer a mochila e cair na estrada novamente, longínqua e remotamente vi, ouvi e escrevo sobre a novidade lançada por Parteum. Assim como no primeiro dia do ano de 2016, ele disponibilizou em seus canais sua mais nova produção no primeiro dia de 2017. O som “EN GARDE, MMXVII” foi feito em duas bases diferentes produzida por ele mesmo e a voz, gravada na madrugada, ‘dá a impressão do sussurro’, como explicou no post em sua página oficial sobre a música.
Já podemos considerar com uma característica do MC e produtor vir com novidade na virada do ano, o que nos dá aquela boa sensação de produtividade do Rap brasileiro durante o seu decorrer. Aproveitei o lançamento e bati um papo rápido com o Parteum:
“En garde!” é uma expressão muito usada na esgrima, no latim e no francês significa “em guarda” usada como um aviso, uma chamada de atenção. Qual é a relação do nome, tem algum significado ou sentido especial?
— Na real, pensando só um pouquinho no ano passado, é bom termos essa postura de ir pra cima, de dizer ao novo ano que estamos prontos p/ o combate. Sou eu, e quem mais quiser, chamando o ano pra briga. En Guarde, 2017!
É um single ou prévia de algo por vir?
— Eu não acho que o termo single explica o que eu tenho feito. Quer dizer, é um exercício de produção e rima. Algo que faço todo começo de ano. No 1º de Janeiro, acordo e crio rima e batida pra mixar e lançar antes do dia acabar. Ninguém pediu, ninguém mandou, mas acho necessário e divertido. Isso me deixa mais afiado para as sessões que eu tenho feito para o álbum, por exemplo.
Primeira atividade artística do ano, lançada no primeiro dia do ano. 2017 é um ano de novidades do Parteum?
— Pois é. Eu venho trabalhando nesse álbum desde 2014. Até já te falei que existia um outro quase pronto, em 2013, mas o resultado e os assuntos abordados não me moviam mais, no término do processo. Cada álbum é uma extensão de quem o artista é. Não no momento de lançamento, mas naquele período em que a mente trabalha com foco nos arranjos, nas letras, nas imagens que acompanham e/ou influenciam a interpretação… é energia condensada. Se a energia não é boa, o resultado também não será. Rap é uma bela ferramenta de análise — do eu, do meio, da rua, da família, de como está tudo ligado. Eu, de verdade, estou tentando fazer um álbum que me faça lembrar disso quando estiver no palco. Num passado recente, alguém disse que haveria um tempo em que MCEEs não se sentiriam mais a vontade na caixa de “rappers”. Não sendo cópias fiéis do que comprovadamente deu “certo”, achariam outras maneiras de levar esse aspecto da cultura adiante. O álbum, o processo, o resultado, o show… é tudo uma coisa só. Difícil é transformar as ações em produto, fazer a conta fechar e ter mãos, cabeça e fôlego pra tudo.
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