Connect with us

Hi, what are you looking for?

Old

Mister Niterói, amor e água

Uma análise intimista e reflexiva sobre o show do Black Alien no festival Bananada 2019.

Assistir mais uma vez Black Alien em Goiânia, dessa vez no festival Bananada 2019, me deixou com sede. Talvez porque a umidade relativa do ar no cerrado já está bem baixa nessa época do ano, ou também porque o rapper intercalava goles generosos de água mineral música após música.

Mas acompanhar a apresentação dele e cantar todas as canções não secou só a garganta. A sede era diferente. Uma sede de recomeços, sede de justiça, sede de políticas públicas, sede de fé, sede de palavra de sabedoria, sede de humor critico, sede de amor.

Há 3 anos Black Alien não pisava em solo goiano. Ele próprio confessou saudade no palco: “Não podemos ficar tanto tempo sem se ver”, ele disse mais ou menos isso durante o show. Concordamos, claro! Mas esse intervalo entre um show ou outro nos cria uma expectativa boa, tal como um copo d’água bem gelado após um intenso dia quente (ou poderia ser uma breja tricando na goela, mas papo etílico e Black Alien não desce mais).

Há muuuuitos anos o rapper tem matado nossa sede de dizer, em rimas, aquilo que muitas vezes não conseguimos expressar. Simples e direto, por vezes metafórico, Mr. Niterói vai na gênese dos problemas mundanos e caos cotidiano pra encontrar e tentar ensinar a fórmula da paz.

Nessa turnê do aclamado álbum “Abaixo de Zero: Hello Hell”, o  tal “inferno” estava até meio fora de contexto. Exceto pelo calor do momento de ver de muito perto um dos artistas mais admirados do rap nacional (quiça da música brasileira), a real é que o Bananada virou uma “Love Zone” na presença dele.

A batida inicial de “Área 51” anunciava o início do show. A primeira canção do show sendo a primeira canção do disco me fez imaginar que dei um play ao vivo no álbum e que teríamos uma hora de disco novo pela frente. Só que não! Black Alien também foi lá atrás em seus Babylons 1 e 2 pra resgatar as músicas mais sentimentais do seu repertório. Cantamos tudo sobre amor e sexo, as duas formas de amar que ele já conseguiu descrever. Assim, preencheu em nós um certo vazio que carregamos momentaneamente.

Me lembrei que seu show em 2016 em Goiânia, Black Alien fez quase duas horas de apresentação com suas canções mais ácidas dos discos solos anteriores (Babylon By Gus Vol. 1  e Vol. 2.). Na época, Gustavo parou o show pra falar sobre suas experiências de estar de volta nos palcos após 10 anos de tratamento por dependência química, o que deu um caráter reflexivo e até autocrítico àquele espetáculo.

Três anos depois, talvez o artista reconheça que não se pode sempre dizer mais do mesmo, apesar da atual conjuntura política e social que enfrentamos. Comemoramos portanto mais um aniversário de sua sobriedade do rapper, falando daquilo que falta de verdade entre tudo e todos: o amor.

Enquanto Black Alien molhava a palavra no palco, eu refletia mais uma vez, mas dessa vez sobre a solidão, a saudade, as relações humanas e o fluxo transparente da vida, tal como um gole d’água. Diante de tantos sucessos que ouvi, confesso que não consegui matar minha sede por completo, mas me inspirou escrever pra quem não se importante em falar sobre o amor, ou a falta dele, e engolir à seco.

Bebam água! E confira os melhores momentos do show do Black Alien em Goiânia, no Bananada 2019 (Clicks por Mari Magalhães):

(Foto: @maririmagalhaes)
(Foto: @maririmagalhaes)
(Foto: @maririmagalhaes)
(Foto: @maririmagalhaes)
(Foto: @maririmagalhaes)
(Foto: @maririmagalhaes)
(Foto: @maririmagalhaes)
(Foto: @maririmagalhaes)
(Foto: @maririmagalhaes)
(Foto: @maririmagalhaes)
(Foto: @maririmagalhaes)
(Foto: @maririmagalhaes)
(Foto: @maririmagalhaes)
(Foto: @maririmagalhaes)