Fala, seus Eurico Miranda! Menino Hussein aqui nos teclados, mas hoje não venho com review, mas sim botando meu coraçãozinho pra fora nesse post. Se há uma coisa que me incomoda no senso comum da nossa cena brazuca de rap, são os indivíduos que de alguma forma tentam podar os artistas, suas composições e sua vida pessoal. Fico puto. Vou expôr alguns pensamentos aqui sobre essa situação, sintam-se livres pra caozar nos comentários, essa parte do site é pra isso mermo! Tiupar!
Primeiramente, eu queria falar sobre os cabaços que acham que rap tem que ser sinônimo restrito de preocupação social. É ÓBVIO que essa parte mais conscious é importantíssima não só pra gerar reflexão entre os ouvintes, mas também porque ela tem a capacidade de revelar monstros da arte que, munidos de sua revolta e habilidade, fazem obras primas do ritmo & poesia. Falo de caras consagrados como Racionais, RZO, MV Bill (esse vai ter um parágrafo especial mais à frente), e grandes nomes da atualidade como Criolo e Emicida. Acontece, mes amis, que o rap NÃO TEM A OBRIGAÇÃO DE FAZER PROTESTO TODA HORA, E A ARTE É LIVRE. Livre até mesmo pra defender uma posição política contrária à que predomina no gênero.
Há um tempo atrás uns rappers soltaram uns versos chamando a população às ruas pra protestar contra o governo vigente, e foram duramente criticados por defenderem a oposição, dita como “coxinha”, “fascista”, entre outros termos já populares na internet. Eu achei a qualidade dos versos bem baixa, e isso deve ser duramente criticado mesmo. Mas daí a falar que o rap tem sempre que defender a postura política x em detrimento da y é absurdo. Eu queria deixar bem claro que sou contrário tanto ao governo atual quanto aos opositores dele (vida de anarquista é foda), e mesmo assim vejo o discurso (batido, furado, eu sei) desses caras pertinente no ponto de vista da liberdade de expressão. PORQUE A LIBERDADE DE EXPRESSÃO INCLUI SIM, A LIBERDADE DE FALAR MERDA, e assim como eu ouço uma track do caralho com a “Mandume” mesmo sem concordar com tudo que ela aborda, eu tenho que saber separar o direito que todos têm de se expressar por meio do rap com as eventuais cagadas que as pessoas fazem com ele.
Como prometido, agora vem o parágrafo sobre o Mensageiro da Verdade Bill. Esse negão é um dos MCs mais subestimados da porra desse país, e como se não bastasse, ainda sofre com outro dilema: como ele é um cara que critica abertamente a televisão, pegaram ele pra Judas a partir do momento em que ele começou a aparecer nas telas. Nego gosta de falar merda mesmo. SE O CARA CRITICA A TV E DEPOIS VAI DISCURSAR EM REDE NACIONAL, É PORQUE ELE QUER MUDAR A SITUAÇÃO VIGENTE, ORAS. Quem não lembra daquele dia que ele cuspiu verdades no Faustão (vídeo abaixo), deixando o gordinho mais sem jeito que você quando tua tia descobriu que ce deu uns pega na filha dela? E a parada só piora: muitos tem a audácia de chamar o cara de vendido. Pra quem não sabe, o Bill continua morando na CDD, e usa boa parte da grana que arrecada em projetos sociais. E mesmo se não usasse, quem é você pra criticar o cara? O dinheiro é fruto do trabalho dele, e se ele rima tanto sobre a problemática das favelas cariocas, não é pecado querer mudar de vida, né!?
Outra parada que me incomoda é a porra do ativista/censor de rap. O ouvinte que fala que a misoginia, a homofobia e o machismo nas letras de rap são pecados capitais. NÃO SÃO. Pense num Eminem ou Tyler sem falar faggot 30x por minuto. Pense num Biggie sem falar que vai comer as mulher. Não dá pra censurar arte. Por favor, se você não gosta do conteúdo de determinado artista, SIMPLESMENTE NÃO OUÇA ELE. Boicote, procure músicas que condizem com sua forma de pensar, sua ideologia. Mas não vem falar que o cara não pode falar de putaria e droga. Os gringos que você paga pau se consagraram falando disso. “AH, MAS RAP NACIONAL É COMPROMISSO, NÉ?!” Nem tanto. A música que é considerada por muitos como o 1º rap brasileiro, a “Deixa Isso Pra Lá”, do Jair Rodrigues (RIP), não fazia crítica social alguma. Se a temática dos rappers fosse alvo de censura, certamente não teríamos gênios como o Big L, que falava em coisas como “estuprar Jesus” e “passar AIDS pra todas as mulheres de NY”. E digo mais, eu, como negro, não ligaria muito se surgisse a porra de um rapper racista no jogo. Simplesmente eu não o ouviria, torceria pra ele estender o cu no varal em chuva de piroca, mas não esquentaria a cabeça. Porque O PRÓPRIO PÚBLICO DE RAP REGULA A MÚSICA QUE É BOA E A MÚSICA QUE NÃO É. Vira e mexe rola um ator ou um cara rico querendo pagar de rapper, ai os ouvintes vão lá, ouvem a merda que o cara grava, criticam e nunca mais clicam de novo. Simples assim, e como deve ser.
Por último, eu queria falar de um lance que eu vejo até entre muitos artistas de rap: o preconceito com o funk. FUNK É RAP, AMIGOS, um subgênero assim como o trap e o grime londrino. “POXA, ENTÃO CE TÁ DIZENDO QUE A ANITTA E A LUDMILLA SÃO RAPPERS?” Não, não são. São cantoras de pop mesmo. Mas assim como na gringa, rola pop em beat de rap (Justin Bieber hoje em dia é o maior exemplo), dá pra ter pop em beat de funk, e sempre teve. Mas não dá pra negar que tem muito funkeiro ai com flow (olha o Guimê) e até com lírica muito avançadas. Para pra escutar um funk do Smith, Didô, Orelha, Frank, Menor do Chapa e tantos outros do proibidão. Como morador do estado do Rio eu ouço desde menor e sei da superioridade deles em relação a muito rapper ai. E outra, nos clássicos “Rap da Felicidade” e “Rap do Silva”, entre tantos outros, o nome já diz: É RAP! É funk e é rap! Porque o funk é rap!
Deu pra falar muita coisa que tava entalada. A ideia não é que geral concorde com tudo dito aqui: podem discordar do texto inteiro se quiserem. Eu e o dream team dos blogs vamo tá aqui nos comentários pra nois bater aquele papo 10. Não fechem essa aba, porque aí vem mais texto loco e review pica! Até!