Alguns artistas tem um espirito underground, outros tem um espirito livre, Makalister consegue ter esses dois espíritos. Ele lançou o vídeo da música “A Terça Parte da Noite Não Dormi“, segundo single do seu próximo EP que leva o mesmo nome da faixa e que deve ser lançado na primeira semana de março — o primeiro foi a ótima “Exercício de Elogio a Mulheres Que Amei“
Makalister conseguiu pegar todo mundo de surpresa. Ontem as 13:30 ele postou uma foto no seu “Facebook pessoal” com a legenda “movie”. Uma imagem que dava a entender que talvez um clipe estive sendo produzido. Porém, o clipe, já estava pronto.
8 horas depois de postar essa imagem no seu “Facebook pessoal“, Makalister soltou o vídeo da música “A Terça Parte da Noite” que é um vídeo produzido por Maurício Marques e o próprio Makalister. O rapper aparece rimando apenas na segunda parte da música, até então o vídeo são registros aleatórios.
Liam Maia, membro da equipe do RND fez uma pergunta para o Makalister em uma entrevista que fizemos recentemente, nessa pergunta ele queria saber do rapper porque ele insistia em ser “Underground”. A resposta do Makalister não vem ao caso no momento, o que vem ao caso é o questionamento de Liam, que faz todo o sentido quando você ouve a música, lê a letra, vê o clipe.
A música é cheia de referências, se você parar para analisar cada verso, cada palavra, você terá que absorver uma grande quantidade de conteúdo, uma densidade absurda. “A Terça Parte da Noite Que Não Dormi” pode até parecer ser uma música simples, com palavras rebuscadas e difíceis de serem ditas e usadas no dia-a-dia, mas se você analisar profundamente essa música você verá que Makalister está predestinado a voos altos, por mais underground que ele insista em ser.
Geralmente selecionamos uma parte de maior destaque da letra, mas quando você ouve “A Terça Parte da Noite Não Dormi” você não consegue retirar alguns versos de maior impacto, a letra é completamente linear e cada verso tem um encaixe muito profundo com o verso anterior.
Verso em destaque
“O Ódio é um câncer
Monogamia é cárcere, mate o ciúme ou mate-se!”
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Disseram-me que eu escrevia versos brandos.
– Verso o pânico
No universo transito
Da Terra em Transe até a Santa Sangre
Imerso em Torrents
Raising Arizona
A Dupla Vida de Veronique
Esposa Turca
Viva em coreano
Como o Velho Kar em Dias Selvagens
A Terça Parte da Noite não dormi
Desatará meu dedos o Nó na Garganta
Café da tarde, Yung Lean, anos 50 em evidência
Eu percebi, cataloguei, reconheci os traços nipônicos
Em teus cílios, formatos anatômicos
Lembra um Astrolábio, frutos do pensar islâmico
Não renuncio igual Sinésio de Cirene
Ramos de azaléas
Tuas sombrancelhas
Espartilhos, rendas, unhas pontíagudas
Filhos noventistas
Compartilhem agulhas
Nada é tão distante de Bad Boy Bubby
Abasteço o tanque enquanto compras um Blunt, um Halls de melancia e um tablete de Crunch
Máscaras e capas, frágeis são
Design do caos é a imaginação
Era de ranger os Dentes Caninos, feras, emancipem
Das drogas natalinas e suas vendas gritantes
A vida será linda como foi em Elephant
Jovens na quimio
O Ódio é um câncer
M*nogamia é cárcere, mate o ciúme ou mate-se!
M*nogamia é cárcere!
Gaspar nos une, Irreversível
Carne.
Contra todos os cristos
Matéria Prima cabe no topo dos vícios
Por todas as linhas do “O Espírito”
Não me vi nos espelhos
Sem fotos, reflexos, nomes
Berros. Perros latindo lá longe
O martírio do afronte, sem fontes na busca do alívio
Derrapo nas curvas do íntimo
As máquinas perdem o ritmo
Fora do alcance das mãos e mais próximo ao lixo
Caóticos ritos
Horários, pontos
Os próprios vícios criados em laboratórios gringos
Cavalos de Turim, Bela Tarr
Criam Corvos ao ar livre
Decálogo e os quadros, Michael Haneke, La Pianiste
Nascido pra desfazer-se ao passo que mais se vive
O cais me livra
Nos náufragos da carga viva, A Terça Parte da Noite não dormi![/su_spoiler]
