Rodrigo Zin, nascido e criado na cidade de Curitiba, 22 anos de idade e com muito caminho percorrido dentro do rap, mas nada comparado ao caminho que tem para percorrer após o lançamento do seu EP de estreia. Estamos falando de um trabalho que certamente estará na lista dos melhores lançamentos do ano de 2018. “Francisco Oceano“, um Extended Play magnífico.
Nesse sábado (20), Rodrigo Zin disponibilizou em todas as plataformas de streaming, entre elas, Spotify, Deezer, Apple Music e todas as outras, “Francisco Oceano”
“Francisco Oceano”, no seu desenvolvimento, era curto demais para ser um álbum, assim como era grande demais para ser caracterizado como um single. Então no meio do processo de criação, novas músicas foram surgindo, algumas foram saindo e o resultado final foi um trabalho de aproximadamente 26 minutos de duração e 9 faixas no total.
Até o último momento, “Francisco Oceano” que inicialmente foi concebido dentro de uma ideia de cinco ou seis faixas, chegou a ter 10 faixas, mas no último segundo a música “QuatroZeroQuatro (Remix)” acabou saindo. Essa música em questão tem participação de Raí Faustino, nessa nova versão da música “QuatroZeroQuatro“, o baiano Faustino mandou solos de guitarra, dando ainda mais originalidade nesse remix que será lançado em breve, com vídeo clipe e como um single a parte.
A tracklist do EP “Francisco Oceano” ficou assim:
01 - Francisco Oceano 02 - Juvia 03 - Catedrais 04 - Noitosfera (feat. Dé Saiyajin) 05 - Navios Freestyle (feat. Vagante, Gledson, Kamaitachi) 06 - Benção 07 - Flow de Quem Já Partiu 08 - Catuaba Lo Fi 09 - Santanna (feat. Will)
É bem evidente que este trabalho é uma homenagem ao Frank Ocean, pois é um CD regado de melodias e letras fortes, assim como as obras do Frank são. Também é uma homenagem à Rua São Francisco e ao Centro de Curitiba no geral.
“É o oceano no ambiente urbano, principalmente pelo fato de Curitiba não ter praia/mar/oceano, o que deixa tudo mais pesado, é um CD que complementa o meu CD “Ninguém“, que será lançado neste primeiro semestre de 2018.”
“Francisco Oceano” chega trazendo temas como o Amor Líquido/ O Liquido de Bauman, mostrando como as relações estão cada vez mais rasas e tudo está se tornando obsoleto, cada vez mais rápido. Outro ponto interessante é que o CD possui vários símbolos religiosos.
Geralmente enfrentando os deuses nas letras, mas ao mesmo tempo glorificando os mesmos nas instrumentais – afinal o disco é recheado de samples gospel, desde nacionais, até samples internacionais, seguido de baterias de Trap e RnB, porém, já para o final do CD o clima gospel é sufocado pelas guitarras e beats puxados pro Trip Hop/Boom bap – deixando a entender que o personagem está se afastando da religião e seguindo um caminho diferente, mas se propondo a trabalhar e falar de amor (amor ao próximo), de uma forma mais intensa. Se tornando assim sua própria Igreja, seu oceano.
“Francisco Oceano, surgiu de uma brincadeira com amigos e amigas, ao tentarmos traduzir ao pé da letra o nome de alguns artistas da gringa. Francisco Oceano foi um dos nomes que me chamou atenção e decidi trabalhar em cima disto, assim, criando ilustrações, beats e letras com esse tema.”
Faixa 01 – Francisco Oceano
A produção do disco começou com a faixa “Francisco Oceano“, justamente a faixa número 1 e a faixa mais puxada para o rap – lembrando uma vibe Kanye West e Jay Z, mais do que uma vibe Frank Ocean – afinal muitos esquecem que em seus sons mais antigos, Frank adorava chegar rimando, sempre mantendo uma letra mais debochada e levemente agressiva, ácida.
A música é um ótimo cartão de visita:
“Eu sou tipo um Tsunami em Slow Motion… Frank Ocean”
Deixando claro que além de calmo, os mares podem ser violentos. Também trata de mostrar que nesse CD, assim como no seu esperado álbum de estreia “Ninguém”, o Rodrigo é apenas um personagem.
O trecho: “Fim… Rodrigo Valim? Sim! Oh well…”, foi feito no improviso, mas carrega um grande peso na introdução do EP, é como se o Rodrigo Valim (nome real do rapper), estivesse falando com o Rodrigo Zin:
“Estou morrendo nessa faixa, mas está tudo bem”
É o Nascimento de um desastre natural e a morte dos “verdadeiros”. A letra desse som é o processo de morte e renovação de um artista. É o mar indo e voltando e cada vez batendo mais forte por entre as rochas. É uma busca pela redenção, para que o personagem possa lavar sua alma e seus pecados – por isso o instrumental foi feito com Coral Gospel, com sample de Wilmington Chester Mass Choir, “Stand Still“ – E o Coral é um conjunto de ondas de voz que soam em equilíbrio e harmonia, assim como o oceano.
Entrando mais fundo, nos corais, é possível encontrar uma variedade de formas de vida. Por isso, em cada faixa, pelo menos na maioria, o coral toma a sua forma e tem sua extrema importância dentro do EP.
Retomando a letra, Zin se compara a um Tsunami, varrendo a hipocrisia dos artistas que dizem ser verdadeiros, erguendo bandeiras, sustentando ideias e ideais rasos. Os famigerados que “falam, mas não fazem”. Além disso têm a audácia de erguer o punho e gritar um discurso vazio e morno…
“São cores que afundaram”
E se o Tsunami não pegar, a morte irá. Então o personagem grita: Não foquem nos prêmios e parem de tentar forçar algo que vocês não são. Ao dizer que se sente um Frank Ocean, Rodrigo mostra que é um artista completo, diferente e com um olhar mais poético, disposto a quebrar barreiras.
Ouça o disco em sua plataforma preferida ou baixe o disco para ouvir onde quiser, clique aqui.
Essa é a primeira parte, de uma série de 5 matérias que o RND produziu para contar em detalhes um pouco mais sobre o primeiro lançamento oficial de Rodrigo Zin.