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FBC surpreende o rap nacional com ações de marketing voltadas ao ‘S.C.A.’

Nas plataformas de streaming, segundo o artista, o álbum já chegou a mais de 1 milhão de execuções e segue crescendo.

Se você ainda não recebeu uma mensagem de Fabrício (FBC) dizendo “Ouça meu álbum”, se considere alguém perdido na internet. Se até o Papa Francisco obteve essa graça, você também precisa conhecer esse “manin”. “Sexo, Cocaína e Assassinatos” (S.C.A.) balançou o Rap Nacional e não só musicalmente. O disco, lançado em outubro, conquistou milhares de ouvintes. Busquei alguns dados em ferramentas de monitoramento para que as pessoas consigam entender o impacto causado por FBC de outubro até agora, além disso, trocamos uma ideia sobre.

Nas plataformas de streaming, segundo o artista, o álbum já chegou a mais de 1 milhão de execuções e segue crescendo. Sabemos que sem suporte é bem difícil conseguir o alcance preciso nos veículos de comunicação, por isso, se faz necessária a assessoria de imprensa e mesmo sendo algo útil, FBC conseguiu provar que ele, em partes, ficou fora dessa “estatística”, já que desenvolveu a divulgação de seu disco de maneira única e eficiente, ele foi seu próprio assessor. Inicialmente, foi tirado como “chato” por causa do compartilhamento de links, começou de maneira simples, até que as pessoas abraçaram a causa e começaram a ajudar na divulgação. A partir disso, o “efeito FBC” tomou conta das redes sociais, do twitter principalmente.

Segundo o Social Bakers, FBC pode ser considerado um grande influenciador. No ranking, ele possui pontuação máxima (100). Abaixo, todas as analises que consegui fazer através de algumas ferramentas de monitoramento, como Trendsmap, Tweetreach, Google Trends, Keyhole, Twittonomy, Pluggio e o Social Bakers, claro. Todas as imagens estão legendadas e com os dados explicados de acordo com cada ferramenta e função.

De todas as ferramentas utilizadas, a melhor e mais especifica foi a Twittonomy, que trouxe uma analise completa de dados do twitter. Decidi focar no twitter porque foi a rede social mais utilizada pelo artista na divulgação do S.C.A., no pré, durante e no pós lançamento.

“S.C.A.” é um disco afiado, que traz debates importantes, além dos desabafos e desejos de FBC e nos mostra o motivo das pessoas se encontraram nas suas linhas. Digo por experiência pessoal e familiar, especificamente com a música “17 anos”. A abordagem, a similaridade e identificação, os instrumentais, os samples (muito bem escolhidos, por sinal), a técnica e as referências, fazem desse álbum um trabalho único e me dão certeza que será lembrado como um marco na cena no ano de 2018. Precisa ser dichavado a fundo, daqueles que se senta para fazer fichamento. Ouçam e estudem SCA.

Esse álbum foi um acaso. No começo, seria um EP com cinco faixas, mas, segundo FBC, dentro do estúdio as músicas foram acontecendo. “A primeira a ser gravada foi sexo, cocaína e assassinatos, a última foi Itinerário de Io. Foram nove meses de trabalho, investi tudo o que eu tinha. Pelo resultado e aceitação do público, está valendo a pena até aqui”. O MC conta que não pensou no que queria passar as através do álbum, apenas nas coisas que precisava por para fora.

Até o Papa!

O rapper mineiro tem se mostrado cada vez mais forte e com SCA, escancarou. Foi algo como, “Ei, estamos aqui”, e fez, mais uma vez, que o foco saísse do eixo RJ-SP, tal como Diomedes Chinaski e Diogo (Baco) fizeram com “Sulicídio”, mostrando que no Nordeste tem rap, tal como Djonga, Clara Lima e a finada DV Tribo, a qual FBC fez parte, fizeram, tal como Delatorvi tem feito, mas cada um a seu modo, sem comparações. Ele se quer imaginava que as divulgações em torno do disco fossem dar certo, foi algo que pensou do nada.

“Não sabia de nada, o não já era certo e eu tinha que tentar […] Tirando o copia e cola, não pensei em estratégia nenhuma. Nas primeiras semanas, por causa dos números baixos do álbum, eu quis fazer uma divulgação mais próxima das pessoas e comecei a divulgar em todos os lugares, mas foi mais como um desespero mesmo. Não é que deu certo?”, conta o artista.

FBC chegou na humildade, no sapatinho, comendo quieto, como bom mineiro que é, e conquistou todo o Brasil, bem espontâneo e zoeiro, sem deixar seu jeito crítico de lado. Começou divulgando sem pretensão nenhuma, pensou em algo “do nada” e fluiu de uma maneira que nem ele imaginava. Ele valoriza cada mensagem positiva em torno de seu trabalho, sabe o valor que o hip-hop tem na sua vida e diz que ele o salvou, bem como ao Djonga, Coyote, Léo, Paulão e demais amigos.

Não pense que ele ficou preso a divulgação “online”, o MC foi para as ruas divulgar o SCA. Têm vários vídeos dele trocando ideia com pessoas desconhecidas e dando o papo, “Ei, ouça meu álbum”. Para ele, o público mais próximo fez o hype em torno do disco. “Eu sempre fui próximo do meu público. Eles me acompanham, conversam comigo todos os dias e eu com eles, daí virou meme e você sabe, um meme da hora e 80% do sucesso de qualquer campanha”, conta.

“Você já recebeu mensagem deste homem?”

Na quebrada onde ele reside, as pessoas já estavam no aguardo do disco, a divulgação foi um sucesso e Fabrício superou as expectativas. “Todo mundo ouviu e gostou. Nem precisei divulgar lá, eles já estavam esperando. Acho que vou voltar pro morro. Lá eu me sinto bem. Lá ninguém me esnoba. Falo do morro, não da ocupação”.

Aos 28 anos, ele é um dos maiores campeões do Duelo de MCs de Belo Horizonte e é conhecido e respeitado pela caminhada que tem, sempre esteve envolto a cultura, não só musicalmente, mas também na parte social. E explica a força disso para ele. “O bairro dos boys já tem tudo. Quem precisa do hip hop é a minha quebrada, a sua, a de varios manos (as). Seja em Minas Gerais ou Manaus, sei lá! Para mim, o hip-hop é o maior transformador social da história, nunca se educou tanto através da música”.

Uma das reclamações de alguns artistas da cena é sobre a dificuldade em divulgar o trabalho nas mídias de rap, principalmente aqueles que não contam com uma assessoria. FBC se incomodou porque acredita que algumas mídias boicotaram seu trabalho. “O lance é que todas as mídias em geral são brancas e vivem de hype para hipsters brancos que fazem da cultura uma propriedade intelectual deles. Salvo algumas mídias feitas por gente igual nós: Pobres, pretas, periféricas”, explica.

Sobre Assessoria de Imprensa, ele reconhece o valor e a importância do trabalho, mas acredita que a maior preocupação do MC deve ser com a música e não com e-mail, contratantes ou patrocinador, única afirmação a qual discordamos, em partes, porque penso que quanto mais o MC estiver envolvido e alinhado com o assessor ou produtor, maior a possibilidade de crescimento e aprendizado, claro, sem deixar de se preocupar com a música que faz.

Na noite de ontem (15), lançou o disco em São Paulo, no evento Tropical Trap, que teve apresentações de Bivolt, Diomedes e Djonga. No twitter, rolaram alguns vídeos do artista emocionado e os fãs cantando com ele. A esses mesmos fãs, ele pede que “Tenham Fé”. “Não duvide jamais de um sonho. Foda-se o que pensam ou dizem. Você vai conseguir tudo o que quer, acredite”, finaliza.

E se você chegou até aqui, preciso dizer: OUÇA S.C.A..