Para levantar um panorama do porque esse ano de 2017 foi tão importante para o Rap, é preciso apontar alguns acontecimentos. Se você é amante do Rap (rhythm and poetry), saiba que esse gosto musical é o mais ouvido em todo mundo, segundo uma pesquisa da Billboard em conjunto com o Spotify, 2017 foi o ano em que os números de plays passaram o tão famoso Rock’n Roll.
Conforme a plataforma, o rapper Drake quebrou o próprio recorde, que era de 1,8 bilhão no ano de 2016. Ao todo, ele já acumula 8,7 bilhões de streams (ouvintes) e é o artista mais ouvido da história do Spotify. No evento da Billboard, Chance The Rapper foi escolhido como revelação do ano – a última vez que um artista negro de hip hop venceu a categoria foi em 1999, com Lauryn Hill. O último lançamento, que se tornou a música mais ouvida da plataforma, também é um Rap, “Rockstar” de Post Malone feat. 21 Savage.
Toda essa influência acaba atingindo nossa cultura musical brasileira. Porém, passamos a viver novos tempos nesse estilo musical, sofremos muitas mudanças, tanto nas letras, quanto nas melodias, assim como ocorreu uma grande mudança no estilo de ouvintes, alcançando não apenas as comunidades, mas as classes econômicas mais altas. Esse processo que aconteceu rápido, fez com que outros públicos migrassem para o Rap, que não está mais falando apenas de protestos ou crimes, a quantidade de músicas de amor, por exemplo, cresceu muito.
O Brasil sofre muita influência dos americanos, seja nas batidas ou nas letras, a mais forte no momento, é a onda de Trap, que invadiu as redes, revelando nomes como Mc Igu e Jé Santiago, como tantos outros que também se aventuraram no estilo, como RZO ou Racionais Mc’s, mesmo começando no BoomBap.
O que nos deixa deslumbrado, é o crescimento que aconteceu esse ano, nos números, financeiramente, tanto para artistas como para produtores, muitos MC’s já estão conseguindo viver apenas da música, muitos produtores e beatmakers também. A quantidade de canais do YouTube, com mais de 1 milhão de views aumenta exponencialmente, os recursos para gravações e clipes, trazem oportunidades para quem está começando e para quem já é veterano na cena.
Canais como Rapbox e 1Kilo, trouxeram para o game, algo que estava apagado, os chamados Cyphers, a junção de vários MC’s na mesma música, que também, começou nos Estados Unidos, alguns anos atrás. Grupos como 3030 e o produtor casa1, trouxeram para nós, a cultura do Acústico, algo que se tornou uma das identidades brasileira, de como reproduzir o Rap, de uma maneira diferente, aplicando uma iconoclastia aos estrangeiros, e formando nossa própria imagem.
Mas a questão é que, quem achou que Rap no Brasil não está rendendo dinheiro, está enganado, convenhamos que o grande acumulo, vem com o tempo, e de muito trabalho e investimento, mas com nosso recurso que chamamos de internet, ficou muito mais fácil, fazer com que sua música chegue ao público que deseja, transformando público em shows, dinheiro em projetos. Seja cantando sobre drogas, mulheres, amores, ódio, revoluções, os números apontam que tem ouvintes para todos os estilos.
É muita ingenuidade, dizer que nosso amado estilo está perdendo sua essência, ela está apenas se reciclando, novas gerações estão surgindo, e novas gerações irão surgir, mas a poesia dentro do estilo jamais deixara de existir, isso é a maravilha da música, a diversidade, esperamos que os próximos anos sejam tão gratificantes para o Rap, como foi 2017, a nova geração de MC’s, está vindo, sem medo de se expor e falar o que bem entende, a confiança faz parte desses músicos.