Nesta sexta-feira (07), os rappers Emicida e Lakers (Código Fatal), lançaram o remix da música “Minha Vida“.
“Minha Vida” foi lançada inicialmente pelo grupo Código Fatal, em 2005, no CD “Sonhar Não Custa“, se tornando um dos Raps mais nostálgicos de hoje.
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https://www.youtube.com/watch?v=TpLLYucQqww
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Emicida resolveu fazer uma releitura da música e ai esta ela, gravado junto com Lakers, líder do Código Fatal. A música é uma espécie de áudio biográfico, assim como sua versão original.
O rapper do Cachoeirinha também fez questão de escrever uma carta aberta sobre a música e o Lakers, confira abaixo do clipe.
O clipe tem direção de Emicida, a gravação e mixagem são de Rodrigo Tuchê.
[su_spoiler title=”Carta aberta de Emicida” style=”fancy” icon=”plus-square-1″]
“O rap brasileiro é uma constelação imensa, muitas estrelas brilham nesse contexto e infelizmente algumas são muito menos reconhecidas do que merecem. É triste, mas é nossa realidade. É um fluxo ingrato em que muito se compartilha e pouco se recebe em troca.
Sempre reflito sobre quantos artistas nos inspiraram e as guinadas que a vida, o mercado e a indústria dão acabam nos fazendo entender menos o mar em que navegamos. A gente tá tudo nas cadeiras giratórias, diria meu finado avô Seu Marciano.
Mudar a história é pra poucos, uns poucos corajosos que odeiam tanto o modus operandi da coisa que acabam fazendo de suas vidas um detalhe dentro de suas causas. Hip Hop é isso, Rap é isso, Rap brasileiro é isso pra caralho. Tudo se baseia em gratidão, tipo candomblé, oferendas e bênçãos. Trocas entre iguais. Divindades e humanos, cada um em uma ponta da linha, unidos pela gratidão. Eu acho que Hip Hop é isso.
Quando eu era adolescente, com meus amigos, era mais difícil ser do hip hop. Dizer que ouvia Facção Central, Consciência Humana ou RZO era quase que o equivalente a dizer “roubei um carro”.
Era muito distorcida a imagem de nossa cultura, algumas poucas coisas mudaram, outras ainda precisam mudar, mas sempre me lembro de um episódio que para nóiz, na adolescência, foi mágico. Não haviam redes sociais, era praticamente impossível encontrar com os artistas que eram nossos ídolos.
Todo mundo estava no corre e alguns poucos de nóiz saiam do bairro. Admirávamos todos os artistas pelas fitas K7 que alguém trazia, por uma revista que saía com alguma reportagem sobre rap… assim íamos nutrindo nosso amor pela cultura.
Entre os vários monstros que o hip hop nacional possui, um que estava ali pertinho da gente era o Lakers, do Código Fatal. Ele, o BA e o Bola fizeram um arregaço na cena com seu estilo e forma.
Os caras que a gente viu “sair do rádio”. De repente, aqueles manos que passavam no corre sempre ali na nossa frente, na nossa quebrada, estavam fazendo um som com vários monstros que a gente admirava. Tudo era tão distante e aquele dia deixou de ser. A vitória do Código Fatal era a nossa vitória, a força da sugestão, a possibilidade.
Fãs, enchemos o saco do Lakers pedindo CDs e pôsteres (alguns dizem, bem-humorados, que esse é o preço que se deve pagar), fomos a shows, tivemos a honra de tocar nos mesmos eventos que eles algumas vezes, tudo histórico pra mim. Um sonho.
Uma das coisas mais fodas que o Eminem já disse foi sobre a parceria dele com Dr. Dre. Ele falou que achava que cada fã preto dele era um equivalente a cada fã branco que o Dr. Dre tinha por esse mundo. É um raciocínio interessante. Quando decidi chamar o Lakers e pedir autorização para tocar nessa obra que é uma das mais lindas da discografia do Código, eu quis agradecer, começar agradecendo.
Não sei se haveria Emicida hoje se eu não tivesse visto o Lakers na minha quebrada pra cima e pra baixo há 15 anos, realmente não sei. O cenário mudou, como tudo mudou. Hoje sou um grande artista dentro de meu segmento, mas acho que estar aqui só tem valor se eu puder me manter livre pra compartilhar com os olhos que me acompanham a beleza da obra dos que foram minhas referências. Enfim, pra mim, no alto de meus 29 anos, hoje tudo é gratidão.”
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