Salve amantes do Rap, sejam bem vindos a mais um post da coluna Elas do RND, depois do sucesso da entrevista com Donna Liu, dessa vez nossa colunista Raízza Prudêncio, bate um papo com a rapper Zaika, sem mais delongas vamos a entrevista.
Por Raízza Prudêncio
RND: De onde você é, quantos anos você tem,e em que cidade você esta atuando?
Então nasci no aglomerado da Serra em Belo Horizonte e morei lá por um tempo o que influenciou bastante o meu trabalho, hoje sou residente da região metropolitana de Minas Gerais, atualmente moro em na cidade de Contagem, que é a região mais industrial de Minas.Tenho 25 anos.E atuo fortemente em Minas Gerais há 14 anos , nos ultimos 3 anos começei a circular fora de minas também, pois o trabalho expandiu bastante com a divulgação pela internet que partiu de amigos conhecidos e do coletivo de intervenção urbana que eu fazia parte.
RND: Conte-nos um pouco sobre a sua trajetória.
Bom Raizza , minha correria vêm de berço, nasci no meio musical, minha era cantora de música popular brasileira e engravidou cedo e desde da barriga dela que acompanhava o trabalho dela : estúdio , ensaios , show e etcs. E tudo isso me influencio bastante, grande parte do meu conhecimento musical vêm dela.
Quando fiz 10 anos de idade comecei a escrever e cantar , como já era envolvida com o HIP HOP através da dança , pois eu era B.Girl e naquela vontade de aprender um pouco de tudo sobre a cultura (rs) comecei a rimar também e sempre fui apaixonada com música jamaicana.
E no decorrer desse processo ainda na minha adolescência aconteceu um fato que despertou bastante meu olhar pro contexto e o conteúdo das rimas. Fui discriminada na escola pela minha professora ,e isso fez uma reviravolta no meu fazer artístico, pois senti a necessidade de desabafar meus pontos de vista sobre questões de gênero e etnia.Então participava de alguns grupos de estudos e cantava com alguns grupos de rap em Minas Gerais.
Em 2005 criei junto com a Aline Cecília e a Alice Gonçalves, o grupo de rap Ideologia Feminina, nossa idéia era : um grupo feminino que não falava só de questões femininas.Ai em 2006 nos inscrevemos em um festival em Minas Gerais chamado Hip Hop Inconcert , que foi a maior apresentação do grupo , ganhamos o festival e daí em diante partimos pra proposta de amadurecer nossas idéias ,pq éramos muito novas (rs). Lançamos um Ep virtual chamado Memórias , e nos inscrevemos pro Hutuz de 2008, onde tivemos a surpresa de ter conseguido ficar entre as 5 indicadas como Demo feminina, ( foi legal representar minas) ecom tempo o grupo acabou e cada uma seguiu seu caminnho , eu continuei com a música .
Ai em 2009 comecei dois processos sonoros ao mesmo tempo, entrei pra um grupo de Soundsystem que se chama Lealsoundsystem (onde trabalha com as vertentes eletrônicas da música jamaicana ) e a gravar meu primeiro EP solo de rap na Produto Novo (Produto Tosco – hoje Produto Novo – nasceu em meados de 2005, a fim de tornar acessível a produção musical e audiovisual de baixo custo ou, sem nenhum orçamento. A base é a colaboração e possibilidade de trocas de favores.) com um amigo e o parceiro que mais me fortalece nessa correria musical o Clebin Quirino e estou finalizando pra lançar esse ano (sem pressa) .
Em 2011 entrei pra banda onde o Clebin Quirino também canta e faz mais um tanto de coisa, a banda se chama Coletivo Dinamite, a primeira vez que vi eles tocarem me apaixonei pela massa sonora , denominar a banda sempre é complicado pq o som é muito misto , eu gosto de chamar de Farofa musical(rs). E tô ai fazendo essas coisa todas!
RND: Como foi o processo de se afirmar enquanto cantora/rapper?
Canto , rimo e sou toaster de Soundsystem, que é um estilo de se cantar reggae com rimas mais faladas do que cantadas.
Bom afirmar tudo isso é uma correria só!O processo é árduo,trabalho e complexo.
Minha mente muito inquieta quanto as possibilidades de se burlar formas convencionais e comuns de se auto-representar ou auto-afirmar.
Existem muitas possibilidades sonoras , formas ideológicas distintas de cada expressão sonora e representativa. Não consigo limitar só em rimar , nem só cantar e nem ser só uma toaster . Eu gosto muito de misturar idéias , texturas, formas e pensamentos . Então foi um processo delicado de se tornar entendível .
Ao mesmo tempo em que acho que este processo ainda está acontecendo.
Não corro atrás de um grande reconhecimento e de afirmar formas, sempre corri e corro atrás de fazer o que acho importante : levar mensagens conscientes e positivas, é isso que motiva minha afirmação, ela vir naturalmente e acompanhar o processo de amadurecimento da correria.
O que também bate nas convenções comuns de ser mulher, fazer musica e lidar com situações preconceituosas e conflitantes, mais nada impossível de se contornar com idéias coerentes , positivas e o silêncio.
RND: Interessante, como o silêncio na sua opinião pode contornas as adversidades?
Pratica. O movimento na maioria das vezes é mais importante que o embate ou espontaneamente se torna outra forma de embate. Praticar sempre nos leva há resultados, os resultados nos levam as reflexões e isso também muda o olhar.
O silêncio é uma forma de dialogo!
Subverter o ver pra crer é bom também. Existem outras formas de se embater idéias as possibilidades de dialogo são muito amplas e nem sempre cabem só no ato de se falar ou se auto –representar.
Então praticar também responde as adversidades. (pelo menos comigo é assim)
Teve uma época que lidar com essa escolha me trouxe muitas reflexões e inquietações, acabei escrevendo uma música que se chama : Silêncio Ensurdecedor .
A música têm 2 versões uma em dubstep ( com Lealsoundsystem e o Dubalizer , fizemos uma sessão livre) e outra em rapcore dub (rs) ( com Coletivo Dinamite)
[youtuber youtube=’http://www.youtube.com/watch?v=VuKYZN6Ljh4′]
RND: O single do seu novo trabalho se chama Desabafo,como foi o processo de escolha e produção dessa música como carro-chefe do seu próximo lançamento?
Bom a música desabafo é o tema do EP que lanço este ano (se deus quiser, mais sem pressa) .
Em 2009 comecei esse processo em conjunto com o Clebin Quirino , que me fez a proposta de gravar na sua produtora independe,há Produto Novo . Quando conheci a produtora dele me apaixonei , pelo processo de produção , forma pratica a utilização do escambo como meio de condução e,as produções sonoras que misturam diversas influências musicais sem medo e a localização(No Jardim Vitória mais conhecido como Poca oi) .
E ai começamos os registros sonoros, de tanto que desabafei nesses registros e isso se tornou um ponto importante para o processo, acabou que demos este nome para o EP.
Todas as produções sonoras vêm com a forma mista da Produto Novo ,o que me deixou bastante livre pois cruzamos muitas referências musicais.E como o processo foi longo construímos e reconstruindo as músicas até chegar numa forma que dialoga com o Hip Hop e mistura outras linguagens sonoras.Também trabalhamos com a construção de flow e formas diversas de se rimar, cantar ou declamar na intenção de ter singularidades coletivas .
Agora estamos trabalhando a finalização e o lançamento de forma independente.
[su_button url=”small” link=”http://104.248.15.2.br/2013/03/zaika-dos-santos-desabafo-single.html” target=”blank” ]Baixe aqui a musica “Desabafo”[/button]
RND: Desde já agradeço a entrevista e gostaria de saber quais são seus planos pro futuro e o que você espera conquistar com o seu trabalho.
Bom estou trabalhando outro EP com o dialogo sonoro voltado pra vertente da música de Soundsystem (Dub, Dubstep, Jungle, Ragga,Dancehall entre outras linguagens sonoras) e também construindo coletivamente um grupo que potencializa a expansão desta linguagem nos aglomerados ,áreas centrais e decentralizadas de Minas Gerais, o coletivo se chama Circuito Soundsystem.
[button color=”black” size=”small” link=”http://www.facebook.com/pages/Circuito-SoundSystem/403483099708543?ref=ts&fref=ts” target=”blank” ]Circuito Soundsystem[/button]
Estudo muito sobre a Soundsystem e sou super apaixonada com essa vertente sonora. Esse ano abrindo os trabalhos estou divulgando um novo single, em Dubstep, que foi produzido pelo Wagner Bagão (Dubalizer )e e têm os Scratchs do Felipe Silva do (Fya Sounds) , as duas bandas são de São Paulo, o lançamento foi no inicio de fevereiro, via soundclound e com download gratuito, se chama : O Que é o amor?
[button color=”black” size=”medium” link=”http://www.facebook.com/pages/Dubalizer/112706658807844?ref=ts&fref=ts” target=”blank” ]Dubalizer[/button][button color=”black” size=”medium” link=”http://www.facebook.com/DJFYASOUNDOFICIAL?ref=ts&fref=ts” target=”blank” ]Fya Sound[/button]
Lançamos no intuito de divulgar e fortalecer mais o cenário nacional da cultura dos graves e firmar essa diversidade sonora em Minas também. Continuar também o trabalho com o Coletivo Dinamite, esse ano pretendemos gravar mais um CD e estamos divulgando o primeiro através de videoclips pra web e shows .
Clip da música Etnocêntrico
Além dessas correrias quero continuar disponibilizando as músicas gratuitamente pela web e propagar a mensagem de forma positiva. Ao mesmo tempo quero viver a vida tranquilamente trabalhando com música ou com o que tiver de trabalhar. Quero continuar essa caminhada dá forma mais pé no chão possível (rs) , as vezes me embolo porque é muita coisa pra fazer mais ta rolando(rs) . Acho o fazer artístico um nobre ato de exteriorizar energias , e isso é muito bom me deixa bastante feliz, mais não me difere de ser um ser humano comum, então quero continuar seguindo este corre com tranqüilidade e mantendo sempre a VIBE POSITIVA humildemente.
[button color=”black” size=”medium” link=”http://facebook.com/ZaikaOficial” target=”blank” ]Facebook Zaika[/button][button color=”black” size=”medium” link=”http://zaikadossantos.tnb.art.br/” target=”blank” ]Site Zaika[/button][button color=”black” size=”medium” link=”http://www.youtube.com /ZaikaSantos” target=”blank” ]Youtube Zaika[/button]