Esse mês, nossa colunista entrevistou a cineasta Sabrina Fidalgo, que esta em processo de captação de recursos para o filme Rio Cidade do Funk. Ela pertence ao rol dos novos diretores que estão discutindo e produzindo questões relacionadas aos negros e suas vivências. Leia a entrevista:
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RND: Bom Sabrina, gostaria de iniciar nossa conversa com você nos contando como começou sua como cineasta?
Sabrina: Eu sempre quis fazer cinema, mas comecei cedo fazendo teatro e passei para o curso de Artes Cênicas na Uni-Rio. Quando me mudei para a Alemanha e passei a frequentar a Escola de TV e Cinema de Munique e trabalhar em produções da escola em diferentes funções, fazendo de tudo um pouco e logo depois comecei a fazer meus primeiros curtas. O primeiro deles foi produzido em 2006 pelo portal inglês de musica eletrônica “Clubbity” que viabilizou a produção de um curta-documentario sobre o Festival Sonar de Musica eletrônica, em Barcelona, na Espanha.
RND: Como surgiu a ideia do filme Black Berlim? De onde nasceu a relação da Alemanha com os negros?
Sabrina: Eu morava em Berlim na época e ja estava me preparando para voltar ao Brasil depois de 7 anos vivendo fora. A idéia surgiu numa noite e decidi contar a historia dos diferentes tratamentos dados a imigrantes e, ao mesmo tempo, falar sobre conflitos envolvendo homens negros brasileiros na realidade alemã.
[su_spoiler title=”Sinopse de Black Berlim” state=”close”]Nélson (Bobby Gomes) é um jovem estudante de engenharia na universidade de Berlim. Ele leva uma vida dedicada aos prazeres, bem distante do que prega suas raízes. Sua vida muda quando passa a se encontrar com Maria (Sabrina Fidalgo), uma imigrante ilegal do Senegal. A partir de então ele passa a ter visões de personagens estereotipados, de um passado que ele gostaria de esquecer.
Curiosidades:
É o 3º curta dirigido por Sabrina Fidalgo. Os anteriores foram Sónar 2006 – Special Report (2006) e Das Gesetz des Stärkeren (2007);- Foi rodado em Berlim e no Rio de Janeiro, onde contou com atores do grupo Nós do Morro.
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RND: Como você vê a necessidade de festivais e a construção de Cinema Negro , ao invés de um Cinema Brasileiro?
Sabrina: Os festivais são imprescindíveis para o cinema em geral e, principalmente, para os cineastas independentes. Muitos filmes não tem distribuição, portanto os festivais e mostras são janelas importantes para a exibição dos trabalhos.
Particularmente eu me interesso pela construção do cinema brasileiro como um todo e pela possibilidade desse cinema ser feito por pessoas de todas as faixas sociais, cores e gêneros.
RND: Você consegue visualizar perspectivas de interação entre essas produções?
Sabrina: Eu vejo interação entre o cinema como um todo. Não importa de onde e como. Um filme do Jefferson De pode muito bem dialogar com um filme da Juliana Rojas, por exemplo. Eu vejo com otimismo as perspectivas boas para a nova safra de cineastas brasileiros.
RND: Ao Longo de sua carreira, como você analisa a evolução do papel do negro no Cinema Brasileiro?
Sabrina: Vejo de forma positiva. A representação do negro, que antes era o arquétipo de uma visão romantizada da pobreza de “Orfeu Negro” ou de comédias da Atlântida com Grande Otelo e que depois passou pelo Cinema Novo, passou do objeto para o sujeito com o surgimento de nomes importantes do cinema autoral como o ja citado Jefferson de São Paulo, os meninos de Minas, André Novais e Gabriel Martins e aqui no Rio uma galera como o Luciano Vidigal e Wagner Novais, so para citar alguns. É importante que hoje a gente possa fazer os nossos filmes do jeito que a gente quer fazer, contando as historias que queremos contar e sob o nosso ponto de vista.
RND: Como esta sendo a produção do seu filme Rio Cidade do Funk?
Sabrina: Rio Cidade do Funk é um projeto grande em parceria com a Diler & Associados. E por ser um projeto grande necessita de fomento. Estamos captando recursos para finalizarmos a produção e espero que seja em breve!
Trata-se de um inventario audiovisual sobre a historia dos funks e dos bailes desde os tempos oriundos com o surgimento dos bailes da black rio até a explosão global.
RND: Quais são os seus filmes favoritos?
Sabrina: Difícil elencar, pois são muitos ; “Blade Runner” de Ridley Scott, “Crooklyn” e “Mais E Melhores Blues” do Spike Lee, “Maus Habitos” e “Mulheres A Beira De Um Ataque De Nervos” do Almodovar, “Deus E O Diabo Na Terra Do Sol” de Glauber Rocha, “All That Jazz” do Bob Fosse, “Accatone” e “As 1001 Noites” de Pier Paolo Pasolini, “Cidade de Deus” de Fernando Meirelles, “Pulp Fiction” e “Jackie Brown” do Tarantino, “Amarcord” do Fellini entre muitos outros.
RND: Deixo um espaço aberto para que você dizer mais alguma questão que gostaria.
Sabrina: No momento acabamos de fazer a pré-estreia no Cine Odeon do meu quinto curta, “Personal Vivator”, uma co-produção entre a Fidalgo Produções e a Cavideo. É uma ficção-cientifica com o Fabricio Boliveira sobre as relações sociais no Rio.
[su_spoiler title=”Sinopse de Personal Vivator” state=”close”]“Personal Vivator” é o novo filme de curta-metragem escrito, dirigido e produzido por Sabrina Fidalgo e protagonizado pelo ator Fabricio Boliveira (foto acima). “Personal Vivator” é uma ficção-cientifica que contarah a historia do ser extra-terrestre Rutger (Fabricio Boliveira), que recebe a missão de ir a Terra pesquisar o comportamento humano. Para evitar qualquer suspeita ele se disfarça de “documentarista” e escolhe o Rio de Janeiro para iniciar a sua pesquisa.
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Abraços!
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