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Visceralidade, sentimento e verdade marcam o lançamento ‘Soma ou Some’ do carioca Ducon em parceria com o ADL

O visceral processo criativo de uma música realista!

Na última quarta-feira, dia 1, saiu pela Pineapple Storm, a mesma produtora de “Poetas no Topo”, o lançamento do single acompanhado de clipe — e que clipe diga-se de passagem —“Soma ou some” de autoria do carioca Ducon em parceria com os meninos do ADL, de Teresópolis, e beat do Disstinto.

A parceria é recente mas a caminhada deles não. Como a gente já contou um pouco no lançamento de ​”Terror Nenhum”,​ o ADL ta no corre a uns 10 anos e criou uma cena praticamente do zero em Teresópolis falando o que precisa ser falado. O Ducon vem se dedicando ao rap a 11, quase 12 anos também, desde criança a identificação com os beats de funk e rap foi um bagulho meio visceral. Quando os anos foram acumulando conhecimento, fazer rap era o futuro natural, como ele gosta de chamar. Conheceu os caras da Freguesia, começou a fazer parte do coletivo Universos Urbanos, onde fez sua escola, foi mc de batalha, enfrentou perreco e teve que ficar afastado, e a dois anos tá de volta renascendo e fazendo o que sabe fazer de melhor, com naturalidade.

Nesses anos todos obviamente o caminho deles acabou se cruzando em eventos e afins, mas ficou pequeno mesmo na produção de “Favela Vive 1“, lá no Rio. O Ducon, fechado com a Pineapple Storm, que era uma das patrocinadoras, e próximo de representantes da Esfinge, que era a gravadora, acabou fortalecendo na amizade a carona de carro pra galera conseguir gravar e aí teve esse contato com o Lord e o Dk. A partir daí a aproximação e parceria só aconteceram. Em um primeiro momento o beat era de responsabilidade de um mano lá do Rio, mas acabou nao batendo, era um sample meio comum e nao agradou os caras. Quando foi rolar o “Poetas no Topo 2” rolou a famosa votação pelo grupo do What’s app pra decidir qual dos beats do Disstinto iam entrar no feat. De cara o Ducon chapou nesse, mas no fim acabou não sendo o mais votado, na hora ele avisou o Disstinto que era pra ele guardar por que ele achava que ia encaixar no projeto de som com o ADL.

E foi na mosca, assim que ele mandou a guia da parte dele, o refrão e o beat o Lord e o Dk já se identificaram muito. Não teve nenhum tema pré determinado mas a identificação foi tanta que parece que os caras estavam juntos no estúdio escrevendo, mas não. “O nome do som era Soma ou Some mas se você parar pra ver a letra tem esse lado, da pessoa fortalecer ou não, o papo meio pra aquela galera interesseira, mas tem também uma história de vida né. Eu falei do meu irmão que faleceu, o Dk falou do pai dele, o Lord também fala dos coroa dele. É foda, eu to falando muito isso de que foi natural, mas realmente foi uma parada de Deus, no final parece que a gente sentou tudo no estúdio e escreveu junto mas não foi assim, foi uma parada de sentimento mesmo, a tal da magia do hip hop”, explicou Ducon.

Quis saber do Dk como é sempre trazer essa referência da família e a questão da responsabilidade nas linhas que ele compõe e a resposta foi incrível: “Eu vejo até como uma deficiência, sério mesmo, sem falsa modéstia, porque tipo, eu queria ser um mc versátil, mas toda vez que eu vou escrever uma musica eu tenho que falar de alguma coisa que eu me sinta seguro, então é da minha família, eles são toda minha influência. O Manuel de Barros fala que a gente escreve a vida inteira sobre a nossa infância e é algo que eu acho certo, a infância é a parte da vida que você tá aprendendo as coisas, né?! E nas minhas musicas eu falo das coisas que eu aprendi na vida e a maioria das coisas foi com a minha mãe”. No fim o Dk percebeu que não se tornava repetitivo por que é sincero e por que aproxima uma parte muito grande da população que vive num mesmo contexto.

O Lord traz isso também, obvio que essa identificação não é algo previamente intencional, só é fruto de muita verdade e retribui em respeito e gratidão. “O que me inspirou a principio foi ter passado tudo que eu passei, sangrado tudo que eu sangrei e hoje poder estar sendo visto por pessoas que talvez passem a mesma coisa, ter largado tudo pra fazer rap é um investimento onde nem sempre se tem retorno financeiro, mas o retorno em respeito sempre vem. E é aquilo, eu fiz as minhas escolhas, não fui vítima não. Quando eu escrevi eu falei pro Ducon ‘mano fazia tempo que eu não escrevia uma parada assim com tanta verdade’. Embora muitas pessoas não entendam, achem que você tá sendo técnico, e flow, não mano ali existe uma visceralidade”, explicou.

Nós agradecemos a sinceridade e a dose de verdade e responsabilidade que esses manos distribuem toda vez que tão com o mic na mão. No próximo mês tem mais lançamento do ADL, e nos próximos seis meses muita coisa do Ducon, inclusive um EP no fim do ano. A gente não perde por esperar.