Por Victor Costa
Riqueza de verdade é compartilhar. Num mundo repleto de interesses, ganância, luxúria e todas as tentações possíveis, Diomedes Chinaski almeja uma vida melhor para si mesmo e o povo que representa na mixtape Comunista Rico, lançada no final de junho. Desde o início do ano vivendo em São Paulo, o MC pernambucano é um dos expoentes do rap nacional desta década.
A mudança de cidade marca a nova fase da carreira do artista, que saiu da produtora PE Squad para a Aqualtune Produções, que assinou a produção executiva do último projeto de Diomedes com uma equipe composta por mulheres negras de periferia, Tássia Seabra e Lenne Ferreira, que tem como objetivo profissionalizar artistas independente de periferia.
A ascensão meteórica que levou o MC a se transferir para a maior capital do país é o principal combustível para que tenha conquistas ainda maiores, pois mais difícil que estar no topo é manter-se nele. E Comunista Rico é o prólogo desta trajetória.
O projeto é uma mistura de trap, funk, brega e manguebeat, com destaque para a faixa-título Comunista Rico e Camisa 10, que ganharam videoclipes produzidos impecavelmente pela Balcão Filmes. Ambas as canções exprimem o conceito da mixtape de buscar grandes conquistas e obter riqueza material, mas sem esquecer de honrar suas origens.
A obra tem diversas participações, tanto de intérpretes quanto de produtores musicais. As vozes de Coruja BC1, Djonga, Don L, Felp22 (Cacife Clandestino), Jovem Esco, Luiz Lins, Makalister, Nego Max, A Orquestra Imaginária, Raffa Moreira, Síntese e Zaca de Chagas complementaram o disco com maestria. O time de beatmakers é composto por Dario Beats, HTTP, JNR Beats, Luiz Lins, M2K, Makalister, Mazilli, A Orquestra Imaginária, Will Diamond e Willsbife. A mixagem e masterização foram realizadas por Locaut.
Chinaski, que não esconde de ninguém suas ideologias políticas, é um militante convicto. O engajamento é tão intenso que em setembro o rapper lançou Disscanse em Paz, canção que se opõe às idéias propagadas por Jair Bolsonaro. Para ele, o país precisa de uma liderança jovem, influente e carismática.
“Meu sonho é que nasça um líder de esquerda com um carisma jovem, só que radical, um Marighella de Iphone. Roupas jovens, conhecimento empírico e teórico, que faça jovens como ele perceberem o nosso problema e classes“.
Disposto a fazer ainda mais sucesso, o rapper é categórico: vai lançar o primeiro disco muito em breve e avisa aos concorrentes que não terão moleza. Os fãs do Aprendiz, como também é conhecido, podem esperar por uma série de novidades.
“Pretendo lançar um álbum no fim do ano ou no começo do ano que vem. Eu vim de baixo, não posso me dar ao luxo de dar descanso a esses rappers da minha geração. E a única forma que posso competir com eles é através de projetos sólidos”.
Diomedes Chinaski é o nome artístico de João Victor de Souza Passos, nascido em Paulista (PE). A alcunha é uma fusão de dois personagens literários: Diomedes, criado por Lourenço Mutarelli, e Henry Chinaski, protagonista de diversos romances do escritor Charles Bukowski. O rapper tornou-se conhecido nacionalmente após o lançamento de “Sulicídio”, música produzida em conjunto com Baco Exu do Blues, Mazilli e Sly. Experiente no cenário do hip-hop, começou a caminhada em 2009 com o coletivo Chave Mestra.