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Do Vale até a Metropole, ‘Opera do Pirata’ é o novo disco de Barba Negra em Colaboração com o produtor Sala 70

O Disco “Ópera do Pirata” é uma colaboração entre o Mc Barba Negra e o produtor Sala 70. Tendo seu lançamento definitivo no dia 22 de novembro, o projeto conta com 7 faixas das quais todas possuem clipe disponível no canal “Colmeia Golden Era”, do Youtube.  O registro visual é assinado por Jean Furquim, enquanto a captação e mixagem ficam por conta do Capitão Diego Xavier, através do Estudio Wasabi, e a masterização leva as mãos de Rato.

Com pouco menos de 20 minutos, o disco traz uma sonoridade orgânica através dos samples, onde existe uma preocupação de pouco manuseá-los, a fim de apresentar uma maior fidelidade ao que foi encontrado nos discos, trazendo assim uma das características mais marcantes do projeto; a sinceridade. Sem muita interferência para não afetar o loop. Com a simplicidade por parte da produção há um maior foco para as rimas, que vão direto ao ponto.

A ideia de “loop” circunda a obra, sendo definida pelos artistas como “a história do pirata, fazendo uma ligação entre a sagacidade do espírito antepassado (o Barba Negra original); e a saga atual do rapper homônimo.”, e aparece já na primeira faixa do projeto “…e o pirata volta”.

Para entender melhor o conceito de loop, falemos sobre o Eterno Retorno, uma das ideias mais assombrosas de Friedrich Nietzsche. É um conceito filosófico onde é falado sobre a repetição dos ciclos da vida. É como se algo tivesse de ser destruído para que se reconstrua e volte a se destruir, trilhando o mesmo caminho. Como se uma mão sempre virasse a ampulheta e cada grão obedecesse a mesma ordem, a mesma sequência de queda. O símbolo do Eterno Retorno é o Oroboro, uma serpente que engole a própria cauda, formando um círculo que representa a vida. Sendo assim, o ciclo nunca termina, começando sempre de novo e de novo, e daí vem a ideia de loop. O ato de loopar é de extrema importância para o rap em geral, já que a partir do loop (um trecho de música colocado de forma com que se repita) são feitas as batidas.

Voltando para o visual, é importante lembrar a importância dos clipes para uma melhor experiência acerca do trabalho, uma vez que dão toda uma atmosfera para o projeto, como podemos ver na primeira faixa, onde o Pirata volta, retornando diretamente das águas. Logo após, em Apolo IV, Barba Negra aparece em uma loja de vinis discorrendo sobre o rap e a cultura. Vale ressaltar que o disco respira Hip-Hop e isso fica explicito na faixa Loop Monstro 07, onde há o grafite, o b-boy e também os clássicos riscos, que ficam por conta de DJ Dedé 3D, que soma na faixa junto a Killa Bi e Tunza, que aparecem mais de uma vez no projeto.

O disco é acima de tudo, composto por muito papo reto, referências esotéricas, influências por parte do rap e ainda há também questionamentos políticos, sem esquecer a trajetória, a história, que ganha o desfecho na última faixa do disco, Á Opera do Pirata (outro), onde o Ladrão de Loops revela ter roubado também, o tempo de Cronos, e portanto acaba deixando claro que por mais que vá, ele há de voltar.