“Raros” é um dos projetos da gravadora Vinew Records (PE), que também é idealizadora do “Free Sessions“, que vale a pena conferir. Em sua primeira edição, a cypher foi composta pelos rappers Addai, Cryzs, Kalamka, Lil Kay e Shodo San.
A Proposta nesse primeiro episódio foi abordar de forma clara e direta sobre preconceitos e vivências. Com um sample de guitarra, Zóe quis trazer um instrumental simples extraído dos “The Fevers“, com uma mistura de bateria, resultou em um beat envolvente, com uma pegada old school. A captação das imagens ficou por conta de Zóe e contou com edição de KVB (Kelvin Braz), diretor e editor na Vinew Records.
Com referências bem individuais, cada um expôs de forma particular sua visão, analogias e os versos de suas linhas — assista:
Confira o que cada mc tem a dizer sobre essa cypher:
Addai
— Como ia ser a minha primeira cypher e a primeira da Vinew também, eu quis explorar mais o lado lírico pra falar de vivência e racismo já que onde eu moro, no Janga, convivo com altos amigos preto, achei que seria importante pra eles e pra mim também.
Cryzs
— Quis mostrar um pouco da constante evolução individual e também dos mc’s da banca, usado palavras simples e claras quis mostrar que com poucos versos se faz um bom rap, pra mostrar que no nordeste também tem peso e que quem muito fala pouco faz, respondendo alguns comentários, soltando algumas punchilinis e brincando com as palavras.
Kalamka
— Primeiro eu faço referência a um dos principais rappers de todos os tempos, não só por seu papel político de certa forma, mas também por ter sido o mais louco sem medo de nada e de ninguém. Quis passar uma ideia de que as pessoas que mais reprimem as outras são pessoas com a mente fechada, vulgo os que pensam dentro da caixa, acho que o primeiro passo pra uma elevação do pensamento e sair da caixa e ver com outros olhos ou com outra mente. Sempre representando minhas terras nordestinas. Sobre o terceiro olho e um assunto que sempre me interessei, acho que as pessoas deveriam tomar conhecimento sobre. Glândula pineal… Sexto sentido… Não sou religioso mas creio nisso porque é o que vivêncio.
Lil Kay
— Eu dei um duplo sentido ao termo “tomar cuidado com o escuro” me referi a tomar cuidado com o escuro da minha pele e o escuro a nossa volta ou seja a noite, trouxe referências de todo mundo odeia o cris e também fiz uma analogia a noite com a mulher, coisa que faço a noite não me dão prazer em outras horas do dia.
Shodo San
— Eu quis falar um pouco da nossa cena, deixando claro que se ela for deserta (esquecida) eu “beberei água dos cactos (farei com que ela seja lembrada). Trazendo bastante conteúdo, por que em minha visão o rap está um pouco carente disso, sem fugir da essência, sendo a essência! Em um verso eu exalto o Grand Canyon, algo criado por Deus, ou seja nunca iremos superar.. Estar acima de nós!E já que muitos se denominam “crânio” (por ser pensante) nós nos denominamos o “Grand Canyon” por sermos difíceis de ser abatidos ou superados.