Mesmo que nesse tempo de confinamento muitas pessoas tenham se acostumado a assistir programas, shows e entrevistas em formato de lives, Marcelo D2 inovou ao construir ao vivo seu álbum – com milhares de pessoas assistindo e trocando ideias –, dividindo com a gente seu próprio processo criativo assim como fizeram os artistas convidados.
Com mais de 20 lives, somando mais de 100 horas de transmissão, o álbum visual (o filme já exibido no seu canal da Twitch no dia 26 e um disco de 12 faixas) mostra a sabedoria de se falar de amor e empatia em tempos de ódio, buscando as ferramentas necessárias para driblá-lo. Muito mais que entretenimento, as faixas trazem da forma certa a mensagem de luta pra um país que vem se afogando em discursos rasos e preconceituosos.
O álbum conta com feats ilustres, como Don L, Juçara Marçal, Anelis Assumpção, BK, Djonga, Ogi, Baco Exu do Blues e Luiza Machado (esposa de D2), que também assina a produção executiva e atua no filme. Além disso, o título e conceito do disco estão no nome também do escritor e historiador Luiz Antônio Simas, que usou como influência as culturas e religiões de matriz africana – como mostra o poema recitado por Criolo na faixa “TAMBOR, O SENHOR DA ALEGRIA.”:
“É por isso que os bacongos dizem que Ng'oma o tambor, será o pai de todos os que transgridam a dor em desafios de festa e liberdade Sua bênção, Ng'oma, nosso pai tambor! Nós estamos no mundo para celebrá-lo!”
O filme está disponível no YouTube a partir das 19h dessa terça (29) e as faixas já estão nas principais plataformas de streaming. Vale demais conferir, ou melhor, “ver, ouvir e interagir” – como disse D2 –, com o resultado dessa coletividade e liberdade criativa em pleno distanciamento: uma obra feita por muitas mãos e que encanta todas e todos os amantes de hip hop.