Hoje você consegue ver artistas do Hip Hop no mainstream, rappers vindo de famílias abastadas e visões variadas sobre a sociedade por parte de cada artista, e isso não está errado, é natural com a expansão de qualquer movimento. Mas o que você deve se lembrar antes dos olhos brilharem com todo o glamour em volta do estilo é a sua origem. O Hip Hop nasceu nos anos 70, nas quebradas de Nova Iorque e logo se espalhou como uma voz ativa para locais que enfrentavam problemas sociais como pobreza, violência, racismo, tráfico, falta de infra-estrutura e mais, se tornando uma das mais autênticas e democráticas manifestações artísticas do século 21.
Nos últimos meses, o Brasil vem enfrentando uma das piores crises políticas de sua história, onde lideranças políticas de ordem vem utilizando todos os seus recursos para tirar o atual governo federal (Dilma/PT) do poder. Este processo tem gerado divisões de pensamentos entre pessoas apoiando-o e outras caracterizando-o como um golpe contra a democracia nacional.
Na tarde da última quinta-feira (24), o movimento Hip Hop se posicionou a respeito do caos político através de 53 entidades e lideres do movimento por meio de uma carta aberta. A posição da carta é clara, “Sempre que a Globo, a Veja, a Folha, a polícia e todos esses, filhos da ditadura estiverem de um lado. Pode acreditar, nós estaremos do outro lado, do seu lado” diz no início.
“Quando homens sem caráter, que roubaram durante 500 anos as riquezas da nação e tentam culpar a única mulher presidenta de nossa história, nós não vacilamos, lutaremos e diremos em alto e bom som: É golpe!” diz um trecho da carta, que foi assinada por lideranças como Nação Hip-Hop Brasil, Rede Nacional das Cadas da Cultura Hip-Hop, Filosofia de Rua, Kamau, Laboratório Fantasma, Foco na Missão, Nelson Triunfo e muitas outras.
A carta também faz um alerta para o que pode acontecer com a democracia em risco, “Sem a Democracia não haverá a roda de rima, de capoeira, os fluxos, os saraus. Não é hora de olhar as diferença, vamos primeiro garantir o que é nosso por direito.” Leia na íntegra:
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Sempre que a Globo, a Veja, a Folha, a polícia e todos esses filhos da ditadura estiverem de um lado. Pode acreditar, nós estaremos do outro lado, do seu lado. Quando na periferia invadem a casa e sequestram um sindicalista que deu a vida e transformou o seu país, nós o defenderemos.
Quando homens sem caráter, que roubaram durante 500 anos as riquezas da nação e tentam culpar a única mulher presidenta de nossa história, nós não vacilamos, lutaremos e diremos em alto e bom som: É GOLPE!
É justamente em momento difícil como este que a gente sabe quem são os verdadeiros, tá ligado. E se o momento é duro, somos mais duros ainda.
O Hip Hop é irmão da democracia. Nascemos juntos no Brasil. Já pensou um rapper, sem a Democracia? Não dá nem para imaginar.
Lutamos muito para conquistar o direito de poder dizer o que pensamos em nossas músicas, nos muros, na dança. Tornamos um operário presidente da república e Lula criou os Pontos de Cultura, deu condições aos mais pobres viverem em uma moradia digna, ter diploma universitário e viajar de avião. Se tornou o maior político do século XXI e elegeu sua sucessora: Dilma combateu a força bruta a favor da liberdade e venceu, venceu o câncer e venceu as duas eleições que concorreu. Não será um monte de patifaria e mentiras que irá derrota-la.
O salário mínimo longe do ideal, nunca foi tão alto. Vivemos o pleno emprego e descobrimos o pré-sal. Se não bastasse o país ainda recebeu a Copa e receberá as Olimpíadas.
Isso tudo é muita afronta. Os poderosos decretaram que essas coisas não são pra nós. Feito pato, uma par foi atrás, no embalo. Destruíram todos os nossos orgulhos, do futebol à Petrobras.
“Enquanto a Klu Klux Klan bate panela na Paulista” – Rapper Renegado
Agora querem acabar com você. Isso mesmo, você Democracia, corre um sério risco e nossa cara é denunciar: É GOLPE!
Convidamos a todas as Manas e Manos que vivem ou desenvolve arte-vismo nas periferias colar com a gente. Sem a Democracia não haverá a roda de rima, de capoeira, os fluxos, os saraus. Não é hora de olhar as diferença, vamos primeiro garantir o que é nosso por direito.
Aos que pedem a volta do regime militar, convidamos para se mudarem para a periferia, por aqui o cacete e a bala continua ditando o terror.
Temos críticas, muitas críticas, mas não jogamos fora a criança junto com a água suja. Muito menos responsabilizamos uma única pessoa, nem um único partido por questões que por vezes compete ao Vereador, Prefeito ou Governador.
Queremos que toda a corrupção seja investigada, a corrupção da merenda escolar, a corrupção em obras do Metrô, a corrupção da reeleição, a corrupção de furnas, (…) enfim. Queremos que os crimes, depoimentos e personagens tenham os mesmos tratamentos, sem preconceito. Dessa forma amiga Democracia, sua existência estará assegurada. Pode contar com a gente.
Tamu junto!
Movimento Hip Hop do Brasil
Assinam Esta Carta as Entidades, Coletivos, Posses e Lideranças do Movimento Hip Hop do Brasil.
– Associação A Mulher e o Movimento Hip Hop
– Rede Nacional das Casas da Cultura Hip Hop
– Instituto Haphirma de Comunicação, Cidadania, Cultura e Educação Social
– Associação de Hip Hop e Movimentos Periféricos AHHEMP (Paraná)
– AfroFavela-Fundão do Ipiranga e Conexão Popular
– Nação Hip Hop Brasil
– Coletivo Cultural PIC Favela
– Frente Nacional de Mulheres no Hip Hop
– Portal Mulheres no Hip Hop
– Associação Cultural e Educacional MH2R
– Fórum Hip Hop do Interior
– Coletivo Negu Pretu
– Hip Hop Mulher e Tiely Queen
– Instituto Ganga Zumba
– UNISOL São Paulo
– Coletivo TSB Hip Hop
– Casa do Hip Hop de SANCA
– Movimento Hip Hop de São Carlos SP
– Thiago Tiba “Fórum Hip Hop Jabaquara
– Carla Zulu “Hip Hop Mulher”
– Favela VIVA (Acre)
– Instituto NaUmilde (Rio Grande do Sul)
– Diego DSS Rap (Osasco)
– Edi Pretologia SP
– Casa da Amizade Rio Claro SP
– Selo Pau-de- dá-em- Doido P.D.D
– Banca Forte Rap (Rio de Janeiro)
– Família M.L.K (Martin Luther King)
– D’África (Campinas SP)
– Cavanha Coletivo Quilombação
– Perifeminas
– Hip Hop Rua
– Rubia RPW
– Filosofia de Rua
– Di Função
– Xandão Cruz
– Priscilla Feniks
– Ruidos Negros
– Sarau das Ostras
– Família FRR Santana de Parnaíba
– Movimento Hip Hop Oeste
– Roda Cultural CDC (Petrópolis RJ)
– Coletivo de Hip Hop UJS Paraná
– PT no Gueto (Paraná)
– Todyone (Estilo de Rua Crew)
– Laboratório Fantasma
– Emerson Alcalde
– Back Spin Crew
– Kamau
– Ordem Própria
– Foco na Missão
– Nelson Triunfo
– Sharylaine
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