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A inspiração natural que marca Barbara Bivolt no lançamento do verso livre ‘Doce’

O trabalho saiu nomeado de “Doce“, o beat é do Neto e os instrumentais do Renato Parmi. E o nome já traz a ideia da música que constantemente faz uma brincadeira entre as múltiplas possibilidades diante da percepção.

Recentemente tive o prazer de ver o show da Bárbara Bivolt (mc paulista) lá pros lados da zona norte da capital paulista e, falar pra vocês, na ocasião, era só nome pesado compondo a line-up do evento, mas fazia tempo que um show não me arrepiava tanto que nem o dela. Quase uma hora de emoção intensa, meio que sem explicação até.

Já conhecia o trampo dela a tempos, mas realmente fiquei influenciada depois da experiência. E é nestes momentos de intensidade que a vida acontece. O Davi Chaves, irmão do Neto do Síntese, que é marido da Bivolt, veio me falar sobre o lançamento do verso livre maravilhoso que saiu pra embelezar esta tarde de segunda (4), e pedir aquela notinha de lançamento que nós ama fazer. Obviamente aceitei, e a gratidão a ele e à vida não é pequena não. E tem mais, assim que ouvi pela primeira vez lembrei na hora que no dia desse evento —que causou toda minha emoção— ela mandou uma parte do free verse na acapela, ao vivo. E como da primeira vez, não consegui evitar que meu corpo todo ficasse arrepiado.

O trabalho saiu nomeado de “Doce“, o beat é do Neto e os instrumentais do Renato Parmi. E o nome já traz a ideia da música que constantemente faz uma brincadeira entre as múltiplas possibilidades diante da percepção. O doce e o salgado, algumas vezes, vem com a ideia de justamente metaforizar as oscilações da vida.

A Bivolt explicou: “as referências que eu faço de doce pra salgado também é sobre cada um ter uma sensibilidade diferente do outro irmão, sabe? No caso quando eu falo da Lua salgada é uma referência a uma história de São Jorge. Nessa história ele tomou um salve do dragão e teve que lamber o chão da lua, e essa é a referência que eu tenho. Significa perseverança tá ligado, você vai lamber o chão da lua pra enfrentar seu dragão, vai passar uns perrengue, mas persevere porque você vai conseguir”.

Agora, por quê está levando o nome de free verse?! Porque realmente foi assim que rolou, dá letra ao clipe. A Bivolt já estava num processo criativo bem intenso, compondo, gravando, e, numa dessas idas ao estúdio, o Neto acompanhou ela. Lá eles acharam um sample muito foda, e isso já inspirou a produção musical, a parte instrumental que entrou com o Renato e surgiu esse beatzão lindo demais. Além disso, ela passava por um momento até de chateação por ver as pessoas interpretarem as outras mal algumas vezes, mas conseguiu refletir e ver o que incomodava como um reflexo de algo que ela mesma fazia, tudo isso foi um motor para ela compor.

Era um dia chuvoso, eu estava bem sonolenta, eu fazia umas cara que as pessoas pensavam umas coisas sobre mim que não era aquilo, sabe? Mas eu consegui entender, porque eu também fazia isso, e foi daí que surgiu a inspiração pra fazer esse verso. Eu levantei, puxei uma folha, escrevi o verso na hora, liguei o microfone e gravei, e foi muito foda. A energia do Neto também estava muito forte, junto com o Renato, talvez até mais que a minha, e os caras fizeram um puta de um beatzao, e eu falei: ‘não vou dar menos que uma letra foda pra essa música’” explicou Bivolt.

O clipe também foi na mesma pegada, livre, meio “sem querer”. A Bianca Hoffman, que ficou responsável pela parte visual (e também é mc), começou a mandar umas referencias para a Bárbara e, na ocasião, estavam as duas em São José dos Campos com uma câmera. “Não tinha uma locação pré-definida, nenhum roteiro, todos os roteiros que eu pensei eram bem falidos, aí eu falei: ‘ah mano, vamos sair de role de pião aí que a gente vai achar alguma coisa’”, contou.

E acharam: “Saímos na rua, ela foi me gravando até que achamos uma ruazinha silenciosa, perfeita, bem a vontade, sem ninguém passando, bem interior mesmo. E eu falei: ‘é aqui mano!’. A gente gravou várias cenas lá e aí começou a chuviscar, com isso voltamos pra casa, começou a cair uma puta de uma chuva, eu até pensei: ‘já era o clipe, né?!’. Aí eu surtei, vesti uma outra roupa e falei: ‘vamos gravar na chuva, maior toró mesmo’. Ela [Bianca] ficou em baixo de um toldo e eu fiquei lá [fazendo a performance]. Começou a encher a calçada e eu fazendo vários movimentos, eu realmente estava curtindo o que eu estava fazendo, e mano, foi incrível! A gente parou de gravar e parou de chover, então eu meio que sei lá, pra mim, a chuva veio pra ajudar”.

Depois dessa pegada inusitada na qual o clipe foi gravado, a Bianca dixavou na edição, valorizou bem o rosto da Bárbara e o resultado não podia ser menos incrível — assista: