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Amiri está de volta! Confira a entrevista com esse gênio das rimas.

Depois de uma pausa nos lançamentos, conversei com o Amiri, que retorna com o primeiro single de 2018: “Boom”, em parceria com o produtor Deryck CabreraNessa entrevista, você pode conferir um pouco sobre a trajetória do rapper, que contou um pouco sobre suas inspirações e perspectivas sobre diversos assuntos.

Primeiramente, gostaria que você nos contasse um pouco sobre você, sobre o seu primeiro contato com o Rap… Como isso aconteceu?

Conheço o Rap desde pequeno, através do meu pai que sempre colecionou disco de tudo dentro da música negra, organizava baile black. Escutei muito na infância e adolescência com meu irmão também. Comecei a compor uma coisa ou outra com 12 anos, pra mim, do meu jeito ali. Mas comecei a levar mais a sério e me aprofundar em escrever em 2009.

Como você vê o cenário atual do Rap? O que mudou desde quando você começou?

Junto da audiência que cresceu, tem ainda mais otimxs artistas hoje, mas também percebo um protagonismo importante sendo colocado como coadjuvante. Artista pretx é protagonista da própria arte, não coadjuvante. Nossa música tem cor sim, nossa cor tem história, nossa história tem identidade também. Sucesso da arte preta também é um reflexo de uma luta de resistência, é importante esse resgate de memória, é memória ancestral.

Crédito: Aline Moreti Bellenzani

Da onde você tira inspiração para compor?

Muita coisa se faz inspiração pra mim… É aquele negócio de transformar o que vive em arte, tentar traduzir a realidade artisticamente. Compor, pra mim, é um pouco do que sinto de compartilhar, com um pouco do que quero compartilhar e o que acho importante compartilhar.

Podemos dizer que você se encontra em uma nova fase? O que mudou?

O que considero não é tanto uma nova fase, e sim que toda a maturidade que alcancei vai refletindo em como me expresso, somado a como cada vez mais eu me aprofundo nas minhas crenças também, dá um certo contraste em relação aos primeiros trabalhos.

No momento em que nos encontramos hoje, nada mais coerente do que falar sobre política. Para você, como podemos relacionar o rap com a política? Concorda que fazer Rap também é um ato político?

Rap é expressão artística e, pra mim, se expressar artisticamente é imprimir um reflexo da nossa época, e nossa época ainda está inserida num monte de injustiças sociais. É sim político porque é também contestação, é denúncia, é porque propõe a escuta, que é uma ferramenta de transformação também. É militar com a arte, voz que se precisa muito nesse momento em que um candidato à presidência é um fascista normatizando discurso de ódio.

Amiri, como você acha que “Rima do Angolano” soaria sendo lançado no dia de hoje?

Por mais criativas que eu as considere, essas músicas – as duas versões – tem quase 10 anos desde que foram escritas, e quase 6 anos que foram lançadas, era um outro momento meu e por mais que, quando compus, as falas não eram exatamente minhas e sim para um personagem fictício criado baseado em alguém que existiu – que foi uma amizade que tive aos 17 anos – foram músicas propositalmente cômicas. A gente não performa, há anos, essas e algumas outras músicas dos primeiros trabalhos por essas outras questões que não compactuo.

Crédito: Aline Moreti Bellenzani

Quais suas maiores influências dentro da música?

Ah, são muitas. Mas além do Rap, tô sempre escutando ritmos africanos, música jamaicana e de quase tudo um pouco de música preta, artistas cujo a arte conversa comigo. Mas no momento: Miriam Makeba, Asa, Ayo, Oshun, Saroc, Queen Omega, HER, daqui eu tô me inspirando na Mel Duarte, Dory de Oliveira, Preta Ary, Rap Plus Size, Luedji Luna, Bia Ferreira, Os Tincoãs…

Na sua opinião, como o Rap pode ajudar na questão da depressão/auto-estima?

Eu acredito no quanto música traduz o que não enxergamos, mas sentimos. É uma ferramenta universal, né? Eu já escrevi músicas que fazem bem pra mim mesmo quando escuto, “Ayo (Fear No Foe)” é uma delas. Ajuda a transmutar e ou elevar nossa energia e isso contribui pra manutenção da nossa saúde psicológica, sabe?

Na sexta feira você lançou a single “Boom”. O que essa música representa para você? Como foi o processo de criação desse som?

Representa meu modo de celebrar o Hip Hop, dividir meu carinho por ele e cada elemento dele.

Percebe-se que em “Boom” estão presentes todos os elementos do Hip Hop.

Eu tinha a ideia da música há um tempo, queria criar uma música que fizesse quem escutar se sentir cada elemento do Hip Hop. E uma das primeiras coisas que pensei é que tinha que ter os scratches do Latif também. Fui terminando de criar a ideia e escrever a letra assim que o Deryck me mostrou a instrumental, isso há pouco mais de um ano atrás e aí fomos finalizando.

O que levou você a ficar um tempo sem lançar material? E o que te fez querer retornar?

Tinha outros planos de vida pessoal, vinha me esforçando pra cuidar melhor deles nesses últimos anos. Música é uma paixão pra mim e eu acredito que tenho a contribuir com a música trazendo minha visão de mundo.

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