Iae pessoal, como vocês estão?
Todo mundo bem?
Demorou mais chegou, essa matéria iria sair em Agosto, porém o RND teve alguns problemas técnicos e precisamos adiar o lançamento. Problemas resolvidos, matéria pronta, espero que vocês se deliciem por essas linhas, porque foi uma delícia escrever essa matéria e eu estava bastante ansiosa para vê-la no ar. És chegado a hora !!!
Pois bem, o entrevistado da vez é um cara que PQP, que homão da porra.
Lembro que quando ouvi Quebrada Queer pela primeira vez fiquei alucinada, Arthur Venturi, meu melhor amigo e também jornalista do Bocada Forte estava comigo, e o que foi aquilo?
5 bees maravilhosas, negras, super estilosas e talentosas reunidas numa cypher que era só tiro, porrada e bomba, várias diretas, muita musicalidade, meu Deus, socorro !!!
Conheci o projeto e pensei: quero conhecer esses caras !
Em Junho, o Arthur havia iniciado uma série de entrevistas em homenagem ao Mês do Orgulho LGBT no Bocada Forte (confira AQUI a primeira parte dessa entrevista) e já tinha entrevistado alguns dos meninos do Quebrada. Conversamos, amadurecemos a ideia de uma matéria colab entre Bocada e RND e conseguimos casar nossas agendas. Assim dia 18 de Julho, sentados no MASP em plena Quarta-feira estávamos os 3, eu, Arthur e Tchelo, lindos e belos, prestes a iniciar essa entrevista.
Assim como nas outras vezes, eu estava bem nervosa para essa entrevista e sem saber ao certo por onde começar. Eram tantas coisas que eu queria saber, chega a ser engraçado, mas entrevistar pessoas no qual nós admiramos sempre dá aquele friozin na barriga, uma das melhores sensações do mundo.
26 anos, representante da Zona Oeste de SP, bonito, com um vozerão só dele, muita personalidade e simpatia, Tchelo Gomez é publicitário, integrante e criador do projeto Quebrada Queer e também artista independente. Seu 1º trabalho intitulado Tchelo Gomez chegou as redes em 2017, e esse foi só o start para muita coisa que estava por vir.
Além da música que sempre se fez presente em sua vida através da sua família e de sua participação no coral da igreja, outras grandes inspirações nunca faltaram. Tchelo ingressou na faculdade de Publicidade e também cursou Música através do curso técnico fornecido pelo Centro Paula Souza (porque todo mundo ama a ETEC).
Foram muitos obstáculos e dificuldades a se enfrentar, desde se desdobrar entre todos os projetos, cruzar a cidade e conciliar Publicidade e Música, até a aprender a cantar o Hino da Bandeira (aquele do Querido símbolo da terra, da amada terra do Brasil, que todo mundo já ouviu falar, mas ninguém nunca nem viu rs) de forma inusitada para uma audição no curso de música.
Durante esse processo louco que acredito eu, muitos de nós já ter passado na vida, Tchelo acabou trancando por um tempo o técnico de música, finalizando e se graduando em publicidade, e só após isso retomando, agora de vez para a música.
Nessa segunda fase de volta ao universo da música, Tchelo teve a oportunidade de conhecer uma galera bastante diferente do que na primeira vez, artistas independentes com sons autorais, que trabalhavam com música, arte e cultura de forma geral. Foi com essa galera, que Tchelo começou a se apresentar em saraus e apresentações, mostrando de uma vez por todas ao mundo, todo o talento que lhe foi concedido. Nesse meio tempo, o artista foi selecionado para participar do musical “Hair” e logo após lançou seu single de estreia intitulado Encaracolado.
Com o lançamento do single, aproveitou para dar uma estudada nos ensinamentos do Marketing (bendito seja Kotler) e assim deu vida ao seu 1º EP, que segue um conceito versátil, divertido, dançante e que traz em sua raiz a música negra (tem Hip Hop com batuque, funk, afropop, dancehall) e que também traz a dança como elemento diferencial.
Explorando cada vez mais a música e suas vertentes, Tchelo terminava 2017 e iniciava 2018 com muitas vontades e inspirações. A fim de conhecer e se aventurar ainda mais no fantástico mundo do Hip Hop (que nem sempre é tão fantástico assim, mas seguimos), os novos projetos traçavam uma parceria com Dory de Oliveira, Luana Hansen e Danna Lisboa, a cypher que seria uma resposta a faixa Vale Tudo do grande músico brasileiro Tim Maia (afinal vale sim dançar homem com homem e mulher com mulher). O projeto em questão ainda não foi lançado, então podemos esperar uma cypher um tanto quanto babadeira vindo por ai.
Esse seria o ponta pé inicial para que o Hip Hop se fizesse presente na vida do artista, a vontade de conhecer mais, de se aventurar mais, agora era real, e estava deslanchando. Fora o movimento Hip Hop, Tchelo também quis se aprofundar mais no segmento da Moda, algo no qual ele teve a oportunidade de participar de alguns projetos incluindo a Osasco Fashion Week, a PIM e a Casa de Criadores (1º semestre 2018, realizado por uma das minhas melhores amigas Amanda Jóia) e pôde sentir que ambas as coisas casavam e podiam super dar certo.
Pesquisas, pesquisas e mais pesquisas fizeram com que Tchelo visse a oportunidade de fazer história unindo algumas de suas paixões. Dentro do cenário do Hip Hop brasileiro e da América Latina ainda não existia uma cypher realizada por artistas negros e gays, essa era a hora, um projeto único e inovador, assim nascia o Quebrada Queer.
O projeto que conta com a participação de seus amigos, também artistas negros e gays de São Paulo, Harlley, Guigo, Murillo Zyess e Lucas Bombeat, inicialmente também pensava em incluir o artista Rico Dalassam para o time, o que não acabou acontecendo. Com Rico ou sem Rico, o negócio ia acontecer, e aconteceu.
O time dos sonhos estava montado, 5 artistas talentosos, cheios de energia e com muita coisa entalada na garganta pronto para ser gritado a quem quisesse ouvir, isso é o Quebrada Queer. O 1º trabalho lançado nas redes foi assinado pelo Casa 1 (RapBox) e teve sua parte musical realizada pelo produtor Vibox.
Sem seguir um tema único, a construção da letra foi feita de forma natural, e toda essa naturalidade deu forma ao que podemos ver hoje, um sucesso mundial, mais de 1 milhão de acessos no Youtube, os meninos de SP que dominaram o mundo.
Atualmente, além dos 5, o time Quebrada Queer também conta com a participação da produtora musical e Dj, Apuke, que chegou para reforçar ainda mais o time. Celebrando as conquistas, recentemente o grupo divulgou seu mais novo trabalho intitulado Pra Quem Duvidou, produzido de forma totalmente independente.
Como diria Tchelo, nada é por acaso!
Entre a música e a publicidade , o que te apetece mais? Por que de ambos?
A música, talvez porque a publicidade tenha me desgastado ao longo dos anos, e talvez também pelas oportunidades que a música tem trazido, novas experiências, novos projetos. Neste momento me vejo muito na música, onde a publicidade entra, mas muito mais direcionado para essa área.
Como produtor independente além de músico e publicitário, como você sente a produção “independente” e a produção mainstream?
Olha, comparado a alguns anos atrás, tá maravilhoso com a internet que abriu infinitas possibilidades, principalmente para o artista independente na parte de comunicação e apresentação de material mesmo, mas isso também não deixa de dificultar em outros aspectos, infelizmente tudo é número, então além de um ótimo argumento e negociação é preciso provar números e que aquilo/projeto será rentável de alguma forma.
Quais as diferenças que você sente entre se auto produzir nos seus trabalhos pessoais e ser produzido por alguém com o Quebrada Queer?
Com o QQ ficou muito mais fácil por conta do boom que deu, né? Nosso video viralizou e as mídias crescem os olhos, consequentemente contratantes. Já nos trabalhos solos não tínhamos tanta visibilidade o que dificultava chegar em grandes veículos, eventos ou até mesmo grandes marcas. Então, a mídia tem facilitado bastante essa aproximação e ocupação de novos espaços. De novo, tudo graças aos números.
O que é o Quebrada Queer? Quais os próximos projetos?
O Quebrada Queer são 5 gays e uma lésbica que se juntaram para escarrar a realidade na cara da sociedade, sonhando em viver da música e abrir os caminhos para novos artistas, fomentando e aquecendo ainda mais a cena musical nacional independente e LGBT. Nós queremos continuam tocando e salvando vidas LGBT marginalizadas, mostrando que é possível viver da arte que expressamos e transmitimos a nossa verdade.
Quais os objetivos para os próximos anos, como pessoa, artista e publicitário?
Como publicitário é aproveitar do aprendizado e ferramentas para focar no artista, rs. Como artista crescer mais e mais saudavelmente, com bons trabalhos e parcerias, e como pessoa ser feliz e continuar com humildade e ter novas experiências positivas e incríveis. Resumi bem? rs
Quais são suas inspirações e referências?
De Djavan a Beyoncé! haha Como todo adolescente passei por diversas fases, mas a Black Music, a música preta no geral me toca e me transforma cada dia mais e mais, percebi que todas as minhas influências são negras e quero continuar honrando isso. Gosto muito de valorizar os artistas nacionais, então destaco e cito Karol Conka, Hellen Oléria, Rael, Iza, Rincon Sapiência, Larissa Luz, BaianaSystem, Hiran e minhas manas do Quebrada Queer.
Afinal quem é Tchelo Gomez?
Sou um cara de 26 anos, aquariano que acredita no bem, no amor e que ama o que faz, que atualmente está vivendo o sonho de poder viver da música e busca sempre aprender e crescer cada dia mais e mais.
Vocês já devem imaginar o quão eufórica eu fiquei depois de um bate papo de mais de 1 hora com esse ser humano INCRÍVEL, neh?
Até agora, todos os que passaram por aqui me causaram as melhores sensações possíveis que uma jornalista “humana” pode sentir. Ver que existem tantos de nós, dos mais variados jeitos, formas, sexualidades, cores e afins, por aí vivendo e respirando arte, cultura, música é maravilhoso.
Mais louco ainda é ver tudo isso se conversando. Todos nós envolvidos e ligados de alguma forma me faz ver quanto o preconceito, a intolerância, a falta de respeito e o ódio são tóxicos e mortais, porque em pleno Brasil 2018, país que mais mata LGBT’s no mundo, lançar um trampo tão íntimo e sincero na internet como esse, é sinônimo de resistência, de luta, de amor.
Amor não é doença, é cura, não é só close, é luta, então vê se me escuta, aceita, atura ou surta.
Tchelo Gomez – Quebrada Queer
Essa sensação é única, sentir o sonho de alguém e poder viver um pouquinho que seja dele da forma mais íntima possível.
Vai ter mina, vai ter mona, vai ter mano no rap SIM … Tem espaço pra todo mundo, só falta respeito, e respeito é aquele negócio que a gente acha bom, todo mundo gosta, e algumas pessoas precisam aprender a praticar.
Ver artistas, que além de LGBT’s incríveis são jovens negros de quebradas distintas dessa nossa selva de pedra chamada SP, contrariando as estatísticas, fazendo história, é lindo, é gostoso demais presenciar, sentir e viver isso.
Ver a produção acontecendo, a música acontecendo, a poesia …
Eu tô nesse mundo do Rap a uns 5 quase 6 anos, e desse universo todo, são poucas as coisas boas. O preconceito é algo maçante, a desigualdade, o machismo e por ai vai, adoecem e ferem todo dia. O Rap é briga de cachorro grande, e são essas pequenas coisas, que não me deixa desistir, é isso que ainda faz com que o Rap tenha sentido pra mim, essas pessoas, esses trabalhos, esses encontros. Pra quem circula entre pista e backstage sabe que o negócio é muito mais embaixo, salve-se quem puder, seguimos por nós e pelos nossos.
Ainda precisamos evoluir muito, sair da teoria bonita e barata, e de fato agir, agir para que todos tenham espaço, para que todos sejam respeitados por seus trabalhos e não julgados por sua cor ou opção sexual. Precisamos sair dessa bolha repleta de coisas negativas e destrutivas que nos cercam e nos permitir ir além, nos abrir para entender o outro, sentir o outro, respeitar o outro, a palavra chave dessa matéria é RESPEITO!
Foi um prazer imenso escrever essa matéria, que por vezes virou diário pessoal e outras uma bancada de jornal rs mas é isso, isso é Fala Memo Produção.
Que o artista/produtor/publicitário Tchelo Gomez e o coletivo Quebrada Queer cheguem a lugares mais e mais altos, que possam espalhar pro mundo a realidade, as vontades, os sonhos e anseios de jovens negros gays mundo a fora. Garanto que vai ter muita purpurina, grito, babado e confusão incluso e que vale muito a pena conhecer, vivenciar e se apaixonar, sem preconceitos!
Final de Setembro tem mais conteúdo, espero que tenham curtido, vejo vocês em breve, beijo de luz 🤘🏾💋