Se você assistiu o documentário “Neymar: O Caos Perfeito”, com toda certeza escutou a voz de Yas Werneck. A música intitulada como “Coméki”, abre a série da Netflix com uma letra que se completou com as cenas de introdução. A série foi lançada em fevereiro e contou com criticas positivas e negativas sobre a vida do atleta. Uma mulher preta, criada na Zona Norte e atualmente na Zona Oeste, na abertura de uma série super esperada.
Nascida no Rio de Janeiro e criada em Pirassununga (SP), Yas teve contato com a música logo cedo em sua infância. Desde cedo frenquentando a igreja, a artista foi descoberta musicalmente pela sua mãe.
No Hip Hop a influência também foi dentro de casa através do seu pai, que sempre ouvia duas referências icônicas do rap nacional como Racionais e MV Bill. Incentivada pelos DVDs de camelô — mais especificamente o Video Traxx — a artista conheceu mais pessoas que estavam movimentando o cenário estadunidense naquele momento e aumentou sua auto–estima.
O grupo JEYBI foi formado por ela e mais duas amigas e durou por 2 anos até lançar o seu primeiro trabalho solo. A música lançada em 2013 foi intitulada como Paciência e que moldou a carreira de Yas.
Paciência corre aqui pra eu não perder o meu domínio próprio, acharam que eu ia engolir o que era óbvio
Yas Werneck – Paciência
Neymar: O Caos Perfeito
Em um certo momento da sua carreira, Yas recebeu uma proposta para inserir a trilha “Coméki” em um documentário, mas como sempre muito disponível, a artista não se hesitou e concordou com a ideia sem saber realmente do que se tratava.
Com o tempo, foi descoberto que a série se tratava de uma produção da Netflix sobre a vida do atleta.
Pela grandeza do projeto, foi necessário muito tempo e muito processo burocrático que trouxe uma desconfiança e uma incerteza se ia dar certo ou errado. A escolha veio de Tejo Damasceno, conhecido na cena por diversos trabalhos e especialmente por ter trabalhado com Sabotage.
A faixa “Coméki” foi lançada em 2016, e como muitos outros artistas no rap nacional, a música que esteve na série do maior atleta da atualidade do Brasil, foi gravada com pouca estrutura e isolamento acústico, atrás da porta do quarto do amigo e produtor Alex Gonçalves. O beat foi em nome de Seven Beats.
Antes da série ser lançada, a artista tinha apenas 1000 ouvintes mensais, hoje na data de lançamento da matéria, já conta com quase 1 milhão de views. No Spotify já está atingindo a marca de 3 milhões. Yas Werneck diz estar muito feliz com a repercussão que teve após o lançamento, principalmente de sua família estarem comemorando essa vitória ao seu lado.
“Conheci a Yas a um tempo atrás lá no dia da rima no Enraizados e papo reto lá ela já era o que tá demonstrando hoje com um única diferença, que evolução monstra, lírica ficou foda, flow foda é dicção explicitamente correta, via garota que tu tem tudo pra subir”, em um dos comentários da Coméki, é citado o Instituto Enraizados que é uma organização de Hip Hop que surgiu no final dos anos 90 com o intuito de utilizar as artes integradas do hip hop como ferramenta de transformação social. O Enraizados, além da importância social, foi onde a artista pode se apresentar pela primeira vez solo e por isso.
Yasminie ama desenhar, é casada com Luan Neves, mãe da filhotinha Ayo e é professora de matemática. Independente das barreiras que aparecem no caminho, Yas tem pé no chão, fé em Deus e a consciência tranquila. Em 2016 quando foi lançada a “Coméki”, achava que não ia virar. Virou, mesmo com os entraves na carreira, nunca desistiu.