A festa do Potencia da Periferia foi parte da programação oficial do Festival de Inverno da cidade de Ouro Preto. Além de vários shows com MCs locais e fechando a cerimonia com FBC, oficinas e palestras foram ministradas ao longo das semanas do mês de julho.
Para mostrar que o festival e o rap da região vieram para ficar eles lançaram o Potência Cypher #1. O projeto foi desenvolvido na oficina de produção audiovisual em parceria com o Festival Potência da Periferia. A coordenação ficou por conta de Douglas Aparecido (Douguinissimo). Esse é um cypher de extrema relevância para o cenário do rap da cidade de Ouro Preto e Mariana.
O Hip Hop é muito mais que uma simples corrente. Essa cultura salva vidas, impacta de forma que nenhum outro gênero popular faz, com todo respeito a cada movimento. Mas o rap é educativo, lúdico, debochado, é a voz sendo ecoada de maneira mais real. O som do Potência é tudo isso e mais um pouco. Não fugindo da realidade, se expressando de maneira direta, cada MC traz um verso marcante e sincero.
A justiça enxerga o peso
(Nerito)
Diferença de gramas e kilos
Olhe Raffa Braga e o avião da FAB
Note quem foi parar nas grades
Nerito, Nitze, Kaze e Lil Paulista apresentam consciência de saberem que estão numa cultura de rua que dá voz aos que são oprimidos. Nenhum deles quer se tornar o opressor, suas rimas carregam senso de justiça e de vontade de fazer o corre virar. Falando sobre grana, política, correria, pessoas falsas e vida, todos os MCs nos mostram a realidade de serem artistas independentes estando no interior.
Já nos tornamos bastardos inglórios
O mundo la fora pede resistência
Ninguém vai saber o que passa aqui dentro
Pra quem nasce pobre a vida sentença
Isso aqui é um diário de outro detento(Nitze)
Mais que tudo, esse som é sobre resistência. O Hip Hop sempre foi e sempre será resistência. Resistência de pessoas que sabem o que é a rua, viveram e vivem o preconceito por expressarem sua arte da forma que desejarem. Vivemos em um país racista, a nossa sorte é que temos artistas que lutam contra essa estrutura. Não é só o som, mas todo empenho para fazer acontecer o Potência da Periferia. Sinônimo de resistência. Pode ter certeza que todos esse artistas são exemplos em suas quebradas.
Não há nada que me pare
(Kaze)
Nunca vou ficar em má fase
Um jogador não treme a base
Vivo eternizando frases
O clipe é uma obra de arte a parte. Com tomadas pela cidade de Ouro Preto, o audiovisual mostra a essência do que é fazer rap. O clipe contou com o dedo de João Dumans, diretor de cinema que recentemente lançou o filme Arábia, também rodado em Ouro Preto. Para além o vídeo contou com diversas outras cabeças pensantes. Essa é a beleza do rap: conectar pessoas. Vejam o clipe, pois a arte foi feita de forma muito bela. Uma peça de arte. Hip Hop de verdade. Feito
Ay love u my Favela
(Lil Paulista)
Nascido e Crescido eu mato e morro por ela
Entre Becos e viela
Não é porque sou do gueto que que meu lugar é atras da cela
Aqui estão todas as mentes e mãos que trabalharam nesse clipe: Composição: Nerito, Nitze, Kaze, Lil Paulista. Produção Musical: Filipe Bônus (@mamborec). Captação em: Zero31 Rec (@zero31rec). Mix/Master: LiipBeats (@liipbeats). Coordenação audiovisual/fotografia/montagem: João Dumans. Concepção do clipe: Nerito, Nitze, Kaze, Lil Paulista, LiipBeats, João Dumans, Rafael dos Santos Rocha, Wederson Neguinho, Luan Ricardo, Tay’KiD4. Assistência de fotografia e câmera: Rafael dos Santos Rocha, Wederson Neguinho e Luan Ricardo Participação especial (dança): Tay’KiD4
Acompanhe que esses MCs são o presente e o futuro. Abaixo o clipe dessa masterpeça mineira.