Fala meu bonde! LAHuss de volta nas reviews, e dessa vez mais um trabalho gringo passará pelo pente fino. A bola da vez é o EP do jovem rapper e produtor nova-iorquino Bishop Nehru, que precede seu álbum de estreia, ainda a ser lançado. Vou confessar que não tava levando muita fé nesse trabalho do muleque, já que suas últimas aparições (na colaboração NehruvianDOOM, com a lenda MF DOOM, da qual sou stan assumido hahahaha) foram bem medianas. Adianto que fui positivamente surpreendido, mas nada fora do normal.
Começo falando sobre a performance do Nehru como rapper. Apesar de bem novo, ele mostra maturidade com a caneta e com o mic, e evolução em relação ao trabalho anterior já citado, principalmente em termos de métrica. O flow é um ponto que não me impressionou: não o vi sair de sua zona de conforto, ou mudar drasticamente a levada, o que fez com que o EP soasse um tanto quanto engessado. Apesar disso, dá pra tomar como um ponto positivo a mescla entre linhas subjetivas e alguns jogos de palavras interessantes, como por exemplo nesse caso, na track Breath (Prana/Spirit):
Dizzy in the hall trippy Albuterol all in me
Still no sips can befriend me
To get their Henny, I still ain’t have it in me
Not an enemy but I’ll leave its entry, cup empty
But they think I’m drunk off of plenty
80 A’s, D placed in this tin
And a HD screen still plays me big
The tips are believing like Biebs was singing
A produção é assinada pelo próprio Bishop, e também tem seus altos e baixos. Notei bastante a influência de artistas como o próprio DOOM, assim como do FlyLo (outro que também sou stan) e grupos como o The Underachievers. Destaco os beats da MellowWithMe (esse é bem chapante, lembra o FlyLo no seu alter ego Captain Murphy, tanto na produção como nos vocais) e da Harmony In A Glass, que é um boom bap fino e muito bem encaixado. No restante das tracks, a produção não se destaca tanto, tornando-se um elemento secundário diante os vocais do Nehru.
Sobre o conceito do álbum, não há uma definição clara: acredito que seja uma ponte entre a mixtape Nehruvia e o debute do Bishop nos long plays. São abordados temas como solidão, o caminho até o reconhecimento do público, e tem até uma música sobre friendzone (HAHAHAHA), um tema que casa bem com a pouca idade do rapper. Há também uma mescla do estilo clássico de boom bap com temas esotéricos, tanto nas letras como nos samples, algo que também pode ser presenciado em trabalhos anteriores do menino de NY.
Nehru tenta soar mais maduro, e consegue; mas peca em outros aspectos, como originalidade e coesão do trabalho. As 8 faixas são bem easy listening e relaxantes, mas nada espetacular. E é isso, não tirem o blog dos cookies porque vem peso atrás de peso! Até!