O cenário do rap nacional no ABCD paulista sempre foi muito forte. Desde a casa do hip hop em Diadema, ponto de encontro de muitos mc’s por anos, até grandes nomes da cena, como é o caso de Dexter, Mano Kall, Conexão SBC, Stéfani, entre outros.
De fato, a visibilidade, quando chega até lá apresenta grandes nomes como aconteceu com Dj Nyack e Drik Barbosa, que hoje representam a Laboratório Fantasma. TM Thiago Mascote, que agora integra o Realidade Cruel. Lucas Hakai do selo Zenith; A Batalha da Matrix, uma das mais respeitadas de São Paulo; Jafari que já representou o estado no Duelo Nacional de Mc’s, e diversos outros nomes.
Um dos maiores responsáveis por manter a cena local viva é o selo PurpleGang, que hoje fortalece diversos artistas da área, entre eles, um grupo que saiu das batalhas de mc’s, e hoje é um dos mais respeitados no ABCD, o Oficioclan.
O grupo formado em meados de 2016 conta com LVI, Anderson Peixoto, Aka Bronx e o Dj Vinilzera. O primeiro trabalho, lançado em março de 2017, com produção do Lucvs LK, ganhou um clipe oficial no último dia 9 de junho. “A importância dessa música para nós mesmo, é parte de um processo de amadurecimento do grupo. Nós sempre quisermos lançar um clipe desse som, e não tínhamos suporte para fazer da melhor forma, quando surgiu a oportunidade resolvemos fazer. ” Conta Anderson Peixoto.
A música relata as “crises” que todos enfrentamos diariamente, e de certa forma conversa conosco, já que em algum momento da vida talvez você já tenha passado por isso. Criar um conteúdo lírico que beira a depressão, e falar sobre esse tema em tom de superação é um grande desafio, e Aka Bronx entende isso: “ esse trampo (Crises) representa o lado mais solitário de cada ser, o próximo passo, o eu não posso permanecer aqui! Depois que ouvimos o beat do Lucvs LK, sentimos a necessidade de criar algo relevante para o tempo, algo que não fosse passageiro. ” E LVI completa: “foi a forma que eu encontrei de jogar para fora esse sentimento, a ponto de ser menos tóxico comigo mesmo, me ensinou a ser menos negativo, foi o som que me fez acreditar em mim mesmo e nos caras que andam comigo. ”
As neuroses e dificuldades de três jovens de periferia, que descrevem a realidade de muitos em nosso país, conta com uma narrativa que incomoda, que te faz refletir todas as vezes que se sentiu sozinho, a ponto de desistir, por N motivos da vida…
“Falar de amor cheio de rancor no peito é igual pregar paz pro capeta! Juntando treta, juro é mó treta ver a merda de um pai só em foto na gaveta!”
Além do videoclipe, o grupo anunciou que a faixa integrará o primeiro ep, e será o fio condutor das outras faixas. “As músicas são bem diferentes umas das outras, mas seguem uma linha de pensamento. A ideia é um exercício de mudança mesmo, sair de um lugar para chegar em outro, melhor. É um disco para ouvir no fone. ” Afirma Anderson Peixoto.
O título do EP será “Trópicos”, e LVI acrescenta sua expectativa diante desse trabalho que está por vir: “É um disco conceitual, o melhor de nós para nós mesmos, esperem por algo que consiga mostrar uma nova direção para quem se encontra em alguma crise. ”
Enquanto aguardamos esse trampo que virá com o selo da PurpleGang, podemos acompanhar o clipe de “Crises”, que relata essa solidão, e achei a ideia genial para refletir o que traz a música, dando a sensação de que estão sozinhos, ao mesmo tempo que não estão. A bela produção audiovisual foi dirigida por Matheus Menucci, o Instrumental ficou por conta de Lucvs LK, e a captação de voz, mixagem e masterização por Renan Catozi da Mind Records.
Confira o clipe: