Eu pensei em escrever isso quando chegasse em casa, mas para impedir que a ideia fuja, começo a escrever esse texto esperando o ônibus de volta para casa. Graças ao atraso dele, posso pensar um pouco sobre a frase que compõe o título desse post.
E essa questão segue martelando minha cabeça desde que decidi ouvir, por impulso, uma das melhores criações do rap nacional: Babylon By Gus Vol. 1 – Ano do Macaco.
E o assunto não é o exatamente o disco (mesmo sabendo que renderia um bom post). O assunto é o motivo que fez com que eu ficasse tanto tempo sem ouvi-lo.
A primeira coisa que penso quando me questiono sobre isso é:
“Ah, normal isso. Tem tanto som sendo produzido que é mais do que normal você esquecer de um álbum de 2014”
Felizmente essa resposta não me satisfaz, pois do contrário, este não seria o meu primeiro post no RND (tô muito feliz). Eu tenho que forçar minha memória, que não anda muito boa (talvez essa seja a resposta para a pergunta, mas não vamos nos precipitar), para lembrar qual era o contexto do momento em que eu estava ouvindo essa obra prima do Alien.
Eu estava apresentando os artistas que mais admiro no rap para a minha namorada. Foi aí que eu percebi que não ouço mais os meus MC’s favoritos com tanta frequência.
É claro que existe o fator já citado, da quantidade de lançamentos ser muito maior a cada ano. Isso faz, inclusive, com que algumas músicas percam a relevância (para o público) de maneira absurda em menos de um ano.
O algoritmo nos força a ouvir alguns ritmos (desculpem pelo trocadilho)
Mas o meu melhor chute sobre o motivo real seria o algoritmo. Esse maldito segue a gente por toda a parte e meio que virou nosso “segundo cérebro”. Eu sinceramente não sou tão pilhado com essas coisas, mas recentemente me incomodei porque não conseguia mais sair do “loop do robô”.
E não tem exceção. Pode ser no Youtube, com a reprodução automática ou no Spotify, com as descobertas da semana, é a mesma coisa. O pior de tudo é que eu tava há algum tempo conformado com isso.
E esse nem é o momento em que eu fico indignado por ter toda a minha vida armazenada por empresas bilionárias. Mas, se for pra tentar ler minha mente com tanta informação, faz direito!
Esse “problema” foi facilmente resolvido depois de passar a pesquisar por conta própria quase tudo o que ouço. A grande verdade é que o nosso comportamento muda cada vez mais e, com ele, nossa maneira de ouvir música. O que acaba mudando também o jeito de fazer música. Será que isso acaba ditando o que a gente gosta também?
Eu diria que, no meu caso, sim. Há poucos anos atrás, por exemplo, eu nem me imaginaria ouvindo algumas músicas que ouço quase todos os dias. Por um lado, eu acabo consumindo mais coisas e aprendo o propósito de cada “jeito de fazer rap”.
Por outro, não sei mais se o meu gosto é legítimo. Isso me faz lembrar do efeito, criado na propaganda do biscoito Tostines:
Será que os artistas ficam famosos por serem bons ou o fato de serem famosos os tornam bons? Será que você realmente gosta dos artistas que ouve? Ou ouvir eles com frequência te condiciona a gostar?