Cria das batalhas de rima de Curitiba, Felipe Ribeiro de Oliveira, mais conhecido como Shold MC, de apenas 23 anos, começou sua trajetória no movimento hip-hop muito antes de começar a rimar, quando foi atraído pelo graffiti e pichação em 2012, no qual aderiu ao seu nome artístico, porém apenas um tempo depois que o artista demonstrou seu interesse pelas rimas. “Estávamos jogando bola, e tinha um pandeiro no final do jogo, então começamos a zoar um ao outro no estilo repente. Já nas primeiras rimas encaixadas, geral me perguntou se eu já tinha tentado fazer isso em um beat, e logo me veio a cabeça como conseguir uma bela base pra improvisar, já que tudo era ainda muito oculto pra mim, que tinha acabado de descobrir que fazia aquilo, mas como todo curioso fui atrás de um instrumental, e acabei me viciando em rimas”, relembra.
O rapper conta que uma de suas apresentações mais marcantes foi no ano de 2013, em uma intervenção poética, organizada por ele e seus amigos, Black Ninja e JNO, realizada na vila Sabará do bairro do CIC, onde foi criado. “Foi gratificante levar o rap até a minha quebrada”.
Influenciado por sua vivência e seus objetivos, como em sua música “Eu Procurei”, Shold, que é um amante do Jazz, afirma que começou sua paixão pelo rap ouvindo Racionais, porém foi quando escutou Emicida que sua vontade por expressar seus sentimentos de alguma forma foi despertada. “Quando me apresentaram Criolo, compreendi que a música em si, tem uma linguagem universal e foi aí que captei a mensagem que ele queria passar tentando mudar o mundo e dizendo que ‘ainda há tempo’”, diz.
Residindo na Bahia desde 2017, Shold já percebe o preconceito com os artistas nordestinos, e começou a ter a percepção de que na verdade, o rap não é a tal união como muitos afirmam ter. “O som Sulicídio é um apelo para voltarem os olhos pra cá! Em 2018 foi bem diferente, fomos para o desafio Ba x Sp na Batalha da Aldeia, em São Paulo, e rimamos com a alma… Fomos recebidos muito bem, assim como em Brasília, na Batalha do Museu representar a Bahia também achei ótima a recepção. Creio que em 2019, o Nordeste não terá problemas com exclusão no rap. Por exemplo, já estamos com a Batalha da Torre com 50 mil inscritos crescendo cada vez mais”.
Bastante conhecido por suas participações em batalhas de rap, o curitibano destaca a diferença entre se apresentar em um show e batalhar. “Com toda certeza afirmo que mesmo sendo algo da mesma vertente, acaba sendo muito diferente. Quando batalho, tenho que me entregar realmente ao improviso e as vezes até ao improvável, pois nada pode ser previsível em uma batalha, caso contrário, não é o real improviso. Já para me apresentar em shows, tenho bastante preparo, um cuidado com a voz e com a presença de palco”.
Recentemente Shold lançou o videoclipe “Flores Mortas”, com o beat assinado pela Chernobass Records. “Em novembro acessei o canal deles do soundcloud e vi o trap chamado ‘Deadstar’, em um beat plug, algo bem future e diferente de tudo que já escrevi, e então começava ali um novo desafio de fazer trap com mesmo sentimento de sempre: com lírica, flow e métrica, somando com aquele toque Shold que não pode faltar”. Já a composição foi criada rapidamente, em apenas dois dias, e no terceiro dia já estava sendo gravada no NK Estúdio Sauna Rec, comandada por Mansha, em Salvador. Uma característica e novidade desse trabalho dirigido por Vitor Carvalho da Dublack Films, é seu formato de curta metragem, que conta com a atuação de Shold e sua namorada, Ingrid Cortes.
Com muitos planos para esse ano, Shold pretende lançar seu EP de Jazz e dar continuidade em sua carreira musical, trabalhando para ter visibilidade nacional, e continuar batalhando, já que até hoje o artista já ganhou 65 batalhas de rap!
“Quero dar o meu melhor pela Bahia, porém jamais esquecerei de Curitiba. Espero que todo possam conhecer o meu trabalho e se identificar, promovendo a união de produções curitibanas com as baianas e todos possamos se fortalecer mais, para que possamos ser uma grande base para os que estão chegando”, finaliza.