O rapper mineiro Djonga foi o convidado da 19ª edição do Dissecação, do RAP TV, na qual detalhou todo o álbum “Heresia”. O disco (ouça aqui) recebeu algumas críticas sobre ser “repetitivo” e até “possuir pouca ideia”, entretanto, na entrevista, o MC sensação/sensacional mostrou a obra é rica em todos os sentidos.
A primeira heresia já começa na capa, na qual fez uma releitura do disco Clube da Esquina (1972) de Milton Nascimento e Lô Borges. “É uma blasfêmia. Eles são cânones da cultura mundial. Quem sou para me colocar a altura deles? Mas, de alguma forma, eu me coloquei”.
Desde aquela foto até a última faixa, ele revela que o disco foi a principal forma para que saísse de sua zona de conforto. Para conseguir isso, a estratégia foi não colocar participações nas rimas, apenas nos refrões. “Por ser meu primeiro disco, eu precisava mostrar meus versos, quem eu sou mesmo. Eu tinha feito muita participação em 2016. Se tivesse outra pessoa (no disco), não conseguiria dizer tudo que eu queria“, explica.
As faixas passam por relacionamentos, desabafos, hipocrisias da sociedade e a busca para entender si mesmo e também pela valorização de seu corre.
Djonga também conta quando foi a vez que ele entendeu “aquela que o Emicida cita o Gil Vicente“. “A obra que ele cita fala sobre como coisas que eu já falava, sobre como as relações humanas são hipócritas e falsas. Quando eu olhei para mim mesmo e vi os meus demônios, eu entendi aquela que o Emicida cita o Gil Vicente”.
Sobre a faixa “O Mundo É Nosso“, o mineiro explica a importância de “ver tudo preto” dentro de uma sociedade regada por um racismo velado. Um dos problemas que enfrentou foi a busca por aprovação das pessoas brancas, o que criou uma crise de identidade.
“A galera que tá lá em cima coloca a gente contra nós mesmos. Eu não tenho que olhar para um irmão da minha pele, que passou as mesmas coisas que eu, e ter inveja. O mundo é muito difícil para nós”, lamenta.