Diogo Moncorvo (Baco, Exu do Blues) se prepara para seguir mais uma etapa de sua carreira, o lançamento de “Esú“. O álbum será dividido em duas partes, sendo que a primeira será lançada na próxima semana. Para ele, é “uma batalha épica entre a divindade e a humanidade” e ainda alega que quis “entender a força do humano e a fraqueza da divindade e, ao mesmo tempo, trocar esses papeis”, achando que o nome caberia perfeitamente pra isso. O CD ainda não foi lançado, mas já está disponível para pré-venda.
Em um ano a carreira de Baco deu uma reviravolta imensa. O MC aproveitou o “hype” dado pelo público após a faixa “Sulicídio” e produziu MUITO. Fez diversas participações importantes com artistas como BK, Bril, MC Sid, Derek, Matheus Coringa entre outros, e ainda participou do projeto “Perfil” e de “Poetas no Topo 2“, da Pineapple Supply. Conversei com ele sobre sua carreira, Esú, Tour, Sulicídio e mais. Confira!
– Sabemos que Èṣù é o Orixá da comunicação, o mensageiro entre o Òrun (céu) e o Àiyé (Terra), além de ser aquele que abre caminhos, é o primeiro de todos, o primeiro a ser cultuado antes do início de qualquer cerimônia no Àse, quando recebe o Ìpàdé. Seu vulgo, Exu do Blues, traz toda a influência do Orixá pra si, além de você ressaltar isso em algumas músicas. Muitos dizem que você e Diomedes abriram um pouco mais as portas para o Rap nordestino, o que você tem a dizer sobre isso, justo agora, após um ano de Sulicídio?
“Mano, acredito que as coisas vão fazendo sentido depois de um tempo, entendeu? Vejo que o nome faz muito mais sentido agora do que quando eu assumi essa alcunha. Então, não sei explicar muito bem o que posso falar sobre isso. Acho que não sou eu que posso falar se abri caminho ou não, ou se eu ajudei ou não. Acho que as próprias pessoas, MC’s ou público estão mais qualificados para falar isso do que eu. Mas fico feliz quando as pessoas falam”.
No disco 1, a intro tem instrumental de Scooby Mauricio e scratches de KL Jay (Racionais MC’s). Nas outras nove faixas os instrumentais são de Nansy Silvvz. Nansy passou uma semana em Salvador e conseguiu fazer toda a produção no “Cremenow Studio“, além da pesquisa e criação de samples, junto a Diogo e Djully Badu.
Sobre a produção, Baco comenta:
“Vou rimar em trap, mas é um bagulho diferente, tá ligado? Eu não intitularia como trap porque não tem a energia do trap, mas tem a forma dele. Busquei o Nansy para produzir as faixas justamente por achar que ele é o melhor produtor de Trap do Brasil, no momento, e quis misturar com as minhas influencias brasileiras para dar uma cara diferentona”.
Quanto à segunda parte do álbum, o MC garante que vai dar um tempo para começar a produzir, ele espera que seja bem digerido pelo público:
“A segunda parte vai vir muito doida, eu acho. Acho que vai exigir um pouco mais de calma, ta ligado? Mas é até bom essa calma porque dá tempo para as pessoas entenderem de fato a obra completa”.
Esú tem referência musical de música brasileira. “Os samples falam isso por si só, é um CD bem mais formado pelo Samba, por MPB, pela Bossa Nova, pelo Chorinho, Maracatu, Forró, Pagode do que pelo Rap”. O disco terá ainda uma faixa bônus com ÀTTØØXXÁ, daí já podemos esperar um pouquinho do pagodão prometido por ele.
– Você possui um canal com mais de 100 mil assinantes, a maioria dos seus sons com mais de um milhão de views, parcerias com grandes nomes da cena nacional, como você se sente sendo o primeiro rapper baiano a atingir visibilidade nacional a esse nível? Sente algum tipo de pressão diante disso?
“Fico muito honrado, me sinto contemplado pra caralho! Acho que muita gente ainda não entende o peso disso, o quanto isso interfere na minha vida pessoal, tá ligado? Mas também tenho que não pensar tanto nisso, acho que o meu segredo é esse, não pensar tanto nisso. Não focar em títulos ou em dados e simplesmente continuar fazendo música, tá ligado? Não credito que os grandes nomes da Bahia, que cresceram no ramo musical, se prenderam a esses fatos. Até porque, tudo é muito inconstante, agora sou uma coisa e amanhã posso não ser mais, então, acho que a luta é para se manter”.
Perguntado sobre o futuro e o que pretende fazer após o lançamento do CD, já que a expectativa do público é que ele entre em turnê, Baco respondeu:
“Final de setembro eu creio que a gente já vai começar a abrir a turnê de Èṣù e ai é glória a Deus, né? Caminhada, caminhada, tentar fazer história, tentar fazer algo novo de novo (hehe)”.
Esú vem para abrir ainda mais os caminhos da carreira de Baco, Exu do Blues. E enquanto não é lançado, nos resta a curiosidade. Confira a prévia, “Interlúdio“: