D’ Assis deixou para os 49 minutos do segundo tempo de 2016 para lançar seu trabalho debut, a mixtape “Boladaum Pezadaum i Brizadu Vol. 1” — foram altos perrengues, cê não faz ideia. Trampo esse que acredito que seja único para a cena do Rap brasileiro, devido às produções chapantes que bebem da Bounce Music e 808, e principalmente pelo conteúdo lírico do D.A., que deixa muitos mc’s no chinelo — e, consequentemente, deve incentivar outros depois que escutarem.
Agora, nesta tarde de quinta-feira (26), o mc mineiro lança o primeiro vídeo do projeto, da faixa “É Assim“, que da uma aula de como fazer multi-silábicas, onde D.A. rima durante quase 3 minutos com as mesmas terminações de sílabas — a lá “Caro Vapor” de Don L com aquela pitada de “Hot N*gga” de Bobby Shmurda.
O clipe é rua pra caralho, e o rolê foi todo inusitado, sem roteiro e sem convocação, tudo fluiu numa noite do dia de maldade, conhecido também como sexta-feira. D’ Assis pode falar melhor sobre o que rolou:
— Estávamos na S.P.I. [Skatepark da Ilha, de Divinópolis/MG] numa quinta-feira a tarde quando decidi junto ao Brenndel Ferreira que faríamos a gravação do clipe na noite seguinte, quando aconteceu a premiere do Humberto Souza no vídeo de skate “Preto Fosco” [que inclusive usa uma musica do D.A.] no bar de uma conhecida. O plano inicial era colar numa rua que tem ao lado que é um pico clássico da cidade com apenas o Brenndel filmando, alguns parças usando o flash do celular para iluminar e o 2Berto [Humberto Souza] fazendo a parceria. Mas, do nada, surgiu uma lata de spray, um bando de parças meus chapados, chuva, cachaça e um carro pra ajudar na iluminação. O resto é história!
Assista a essa pancada:
https://www.youtube.com/watch?v=PXHo_NSf2nA
[su_button url=”https://104.248.15.2.br/41414/d-assis-boladaum-pezadaum-i-brizadu-vol-1-mixtape/” target=”blank” style=”3d” background=”#cf4141″ color=”#ffffff” size=”5″ wide=”yes” center=”yes” radius=”5″ icon=”icon: download”]Baixe grátis a mixtape ‘Boladaum, Pezadaum i Brizadu'[/su_button]
O clipe foi filmado no centro de Divinópolis, cidade do centro-oeste mineiro, que fica a 100 km de Belo Horizonte. A edição e imagem é de Brenndel Ferreira.
Se liga nessa ideia que troquei com o D.A. durante a premiere de lançamento do clipe, que ocorreu na última sexta (20) no mesmo bar que o vídeo foi filmado, o bar Claudete:
Ao meu ver, seu primeiro trabalho mergulha de cabeça em ambientes distintos, como o retrato visceral da Babilônia contemporânea e ao mesmo tempo aborda de forma espiritualizada a vontade de viver, crescer. Isso é real? Como te influencia?
Sim! É muito real na minha vida! Eu costumo caminhar entre os dois extremos, entre o carnal e o espiritual, um auxilia o outro para o equilíbrio que necessito, então procuro trazer isso pra minha música, afinal tenho que ser real no que eu falo. Procuro construir uma linha tênue entre minhas experiências carnais e minha espiritualidade. Estamos numa era de preto ou branco, e nos esquecemos que a vida é construída em tons de cinza, cada caso é um caso.
De alguns tempos até chegarmos em 2017, o Rap brasileiro vem se renovando, é uma pegada mais afiada na rima, mais autenticidade na atitude e mais representativa com as raízes. Você acha que isso tende a continuar? E o que falta pro D.A. chegar lá?
Acho que o Rap tem sua coqueluche como qualquer outro estilo, a moda vai e volta mesmo dentro do rap. É um efeito sanfona, e nessa onda o lado lírico se saiu melhor em 2016, e essa tendência já estava crescendo por volta de 2013 ou antes, lembrando que o Rap sempre teve seu lado lírico bem representado com Black Alien, Speed Freaks, Sabotage, C4bal e outros.
Gosto de trabalhar com minhas raízes, por isso falo sobre minha espiritualidade que querendo ou não sempre foi algo ligado ao hip-hop. Observando bem dá pra notar que até no nome da mixtape e na contra-capa eu mantenho minhas raízes mineiras fazendo algumas brincadeiras com as letras pra manter a “sonoridade mineira”.
E o que falta pro D.A. chegar lá? Nada! Ele já está lá de certo modo, só não perceberam ainda!
Suas batidas são suingadas, cheias de 808 e percussões; já na rima, como falamos na matéria de lançamento – lembra, assim como Rincon, Amiri, Coruja, Baco e outros, que a cultura do MC ainda vive. Quais são suas influências na hora de fazer sua música?
Minhas influências variam muito, poderia citar o que estou escutando ultimamente, mas na hora de escrever ou produzir? É difícil! Afinal, foram várias as situações , músicas e clipes que me levaram a compor ou produzir o que fiz até hoje. Meu processo de criação é imprevisível, ao ponto que nem eu mesmo consigo explicar, é como se algo me conduzisse a realizar determinada tarefa em determinado momento, algo bem espiritual… mas posso adiantar que sexo, skate, erva e álcool ajudam bastante!
Você tem planos para o futuro? O que pretende fazer em… 3 anos?
Tenho vários! O primeiro é não morrer até lá, o segundo é não ir preso, o terceiro é fazer muita grana, e o quarto é mandar um Handplant em algum Bowl ou Half de uns 3 metros sem equipamento. [O resto da lista é proibido para menores de 18 anos]
Trecho da música
Porco diz que eu desembolo, não me forje, prove!
Cês num engole o mafioso nem com nove Engove
Mc’s pegam leve demais, tem medo
Falam que é respeito, sem mais! Vão fazer Pop Rock!