“Diss“, expressão tirada da palavra gringa “disrespect“. No rap a diss é usada para atacar um outro mc/grupo numa música ou numa linha. Há quem diga que as diss fazem parte da cultura do Hip Hop. Vamos rever a definição de cultura… Creio que o que faz parte da cultura sejam as batalhas de freestyle, as diss fazem parte da história do rap. E muitas vezes não contribuíram para a história não… Você lembra no que resultou a diss que o 2Pac fez para o Biggie?! A famosa treta West Coast vs East Coast.
Não acredito que diss contribua para a evolução e crescimento da nossa música. Tem tanta coisa mais relevante para nós falarmos, qual é a razão da gente ficar se digladiando? É preciso aparecer uma parada como aquela série The Get Down para fazer a gente lembrar o quão a cultura Hip Hop é rica. Se hoje existem pessoas vestindo uma camisa com a escrita “HIP HOP SALVOU MINHA VIDA“, não é por causa de uma diss. Não é querendo ser saudosista, mas já sendo, quando eu comecei a ouvir rap, as diss eram para o político que roubava o povo, para a polícia que espancava o pobre.
Eduardo em um vídeo citou Sun Tzu: “um exercito dividido entre si é sempre mais fraco“. É meio contraditório o Rap falar de paz, de união, de mudar as coisas e fazer música um xingando o outro. Um desperdício de talento e de criatividade. Não encaro diss como competição saudável, até porque não vejo razão para ter competição no rap. Como disse o Dundum naquele som do Facção, “Sei Que Os Porcos Querem Meu Caixão“; “Cuzão não entendeu, rap não é campeonato / pra vender CD não precisa do meu fracasso!”
Eu não tenho vocação para essas fitas de análise, mas vou fazer só uma comparação rápida aqui. Aquela diss do Nas para o Jay-Z, “Ether“, som foda! Jay-Z deve ter ficado sem graça com aquilo… No mesmo disco que tem “Ether“, tem um som chamado “One mic“, que fala, em alguns versos, da violência policial contra os negros. “One mic” é um som bem mais louco e mais relevante do que uma diss que o Nas fez em resposta para o Jay-Z. E lembrando que hoje em dia os dois são parceiros e fizeram juntos “Black Republican” e “Success“.
Aí geral vai fala que “Sulicídio” é o grito do nordeste, é um som para chamar a atenção do Brasil todo… Mano, o RAPadura já tinha feito isso em 2010 com “Norte Nordeste me Veste“. Sem xingar e sem ameaçar ninguém de morte, o recado dele foi bem claro: “Recito os ribeirinhos o mar’abaixo em vivência / Um norte com essência não enxerga essa concorrência/São tão iguais ouvi vários e achei que era só um / Se no nordeste num tem grupo bom, não tem em lugar nenhum, toma!” Aí porque não foi citado o nome de ninguém do RJ ou de SP, o povo não faz alvoroço, não pediram resposta…
Enfim, essa fita de diss não me diz nada. Marechal tem uma rima que fala: “…tem quem fala mal dos outros, muito mais do que quem grava“. Essa disposição para fazer diss podia ser usada para fazer música boa para elevar ainda mais o nível do nosso rap. É só minha opinião rapaziada, não precisa concordar comigo. E fiquem a vontade para deixar suas respectivas diss sobre este texto aí nos comentários. Valeu, paz!