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Entrevista: conversamos com Drik Barbosa sobre música, feminismo e preconceito

Drik Barbosa é dona de um dos versos mais pesados e importantes do último ano. Afinal, “quem disse que mina não pode ser sensei?“. A rapper fez seus primeiros freestyles lá na Batalha do Santa Cruz e começou a compor com 14 anos.

Vou começar esta matéria dizendo que dia da mulher são exatamente todos os dias. Sim, os 365 dias do ano (ou 366 neste), mas de acordo com nosso calendário, é “celebrado” no mês de Março.

8 de Março de 1857, uma data lembrada por sua luta e seus lutos. Um dia em que mulheres norte americanas resolveram reivindicar em prol de melhorias, decidiram lutar por igualdade, por dignidade e a manifestação foi totalmente reprimida como um grande ato de violência. Hoje, após 159 anos, ainda estamos aqui, batendo de frente com uma realidade e uma sociedade machista que tenta esquecer o real motivo de nossa luta diária.

Eu tive o imenso prazer de conversar com a Drik Barbosa e questionar alguns pontos importantes, principalmente dentro da realidade do Rap, como: feminismo, preconceito e o empoderamento da mulher negra.

Drik Barbosa é dona de um dos versos mais pesados e importantes do último ano. Afinal, “quem disse que mina não pode ser sensei?“. A rapper fez seus primeiros freestyles lá na Batalha do Santa Cruz e começou a compor com 14 anos.

Durante um constante período de amadurecimento como pessoa e artista, Drik lançou o single “Deixa eu Te Levar” em 2014. Entre outros projetos, a cantora também colaborou com Emicida na “Aos Olhos de Uma Criança” e recentemente  chegou forte na faixa “Avante“, do DJ Nelz que traz versos também de Karol de Souza, Xará e Kapella.

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RND: Recentemente, saíram em alguns sites, matérias dizendo que o Rap nacional  é o gênero musical que mais cresce no Brasil, e consequentemente tem se tornado mais popular, claro, inclusive fora das periferias. Mas sempre existiu um lado negativo com a essa expansão e nosso questionamento foi justamente esse. Como você enxerga a popularização do rap? Esse  crescimento é algo amplamente positivo ou tem suas objeções?

Drik: Acredito que o RAP tenha que estar em todos os lugares sim, dominar as mídias e com isso a mensagem ganha força. Mostramos nossa realidade como realmente é e não como passa nas novelas, nos jornais, onde mostram o nosso povo e a periferia como algo negativo.

Temos que invadir tudo mesmo e fazer ecoar nossa voz por todos os lados.
Quem não usa do Ritmo & Poesia pra passar algo relevante, uma hora é esquecido. Nós que levamos isso a sério, que colocamos nossas visões e sentimentos nas rimas, temos que continuar caminhando e progredindo. Foco no progresso!

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RND: A gente sabe que o Rap sempre foi um movimento dominado por homens, fato, mas ultimamente as mulheres tem ocupado e representado muito bem seu espaço, e várias rappers tem ganhado repercussão nacional igualmente aos homens. Como você enxerga o espaço das mulheres na cena do rap nacional atualmente?

Drik: Atualmente estamos ganhando mais visibilidade, mais reconhecimento. Ainda me considero nova na cena apesar de compor canções desde os 14 anos, naquela época já haviam outras MC’s que estavam abrindo os caminhos, cantando na quebrada, pra que nós pudéssemos ter essa visibilidade agora dentro e fora dela. Acredito que ainda falta mais, falta mais oportunidades pra mostrarmos nosso trabalho, falta mais valorização e respeito dos demais, dentro da cena principalmente. Porém, já avançamos muito e acredito que seja só o começo.

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RND: Eu acredito que o feminismo seja um dos assuntos mais abordados atualmente entre as mulheres, dentro do Rap principalmente.  Pra ser bem clara e direta sobre o questionamento seguinte, o feminismo  nada mais é  que um movimento político, filosófico e social, que defende a igualdade de direitos entre mulheres e homens, ponto. Como é sua relação com o feminismo, e como enxerga essa relação dento do Rap?

Drik: Conheci de fato o feminismo e o feminismo negro a pouco tempo e logo que conheci me identifiquei e me reconheci feminista, por ter sido educada e ensinada a exigir respeito, impor limites e ser uma mulher independente. Me dei conta de como teria sido ótimo se isso tivesse acontecido durante a minha adolescência, mas tudo tem seu tempo e acredito que por estar mais madura, quanto ao olhar sobre mim mesma e sobre a minha música, esse era o momento certo. Não posso falar em geral, mas o RAP pra mim, é onde me expresso e poder falar sobre o feminismo através de uma letra é uma porta pra que eu possa me comunicar com outras mulheres e homens também, do quão importante é lutar pela igualdade de gêneros.

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RND: Cara, Mandume pra mim foi sem sombra de dúvidas foi uma das músicas que eu parei e pensei: “Nossa, essa mulher é foda” e sim, ela é. O refrão dela em si teve um destaque, teve referências pesadas, mais ainda, com certeza fez muito boy parar pra ver que as mina não estão pra brincadeira. Eu senti a força da letra,  eu senti a representatividade feminina, eu senti a importância e a luta da mulher negra, eu me arrepiei.  E minha pergunta é a seguinte: Hoje, através das tuas músicas,  você se considera referência para outras mulheres se posicionarem na sociedade?

Drik: Minha música é reflexo de quem sou, do que eu sinto, do que eu vejo. Acredito que eu possa ser referência pra outras mulheres por passar essa segurança e me expressar dessa forma. Passo mensagens de força e empoderamento nas letras também, é como sinto que posso ajudar outras mulheres no seu processo de auto conhecimento, assim como acompanhar o trabalho de outras artistas têm me ajudado.

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RND: De um modo geral, o  preconceito é uma generalização superficial,  mais conhecido como o famoso estereótipo e por mais encoberto que tente ser o preconceito anda estampado na cara de muita gente, pela cor da pele, por orientação sexual e o Rap sempre lutou contra o preconceito racial. Como é ser Mulher, negra e ter voz ativa em meia a uma sociedade preconceituosa?

Drik: É difícil. É resistir e persistir o tempo todo. Eu passei por um processo doloroso desde a infância, até me enxergar de fato como mulher negra e entender de onde eu vim e saber como eu poderia ajudar através da minha música, outras pessoas que estão nesse processo. Na verdade, ainda estou nesse processo, ele é extenso e exige amadurecimento. Sigo buscando conhecimento pra que eu saiba me defender quando preciso, já que a sociedade ataca com racismo e preconceito por todos os lados. Eu sigo tentando extrair o melhor de mim e compartilhando isso com quem se identifica com a minha música.

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A rapper está preparando um EP para 2016, que vai misturar R&B e Rap. E enquanto o disco não sai, Drik tem alguns projetos nos quais participa que ainda serão lançados.

2016 é um grande ano pra Drik Barbosa, acompanhe a mina nas redes.

Recado da Drik para as minas:

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