Milhares de jovens representantes de movimentos sociais estão reunidos esta semana em Brasília para a 3ª Conferência Nacional de Juventude, e Emicida foi convidado a fazer o show de abertura do evento na última quarta-feira (16) para os 2.500 delegados credenciados. Seriam duas horas de apresentação, com participações especiais de Karol Conka, Drik Barbosa, Raphão Alaafin, Muzzike e Rico Dalasam.
Pouco mais de meia hora após o início, porém, o chefe de gabinete de Jaime Recena, Secretário de Turismo do Distrito Federal, chegou com homens do Bope para fazer uma varredura no local do show, argumentando que não havia alvará para apresentação.
Posicionada no Portão 6, de acesso ao palco, a polícia impediu cerca de 500 pessoas credenciadas de entrarem no local. A noite que seria de confraternização pela democracia, terminou com a multidão dispersada por cassetetes e bombas de gás lacrimogêneo.
Gabriel Medina, Secretário Nacional de Juventude, tentava mediar a situação e chegou a ser ameaçado de prisão. Diante da instabilidade, por volta das 23h00 a produção decidiu encerrar o show pela metade.
Ao blog do Emicida, Medina falou: “A organização lamenta o ocorrido. O evento tinha alvará e esperávamos muito pelo show do Emicida”. O problema, segundo ele, foi de entendimento e inadequação por parte da instituição policial: “ela vê com receio o tipo de orientação cultural marcado pelo rap, que foi o escolhido pelo evento. Ainda há muito preconceito contra o hip hop. Temos aqui jovens representantes dos movimentos negro, LGBT, que não são bem entendidos pela polícia”, completou, deixando claro que a ordem não partiu do governador do Estado, Rodrigo Rollemberg que, ao saber do ocorrido, mediou as negociações para a continuidade do evento no dia seguinte.
Horas antes, a presidenta citou Emicida em seu discurso na abertura oficial da Conferência, e falou sobre a “epidemia de violência contra a juventude, especialmente a juventude negra”. Ao lado do ex-presidente uruguaio José Mujica, ela havia pontuado: “Não mudaremos o Brasil fechando escolas, isso é certo. Nós também não vamos mudar o Brasil reprimindo movimentos pacíficos com forças policiais”.
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Esta não é a primeira vez que a polícia intervem um show do rapper. Em 2012, Emicida foi conduzido à delegacia após cantar a música “Dedo na Ferida” e o ato ser considerado ‘desacato’ pelas ‘ autoridades’ em uma apresentação em Belo Horizonte.
Fonte: Blog do Emicida