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Um texto desnecessário para quem curte Rap

O cenário atual da nossa não tão querida, e tão pouco amada nação, anda no mínimo interessante. Independente de qual lado sua ideologia pertença, a de se admitir que as articulações estão indo de sutis manipulações de dados, malas escondidas a agressivas intervenções e por último um atentado direto a vida de uma figura pública.

Dentro desse cenário conturbado e agora “selvagem”, é normal que surjam anomalias dentro desse sistema social, novos modos de viver tendem a surgir desse tipo de situação, somos humanos e temos o hábito de nos adaptar ao meio, seja evoluindo, ou para a surpresa de muitos, regredindo o nosso jeito de coabitar.

Dentro das manifestações artísticas obviamente isso vai se refletir por parte do artista com sua obra e do público para com a obra do artista. Dentro do Rap isso se reflete de forma mais agressiva no posicionamento dos fãs que travam lutas e arranca rabos colossais defendendo sua opinião em comentários de grupos no Facebook, publicações de Mc’s, vídeo clipes no Youtube, onde for possível desferir textos e textos justificando seus pontos de vista, lá estará um fã pronto pro “ataque”.

Levando o pilar central do hip-hop, que é se expressar, não seria de se espantar tamanha vontade dos ouvintes do Rap quererem expor seus argumentos e suas opiniões sobre o que é debatido na letra ou publicação da figura que fala pro público.

O que causa espanto é o fato de uma parte numerosa de fãs colocarem de lado toda a luta e comportamento rebelde que a cultura defende em toda sua existência para compactuar com posicionamentos conservadores, denunciados desde sempre pelo movimento. A loucura chega ao ponto em que alguns fãs de Rap compartilham um descontentamento escrachadamente visível pelo um dos fatores indubitáveis, inquestionáveis da cultura, que é sua origem negra e latino americana nos guetos dos EUA.

Comentam, justificam, contorcem fatos tudo para embasar seus pontos de vista em linhas cada vez mais absurdas para expor o que na verdade é um desconforto em assumir e aceitar que a origem do Rap, ou Hip-Hop em si, está muito longe do luxo e fartura que rappers e MC’s gozam nos dias de hoje, não aceitam o fato da cultura ser negra e por mais que brancos consigam ter sim participações importantíssimas para a perpetuação da cultura, são coadjuvantes e independente do nível de atuação na cena, eles devem ser gratos não o contrário.

Talvez essa coragem em expor suas opiniões, sim, muito equivocadas, seja fruto dessa onda conservadora e atual que todo país enfrenta, não sei, muitas teorias podem surgir e espero sinceramente encontrar algumas nos possíveis comentários desse texto, e não contrasta em nada com a proposta do gênero. O Rap e o hip-hop sempre serão armas pra que os excluídos gritem e nunca para que o opressor perpetue seu discurso, e de uma vez por todas o Rap tem cor e a cor é preta como a noite, ou como um blackout.