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Um pouco de empatia não faz mal a ninguém

Por: Junior Lima

Na última semana em uma aula na minha graduação por algum motivo, que não me lembro, iniciou-se uma discussão sobre a questão racial. A princípio achei interessantíssimo discutirmos algo tão relevante quanto isso em sala de aula, mas eu acabei me surpreendendo negativamente.

Por incrível que pareça, para algumas pessoas, o negro se faz de vítima. Em alguns momentos da discussão ficou claro que, na opinião delas, todo o sofrimento que um negro passa no Brasil não passa de “mimimi”. Chegaram a falar em racismo reverso!!! (Se você acredita em racismo reverso clique aqui, aqui e veja o vídeo abaixo). Isso me incomodou um muito, tanto que acabou a aula agora pouco e estou aqui escrevendo esse texto (20/02/2016, 00:44).

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Sei que em um debate acadêmico deve-se respeitar a opinião de quem não concorda contigo, mas foi complicado. Em dado momento ouvi a seguinte frase:

Tudo bem, os negros foram escravizados e tudo, mas até quando isso (“mimimi”) vai continuar?”

Quando ouvi isso minha perna começou a tremer. Não pude responder no momento, mas agora vou escrever sobre isso, pois caso tenha por aqui pessoas que pensam dessa forma quero que se permitam a ter empatia por nós negros.

Esse “mimimi” dos negros vai continuar sim, pois a escravidão acabou, no entanto continuamos sendo a maioria dos moradores das favelas. Continuamos sendo barrados em estabelecimentos por sermos negros. Continuamos sofrendo racismo das mais variadas formas. Continuamos sendo comparados a macacos. Continuamos sendo esquecidos em premiações importantes. Continuamos vendo as pessoas atravessar a rua para o outro lado quando andamos. Continuamos sendo obrigados a aceitar o padrão estético branco imposto pela mídia. Continuamos vendo pessoas guardarem seus pertences quando nos veem. Continuamos aguentando crianças dizendo que não gostam de negros e as mães falando baixinho: – filho, você não pode falar isso. Não querida, você está errada. Seu filho não pode pensar nisso! Não pode sentir isso! Talvez ele fale porque aprendeu em algum lugar, não necessariamente com você, mas você que o educa deve ensiná-lo que somos exatamente iguais e isso deve prevalecer.

Eu não quero que você que não é negro passe por isso para entender o que é sofrer racismo. Não acredito que só quem sofre na pele pode entender o que é ser negro no Brasil. Você pode ser um branco com empatia. Afinal, eu e a grande parte de vocês nunca carregamos uma criança na barriga, mas mesmo assim temos ideia do sofrimento de uma mulher durante a gestação e após. Você pode se colocar no nosso lugar, antes de rir de nós por termos o cabelo, o nariz, a boca diferentes. Você pode até achar que se te chamam de “branquelo” também é racismo, mas não. Você vai continuar pertencendo à hegemonia branca. Quando sua filha ligar a TV vai ver que as princesas da Disney são como ela. Seu povo não foi escravizado por mais de 300 anos, e isso não é uma muleta para nos escorarmos. Nós preferíamos esquecer essa parte da nossa história, mas infelizmente todo dia somos lembrados que fomos excluídos pelo histórico de violência e opressão.

Eu sei que é possível você não ser negro e ter empatia por nós porque, nessa mesma aula que grande parte da turma nos diminuiu, eu vi que alguns brancos buscaram convencer a turma do contrário. E eu não poderia deixar de falar deles. Deixo aqui o meu agradecimento a todos que compreendem a nossa luta.

O rap nacional sempre se envolveu na questão racial, seja expondo o sofrimento do povo negro ou exaltando o sentimento de negritude. Devido a isso fiz uma playlist de alguns sons que me ajudaram a aceitar quem eu sou, passar a ter orgulho de ser negro. Espero que ajude a você (não negro) a entender um pouco do que somos.

Sou Neguinho – Pelé do Manifesto

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Pelé do Manifesto é um rapper de muito talento lírico do Pará, norte do Brasil. Esse som exalta o espírito negro. Se alguém não o conhecia, procurem por mais projetos dele, vale a pena!

Cê Lá Faz Ideia – Emicida

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Emicida é um dos rappers que mais trata do tema em suas letras. Outras que envolvem o tema são: Besouro, Boa esperança e a aclamada Mandume.

Paz, Coroas e Tronos – Rico Dalasam

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Dalasam em diversos momentos do som faz referências à questão racial. Trecho da música: Não quero em 27 anos, quero agora, saber que não matam um de nós a cada 27 horas.

Sucrilhos – Criolo

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Criolo nesse som também faz muitas referências à questão racial, mas o que me arrepia é o gancho final, que diz: Eu tenho orgulho da minha cor, do meu cabelo e do meu nariz. Sou assim e sou feliz. Índio, caboclo, cafuso, criolo! Sou brasileiro!

A vida é um desafio/Negro drama – Racionais MC’s

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A vida é um desafio é um hino para todos os negros. A introdução do Mano Brown e as rimas do Edy Rock formam um atmosfera que te faz levantar a cabeça e seguir em frente.

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Esse é um som é uma aula, não sou capaz de falar muito sobre esse som. Os caras do Genius já descreveram cada rima, vale o clique.

 

 

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