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ELAS: RND entrevista a rapper Baiana Donna Liu

Esta entrevista marca a inauguração de uma nova coluna no RND, decidimos chama-la de “ELAS”, dedicada as mulheres que dão todo o balanço pro rap.

Sem sombras de duvidas as mulheres tem grande influencia no mundo do rap e se depender do RND esta influencia só ira aumentar.

Entrevista feita por Raizza Prudencio nova integrante do RND.

 

 
RND: Bom, é um prazer entrevista-lá e gostaria de começar perguntando sobre o inicio de sua carreira e como foi sua inserção na cultura Hip-Hop?

Donna Liu: Prazer todo meu! Comecei cantando com um grupo chamado Ordem 387 e o Etinia juntamente com outros irmãos rappers , composto por três integrantes. Um deles, é o meu irmão consanguíneo – Mr Dko, que tá no clipe comigo.Fiz uma participação num cd Demo com eles – com um grupo, também daqui de SSA, chamado “Os agentes”.Esses foram meus primeiros trabalhos, a gente rodava um monte de comunidade daqui cantando, até eu conhecer um grupo chamado Etinia,do qual, meu parceiro Afro Jhow fazia parte.
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RND: Com quantos anos você começou a cantar,qual é a sua cidade?você tem quantos anos de carreira?

Donna Liu: Comecei a cantar com 13 anos na igreja, tenho 29 e sou de Salvador.

RND: Na sua visão,o Hip-Hop na Bahia tem uma função diferente das demais cidades do Brasil?

Donna Liu: Não conheço muitas cidades brasileiras, mal saio daqui! rs Mas a meu ver, o RAP é um só!! Tem Um objetivo que é comum: falar das mazelas do nosso povo e tentar, a partir disso, construir uma nova realidade!

RND: Como é a cena do Hip Hop Feminino em Salvador?

Donna Liu: Não temos muitas mulheres em evidência. Mas tem umas pretinhas que representam muito bem aqui. Uma delas, é uma amiga, que eu cito muito nos lugares onde vou: Mahara. Já gravei uma música com ela “Nossa bossa”. Ela representa muito bem a gente! rsExiste uma discussão nos movimentos políticos aqui, que incluem esse assunto, em que se afirma o machismo muito presente no meio RAP, como principal responsável por isso. Eu até concordo, mas, penso que precisamos produzir e avançar nas discussões. Como se fala na gíria “meter as caras”! rsrs

RND: Esse preconceito das mulheres na cultura Hip-Hop é derivado por qual motivo na sua opinião?

Donna Liu: Acredito que o machismo é repressor e por isso nossa auto estima fica abalada. Acabamos por acreditar, que não somos tão capazes quanto eles! Entretanto, durante as discussões nos movimentos feministas, não avançamos. “Giramos em círculos”! Tratamos dos mesmos assuntos sempre e acabamos por esquecer de pensar no que é mais importante: estudar e produzir! O histórico do RAP já é majoritariamente masculino. Isso perpassa pela discussão de gênero. É um assunto muito delicado! Mas é nisso que eu acredito!
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RND: Falando sobre seu trabalho,você tem mixtape lançada?Como foi o processo de gravação do clipe?

Donna Liu: Vou lançar um EP esse ano, que vai se chamar, “Meu Alvo”!Foi muito bacana! a produção foi de Max Gaggino um cara que ta contribuindo muito pra cena do RAP local e sei que ele vai chegar ao mundo! Gravamos no centro da cidade – Pelourinho maior parte das tomadas foi gravada num Museu chamado “Solar Ferrão- e numa loja de vinis que fica na Barroquinha (é como se fosse o final de linha da Baixa dos Sapateiros, cantada pelo nosso querido Dorival Caymmi) as ideias foram do próprio Max, inclusive a cena do Sushi!

RND: Donna Liu,desde já agradeço a entrevista,para finalizar,gostaria de saber na sua percepção o que é pra você ser uma cantora e negra no Brasil,e o que você espera da sua carreira após o lançamento do seu trabalho?

Donna Liu: Ser cantora negra nesse país é difícil! o racismo está presente na indústria fonográfica e a oportunidade pra nós divulgarmos os nossos trabalhos é bem menor! entretanto, como diria um velho amigo, “todo sistema tem seus furos” e nós os aproveitamos! a musica negra tanto insistiu, que ta conseguindo um espaço na grande mídia! exemplo disso é o “The Voice Brasil”! Ficou bastante explícito que nós tivemos maior destaque. E pra carimbar, a vencedora foi uma artista negra! por outro lado ainda temos muito a fazer! mas o melhor de tudo é que aprendemos com nossos ancestrais a não desistir!O que eu espero do lançamento do meu trabalho?Conquistar um público que acompanhe meus trabalhos e provar que a nossa música tem um lugar sim, nessa nova configuração da música popular brasileira. Desmistificar a ideia de que “a soul music não dá dinheiro aqui, “porque não tem público”! Tem sim! Só não há quem invista! Ainda!!!

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