A produção é bem orgânica: nem todas as faixas contam com beatmakers, e há a presença de diversos instrumentos que dão o ar meio roots ao trabalho. Desde a primeira faixa é proposta uma junção dessa sonoridade mais acústica com synths modernos e beats refinados, mas a ideia só passa a funcionar a partir da segunda metade do álbum; nas primeiras tracks parece que não rola muita uniformidade no instrumental como um todo, dando a impressão que uma parte ofusca a outra.
O vocal de Msário se destaca pela parte lírica e pelos bons momentos onde ele cria uma boa sintonia entre as partes cantadas e as rimas. Esse outro aspecto também melhora nas faixas finais do álbum, nas quais os refrões soam melhor, os flows são mais ousados e as rimas são mais atraentes. Ai vão alguns dos versos interessantes encontrados no álbum, tirados da última faixa (e a que dá nome ao trabalho):
Quando ele se desanimou, quando ele se viu sendo só
Foi ai que ele fraquejou numa carreira de pó
Pra não ser mais, nem menos, porque o corre é mil volts
Se eu curtir hoje e depois? A mente não fica avonts
De uma forma geral, o álbum é uma boa pedida, e retrata bem a musicalidade e a mentalidade do Msário. Os feats quentes (Kamau, Rael, Max B.O., entre outros) acrescentam ainda mais ao trabalho. Os pontos que decepcionam são a disparidade da 2ª metade em relação à 1ª, e ao flow do rapper, que se apresenta algumas vezes engessado, mas a obra ao todo está bem coesa e agradável aos ouvidos. E é isso, esperem a próxima quarta pra mais uma hot review nacional. Peace!