Cá estou eu em uma quarta feira , negada ! O motivo? O nosso menino Lahuss foi orador da sua turma ontem e o chefe deu uma folga pro moleque, e claro, estou cobrindo ele hoje. Então, sem muita enrolação, vocês perceberam que a review nacional de hoje é sobre o “SAECULUM”, disco do rapper Valente, que trás um trampo regado de trap do começo ao fim. Seria esse cd e tantos outros como o discos duplos do rapper Ber, que saíram esse ano, o começo da verdadeira disseminação dessa vertente aqui no Brasil?
Pra responder logo a pergunta que fiz lá na introdução, a resposta é sim. SAECULUM, é uma palavra em latim que traduzindo pro português significa “Nova Era” e esse título já remete a ideia de um novo começo, ou a nova escola do rap aqui em nosso país. Segundo o rapper, o disco estava sendo feito desde 2013 com muito suor e preparo no estúdio, e sim, percebemos que ele trabalhou duro na criação do seu disco, no quesito produção, os beats de trap trazem uma sonoridade nada enjoativa ou abrasiva. Indo pro tema conceitual, vemos um lado de ocultismo interessante por parte do rapper, logo na primeira track chamada “Aleister Crowley”, vemos referências à tais pensamentos de forma aberta. Logo em seguida, temos um começo regular nas musicas “Doutrina”, “Paradiso” e “DISS-cípulo”. Percebemos que o Valente tem até certa facilidade na execução dos temas propostos, além claro de conseguir nos distrair com rimas quase recreativas.
Porém, é notória a deficiência do rapper em certos pontos técnicos. No quesito da delivery, ele é desnivelado e seus flows não são muito interessantes. Seus vocais, apesar do meu ver serem muito investidos ou abordados, são fracos e suas rimas algumas vezes são descartáveis. A musica “VNDXRGRXVND”, é um grande exemplo daquilo que eu já estava falando, não tem rimas à acrescentar e Nog, rapper do Costa Gold, é bastante assimétrico ao meu ver. Já as outras participações, não vi nada muito gritante, a maioria tá bem para ok e consegue completar a ideia do Valente.
Bem produzido, com bons toques dos beatmakers; Hupalo, Chris Beats, Kitone Beats e outros produtores. Na lírica, temos uma inconsistência evidente, mas a sonoridade proposta não é desgastante. SAECULUM está longe de ser ruim, no entanto Valente tem que melhorar em tais aspectos de mc para nivelar com suas boas escritas. As participações são legais, alguns refrões são interessantes e a ideia do ocultismo me chamou bastante atenção. Vamos dizer que SAECULUM chega a ser sim, um disco interessante e escutável, contudo, com algumas deficiências em certos pontos.