Fala, bando de cu sujo! Cá estou eu, mais uma vez, pra dissertar sobre uma obra nacional do rap. A bola da vez é o álbum de estreia do carioca Beni, representante do célebre bairro do Catete, ou TTK para os íntimos. Além de meter altas rima, o cara também produziu TODAS AS QUINZE FAIXAS DO FODENDO CD. Quer saber no que deu nisso? Nem precisa esperar o Globo Repórter sexta, cola com nois agora mermo!
Em sua metade rapper, o cara manda bem demais. Os flows, tanto na qualidade como na variedade, são seu ponto mais forte ao mic, mas não quer dizer que a lírica decepcione. Rolam altas punchlines e jogos de palavras em tracks como “Dias de Rei”, “Getting to My Head”, “MalcolmX” e “1;15”, por exemplo. Ele também sabe usar muito bem o autotune: sem exagero e de uma forma bem criativa e consciente, o que acaba fortalecendo faixas como a “Intro”. Há algumas faixas onde ele soa um pouco repetitivo, desperdiçando algumas linhas, mas esses casos são exceção à regra. Um bom exemplo é a já citada “Dias de Rei”, onde ele começa dando esse deslize, mas logo dá a volta por cima e chega dominando o beat com linhas do tipo:
Estilo Drácula, deixe que esse beat sangre
Tu tá tão na lama que essa porra já parece mangue
Não tente me queimar porque eu já sou fogo constante
Tão flamejante, fecho a porta do Inferno de Dante”
Se eu já tava elogiando o Beni no mic, agora vou quase escrever uma declaração de amor pra ele: esse filha da puta produz DEMAIS. A identidade sonora do álbum é bem notável e as referências à cultura negra nos beats casam de uma forma bem original, nem um pouco clichê. Os samples de soul casam muito bem com os drums 808, que dão uma sonoridade bem trap de raiz à maioria dos instrumentais. Há também espaço pra samples brasileiros (como por exemplo na “Retrovisor”) e até uma track com elementos jamaicanos, a “Getting to My Head”. Falando nessa faixa, é interessante como o cara consegue rimar utilizando os elementos do beat como uma extensão de suas letras; isso é muito usado na gringa por artistas como o MF DOOM, mas na nossa cena rola bem pouco. As colagens de filmes também são outro ponto positivo: estas dão uma contextualização bem maneira aos temas trabalhados e ao conceito do álbum de uma forma geral.
Destaco ainda a ótima escolha dos feats: o cantor Valmir Nascimento mandando benzão nos refrões de duas faixas, além do Mr Catra abrilhantando a “Discriminação” (que por si só ja é uma das melhores do disco, beat lindo e letras maneiríssimas). O Beni também convocou dois muleques picas da cena do RJ, que soltaram versos dignos de renegade. O Shock (famoso Quechó) do Start chegando pesado na “Peso” (foi mal pela piadinha hahahaha) e o menino BK, já conhecido dos leitores de tanto que nois puxa o saco desse viado, as bolas já devem tá no chão, cuspindo fogo na “Sinais (Larissa’s Riquelme)”, OLHA O NOME DESSA TRACK NEGUIN, SÓ OLHA E OUVE PRA TU VÊ. Também rola o Emesete soltando altos versos autotunados na “Jogo Sujo”, outra faixa interessante.
Enfim, as únicas falhas que pude notar foram as já citadas bobeadas do Beni quanto ao desperdício e repetição de linhas. Entre as 15 faixas, apenas 3 soaram abaixo da média pra mim: a “Na Disposiçao”, a “Passatempo” e a “Retrovisor”. Não são tracks ruins, mas é que o resto do álbum ta simplesmente de cair o cu da bunda de tão bom. O conceito não foi deixado de lado, e as críticas e mensagens foram bem colocadas, sem que se tornasse algo chato. E é isso mes amis, fiquem ligados nesse humilde blog porque vem review atrás de review! Até!