Como o próprio nome já entrega a proposta festeira desse álbum, eu tava esperando uma produção bem voltada pras tracks animadas. Isso realmente rolou, mas não num nível satisfatório. Os instrumentais, produzidos em sua maioria pelo Saulo Zion, apesar de trazerem elementos do funk, trap e música eletrônica, não tiveram aquele apelo dançante e muitas vezes soaram desorganizados: a bateria nem sempre casou com o resto dos elementos, e nem a já usual mescla de trap e tamborzão carioca rolou de forma agradável aos ouvidos. Ironicamente, o resultado não foi o mais adequado pra rolar nos bailes.
Na parte lírica, o Maomé mostrou sua qualidade já apresentada nos trabalhos anteriores da Cone, e rimou de forma consistente durante o álbum, mas não conseguiu surpreender. Além do seu flow característico, dá pra perceber que ele renovou sua levada ao rimar nos traps. Além da óbvia temática de festa, ele também versou sobre sua família, o cotidiano carioca e o proceder das ruas, mas não espere esquemas de rima muito elaborados ou punchlines mirabolantes. Há a presença de uma ou outra, mas sem muita regularidade. Como MC, o Maomé fez o feijão com arroz, sem vacilar mas também sem ousar nem sair da zona de conforto.
Quanto à estrutura e organização do álbum, há coisas a serem destacadas. A proposta de um trabalho dançante e pra cima não foi totalmente satisfatória e, além disso, as músicas ficaram muito parecidas, tanto na produção como nas letras. A quantidade excessiva de feats do Saulo Zion (9 das 10 faixas, além de ter produzido 8) foi outro ponto maçante. Ainda falando das participações, o destaque positivo vai pra dois MCs de funk: o hitmaker Tarapi (ixcurregaaaa) e a lenda Menor do Chapa que, mesmo se encaixando bem nas músicas onde foram requisitados, não conseguiram salvar o produto final.
E é isso mes amis, não fechem a aba do blog porque aí vem muito mais texto pesado! Até!