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Review Nacional: “Anaga” por Aori

artworks-000105388823-0ya2nm-t500x500Fala pra mim, seus stan de Ja Rule! Menino Hussein aqui resenhando sobre mais uma obra da cena nacional, e dessa vez o escolhido é o EP Anaga, da lenda carioca Aori. A metade MC dos Inumanos e um dos mais crias da Lapa, o cara voltou a cena no começo do ano após um longo hiato. Na época do lançamento do trabalho eu ainda não fazia parte do dream team dos blogs, mas minha admiração pelo Tony Manero e seu legado (ouçam “Volume X” dos Inumanos, clássico!!) me fizeram lançar essa review mais atrasada que o Barrichello andando de Fiat Uno. Como o Anaga tá curtinho, vou fazer naquele esquema faixa a faixa, tudo repartidinho a lá Tiradentes. Tiupar!

A 1ª faixa dá nome ao trabalho. Embora o Aori tenha mil alcunhas (Aori Sauthon, Tony Manero, MC Lapa, etc), ele faz questão de deixar bem claro que quem é parça dele mermo o chama de Anaga. A track já começa animando com um skit hilário do “Todo Mundo Odeia O Chris”, e conforme vai rolando, o rapper vai apresentando a si mesmo e também o conceito do EP: o tom aqui é bem mais pessoal que nos Inumanos, como se ele tivesse falando dessa vez do personagem por trás da identidade secreta, ou seja, ele mesmo (essa porra parece confusa mas nem é). Com um baixo marcante no beat e letras cujas referências vão de Racionais a shout outs pra vários rappers no refrão, a intro me agradou pra carai.

“Clima” é o nome da 2ª track, e é uma das que eu mais curti. O beat meio aéreo, bem chill out e com mais um baixo lindo já te conquista de cara. O refrão bate doído. E o Anaga (vou considerar que já sou teu íntimo nego) vem com aquelas linhas sinistras cheias de jogos de palavras e referências, pelas quais ficou conhecido. O sample pós refrão de “Não É Sério”, do Charlie Brown Jr., deixa a faixa ainda mais redonda. Eargasm.

Logo após, chegamos às “Levadas Esqueléticas”. Cheia de alusões à comida, essa é outra track ótima. O beat é mais simples, com mais uma combinação loop aéreo+baixo, mas agora com uma bateria mais agressiva. O Aori solta dois versos pequenos mas incríveis (o 2º principalmente), o refrão é de dar risada a vera e o Maomé da Cone chega com um feat que mantém a proposta temática da faixa e mais metáforas que alimentam (pun intended) a mente. Até aqui o EP se manteve praticamente sem deslizes.

Prosseguindo para a 4ª, vem a “Ritual Noturno”, a qual deixa a desejar em relação às outras, talvez por causa do beat (que não é ruim, mas não é tão bom quanto os anteriores), ou pela temática semiamorosa que não encaixa na sequência das tracks, ou quem sabe pelo flow meio off beat demonstrado (que também quebra um pouco a vibe que o trabalho tava mantendo). Mesmo com essas pequenas falhas, a inteligência do rapper ainda se sobressai: Aori aqui faz alusões que vão desde a vilã Nazaré das novelas, passando pela clássica “Cena Surreal” dos Inumanos, e até Star Wars, com citações à Princesa Leia e ao Lando Calrissian. O cara parece que escreve rap com a Wikipedia aberta vendo Gnt enquanto lê Drummond, muita referência junta ao mesmo tempo.

A faixa seguinte é a “Disciplina”, e nela volta o nível alto que o EP tava mantendo. O beat mais contente e animado, os recortes de “Homem de Aço” do DMN e um flow maneiro dão nova vida ao trabalho. As letras são mais introspectivas, com uma punchline aqui e ali. A track é curtinha, dando uma boa dinâmica que se estende à sua sucessora.

“Salve o Som”! Com esse nome bem sugestivo, além dos ótimos versos do Marcão Baixada e do Bacon, representando respectivamente a nova e a velha escola do RapRJ, essa ode metalinguística não poderia sair ruim. O beat é bem agradável, com um violão que ecoa e relaxa, e o refrão é pica demais! A mina que o canta se chama Milla, e ela tá de parabéns amigo, ponham-na em mais hooks! Após isso tudo, chega o nosso nigga Anaga soltando mais um verso venenoso, abrindo a caixinha dos wordplays e no final soltando aquela alusão aos Goodfellas. Bela track que mostra a relação íntima dos rappers com seu produto.

A faixa que fecha o trabalho é a “Manha Literária”. O beat é bem relaxante, com um pianinho, um baixo e um synth suave. A levada e a métrica do Aori nos versos estão sinistras, e ele escreve sobre escrever, em mais uma música cheia de metalinguagem. A única coisa que não me agradou nela foi o refrão: a impressão é que faltou um pouco de capricho nele, ainda mais por se tratar na última track do álbum.

De uma forma geral, o EP cumpre bem suas funções: satisfaz o antigo fã do Aori, e também apresenta seu estilo aos ouvintes que porventura não o conhecia. Os deslizes realmente são poucos, mas como há poucas faixas, estes não passam despercebidos, apesar de não atrapalharem muito no andamento da obra. Destaco a produção encabeçada pelo DJ Babão (salve Inumanos de novo!!!) e vários outros beatmakers, principalmente nas três primeiras tracks; além dos feats que agregaram bastante à proposta. E é isso meu bonde lindo, não fechem nossa aba porque essa semana ainda tem mais texto quente do blog que faz os outros parecerem o Vasco (HAHAHAHA)! Até!

Nota4