Scarface está de volta nos presenteando com mais um registro. O rapper do texas vem com o seu décimo segundo álbum de estúdio bem afiado nas rimas cheias de contextualizações bacanas. Diferentemente de um gangstar rap bem violento, nesse disco ele vem mais “smooth”. É isso mesmo que você leu, a bola da vez é o “Deeply Rooted” povo feio, vamos pro que interessa porque o Dirty rap vem bem representado mais uma vez.
O Brad vem em mais um registro com fodendas 15 faixas, 18 se formos levar a versão deluxe. Os refrões, com certeza, é o símbolo a parte desse projeto. Querendo ou não, sem os ótimos refrões de Papa Reu, Jack Freeman, Z-Ro, Rush Davis e John Legend , Deeply Rooted teria outra cara. Na primeira track do bagulho, tirando a Intro que segue com um piano melâncólico seguido de outros instrumentos clássicos do Mike Dean, temos em “Rooted” a cara de tudo. Rimas introspectivas e com contextos conscientes diante dos problemas vividos em todos os guettos norte americanos. Só para ter uma ideia, esses casos de racismo que se tem visto de alguns policiais contra jovens negros seguido de uma retaliação rápida e agressiva da população negra, aqui é mantida como uma forma de bons e maus olhos. Para Scarface, não se luta contra o ódio com mais ódio, porém, ele entende a reação das pessoas para tais problemas seculares que jamais foram corrigidas pelo sistema. Se você queria rimas agressivas de um gangstar rap respondendo à esses casos de forma bem suja, você vai cair de queixo no chão. O cara bota o trilho nos eixos, diferentemente de alguns outros rappers do jogo que responderam de uma forma muitas vezes agressivas. Mas pera lá, não estou colocando isso como um ponto negativo do Scarface ou desses rappers, mas sim, contextualizando vocês.
Voltando pro que interessa, o lazy flow do scarface tem que ser elogiado, a experiência aqui conta e muito, até porque o Brad não vem com rimas muito complexas ou técnicas rimáticas bem elaboradas. Aliás, isso nem é de sua característica. Contudo, todo beat proporcionado pelo N.O Joe ( produziu quase todas as faixas), seja em boom baps com drums alternativos eletrônicos, cloud rap, ou até mesmo um trap singular, Scarface rima bem e te prende à atenção. Em “Do What I Do”, temos o Rick Ross sendo o Rick Ross e um Nas sendo o Nas. Jabs políticos por parte do Nasir é o que não falta, ele não tem papas na língua. E puta que pariu, o Z-Ro foi do simples ao perfeito no refrão, preste atenção e se delicie. Logo após, indo para pontos religiosos presentes, vemos em “GOD” um John Legend fazendo um básico de uma forma bem singela e com o N.O Joe de novo na batida. Nessa track as linhas introspectivas retornam, na verdade, quase nunca a introspectividade nos deixa. Logo em seguida de novo, em “Exit Plan”, vemos resquícios da violência com um Akon dos tempos áureos, a saudade bateu forte no meu coração meu parceiro.
Bem trabalhado, produção feita sob medida para as rimas experientes e refrões deliciosos, tornam Deeply Rooted um excelente disco. A longevidade do projeto é uma coisa que me incomodou muito, 15 faixas para mim, foi desgastante pelo fato do roteiro sempre apresentar as mesmas temáticas e a mesma formula de produção e execução. Tirando isso, me agradou a apresentação do trampo, foi digno e sem muitas delongas líricas. E sim, a versão deluxe tem boas faixas, entretanto, você não irá perder quase nada se não escutar, não há nada demais mesmo. Enfim, é isso irmão, até outra review porque o ano não para. Até próxima sexta.