Salve brabos y brabas do RND, Hugo Araújo mais uma vez aqui passando o tempo escrevendo sobre rap, etc.
Depois de criar o maior movimento do século pré-lançamento de um álbum, o tal do Fabrício, popularmente conhecido como FBC, dropou no último dia 15 de novembro o mais do que esperado “PADRIM“, desde sempre candidato a melhor álbum do rap nacional em 2019.
Confesso que o drop veio em um momento difícil para eu aplicar o deguste. Em uma sexta-feira de feriadão, várias coisas estavam acontecendo em Salcity e só hoje eu sentei para meter o pau na máquina no mais novo projeto do ex-integrante da DV Tribo (volta DV, pelo amor de Deus). 😭😭😭😭😭😭😭😭
Antes de começar os castelamentos sobre “PADRIM“, é necessário enfatizar como Fabrício trabalhou bem o hype do seu último filho. Na verdade, devido a ridícula banalização da palavra “hype“, chamar o que Fabrício fez de “hypar” chega a ser irresponsável. FBC criou, de fato, um movimento, que colocou o RAP em evidência.
Vitória do underground belorizontino. Desfruto.
Mas, voltando aos papos, será que alguém ainda clica em um vídeo de Guilhermão Zetre? Com certeza sim.
Pois hoje brincaremos de react, mas um bom, eu juro.
Graças a Deus “PADRIM” só tem 10 faixas, um tamanho ideal, e o deguste pode ser aplicado em menos de uma hora. Álbuns que são compactos = coisa boa.
Abaixo, pequenos rabiscos sobre “PADRIM“. Peguemos a visão.
DEUS ABENÇOA
Como é costume de todo álbum bom, “PADRIM” não podia deixar de ter uma introdução com cheiro de clássico. Conversas entre rappers e ‘OS SEUS’ são quase como uma instituição dentro do rap music para caracterizar por quem os rappers correm.
Sou bairrista demais para sotaques, mas o mineiro é um dos meus fechamentos. Ouviria mais umas três faixas só de FBC trocando umas ideias. Porém, mais do que mostrar FBC em um momento gente como a gente, a Intro de “PADRIM” faz a cama para a próxima música do álbum de forma mágica.
Acho maravilhoso quando rola essas transições, que também não são nenhuma novidade ultra vanguardista do rap, mas são frequentemente maravilhosas. Em poucos minutos, de forma sútil y verdadeira, FBC proporciona orgasmos musicais para os nossos ouvidos.
MONEY MANIN
Com a caminha devidamente feita, com certeza ‘Money Manin‘ está no grupo das melhores tracks de “PADRIM“. Em um refrão pika, a música conquista o ouvinte com um som que bate de primeira, saca?
Além de todas as skills que FBC demonstra em sua escrita, ‘Money Manin‘ é ótima e apaixonante essencialmente porque bate. A música certa no lugar certo.
“Eu mesmo parcelei no governo do Lula, mano (Lula livre!)”
Destaque para esta ad-lib “Lula Livre”. Que momento!
O som termina com diálogos de gangster e 1 (UM) tiro. Eu nem sabia o que viria pela frente, mas sabe quando você tá em um jogo de futebol e aquele craque mete um lance debochado que faz você pensar: “valeu o ingresso”. É isso.
“Vai reagir no inferno agora, fila da puta”.
Indiretas? 🤪🤪🤪🤪🤪🤪🤪
ASSIM QUE SE SENTE
O primeiro beat neurótico chega no recinto. Então vamos apenas desfrutar a beleza de um beat neuroticão, certo? “ASSIM QUE SE SENTE” é um banger acachapante, que traz aquela maravilhosa agressividade que te faz querer trocar socos. Socos honestos, só na broderagem.
“Diz a qual a distância que tu tá do tiro
E eu te direi o peso do seu privilégio”
Diz a qual a distância que tu tá do topo
E eu te direi “Tá louco?! Isso é privilégio”.
Um refrão foda rodeado por linhas pesadas. FBC está sendo FBC em “ASSIM QUE SE SENTE” e eu só preciso de raps assim para ser feliz. Como se não bastasse, Sir MC Poze do Rodo encerra a canção. Tá fluindo, família.
CAPA 3
Depois dos “bate cabeça” de “ASSIM QUE SE SENTE“, Fabrício diminui o ritmo e manda aquela dançante em ‘CAPA 3‘.
A faixa até que parece ter carinha de “love song“, mas não gosto da classificação “love song” dentro do rap contemporâneo. Me remete a qualquer merda acústica plastificada feita para abocanhar aquele público paraquedista, saca?
No fim, não tem a ver com a temática, e sim com a estética.
‘CAPA 3‘ tem um beat massa, uma narrativa que entretêm e um refrão cativante na voz da menina Lallo.
Nós é vila, então respeita o Padrim
Quem peita o Padrim?
Ninguém peita o Padrim, ahn
E pra tanto recalque assim
Deve ser porque a mina dele tem uma queda por mim
Bragadocious.
IPHONE
Música que menos me prendeu no álbum. A track nem é ruim, isoladamente falando, mas na sequência da ordem das músicas do álbum achei que enjoou um pouco.
Eu ainda estava sedento por algo mais com cara de “ASSIM QUE SE SENTE” do que “CAPA 3“. Give me as pedradas, pelo amor de Deus.
Mas ok, espero que essa canção seja a que mais contribua para o aumento bancário do menino Fabrício. Rappers precisam ganhar dinheiro.
CONFIO
Candidata a melhor do álbum desde que o nome Ebony apareceu nos registros da track. Até agora é a minha favorita.
Que beat bom, lekada. É disso que eu estou falando. Atenção aos 0:42. Que coisa gostosa. Vamos todos embrasar ao som de graves potentes. Graças a Deus “PADRIM” voltou ao ritmo alucinante.
Que verso espetacular da menina Ebony. LADRONAH DEH FAIXAH original. Que talento para deitar nos ad-libs. Sensacional.
Hoje me olham e competem tête-à-tête (Yeah, yeah, yeah)
Antigamente me compravam pelos dentes (Yeah, yeah, ayy)
Ui.
THC
Refrão certeiro, flow sagaz. Típica música para ouvir antes de um rolé, de fato. Durante o som, FBC ainda fala que roubou o flow de Derek. Lembra mesmo.
THC na mente do FBC
Quando você acha que acabou aparece o verso envolvente e a voz gostosa de Carlins a.k.a Lucas Carlos. Jovem Carlos faz parecer que rimar é fácil. Muito paloso, de fato.
Agora, assim, eu não colocaria mais um verso de FBC e mais uma parte do refrão. 4 minutos e 14 segundos as vezes pode deixar um som desse tipo grande demais, MAS QUEM SOU EU PARA DIZER QUE FBC NÃO DEVERIA ESCREVER MAIS BARRAS?
Eu nem sou fã de músicas muito grandes assim. Pois é, 4 minutos e a juventude já está achando muita música, mas aqui foram 4 minutos e 12 segundos bem desfrutados. Mais uma track pika para “PADRIM“.
Faltando três faixas para o fim do álbum, o placar do novo projeto solo de FBC está bastante positivo. Registre-se.
$ENHOR
Uma track com BK sempre chama atenção de todo mundo, certo?
Notado por ter várias estrelinhas no quesito “punchline” na sua cartinha de ‘Super Trunfo do RAP’, é importante não resumirmos o artista Fabrício a só um taz-mania louco soltador de ‘linhas de soco’.
FBC canta mais um refrão acertado em seu álbum, com muito potencial para entrar fácil em qualquer playlist.
Conheço pouco do Lennon, mas sempre me pareceu ser brabo. A colagem de Mano Brown valorizou o verso de forma incrível e a sua participação rimando ao lado de dois gigantes do RAP BR foi bem eficiente.
No momento que BKristo chega, todos nós temos que ter a consciência de estarmos ouvindo um dos melhores rappers brasileiros da década. Flow sempre diferenciado, caneta acima da média. This is BK.
“Ah, não sou Neymar, mas saudade do que nós não tivemos ainda“
🤣🤣🤣🤣🤣🤣🤣🤣🤣
SE EU NÃO TE CANTAR
Fofa. É a cota “lentinha” do álbum e bem compreensível. Apesar de que por mim todas as 10 tracks seriam compostas por pedradas, uma track deste tipo traz versatilidade para o trabalho e uma vibe nova para o álbum. A voz feminina ao fundo me encantou. Eu perco muito para vozes femininas cantando em raps.
ODE A TRISTEZA
Esperava que o álbum terminasse com uma PEDRADA. Eu já falei que amo pedradas?
“ODE A TRISTEZA” vem na forma de um emocionante desabafo cantado do menino FBC.
Mais importante do que pedradas, love songs, etc, um álbum de rap tem que ser de verdade. “ODE A TRISTEZA” simboliza a veracidade do monstro FBC e finaliza “PADRIM” com 2 minutos e meio de uma verdadeira “Ode a Tristeza“.
Que trampo.
Esse foi o nosso react escrito (?). Para finalizar, como um bom filhote da cultura dos rankings, deixarei aqui o meu Top 3 de favoritas, certo?
1- CONFIO
2- Money Manin
3- ASSIM QUE SE SENTE
Obrigado por este trabalho, Fabrício.
Depois de uma campanha colossal pré-lançamento, pode ter certeza que você cumpriu com o seu papel e deixou um legado.
Fé pra você, fé pro underground, e cola em Salcity com este álbum. Por favor.