Não é uma morte física, talvez uma morte simbólica. Mas morrer e renascer ainda é progredir e progresso é o que o rapper goiano Criolin tem buscado há algum tempo. No dia 1 de agosto de 2019, ele resolveu matar sua identidade artística, na qual vem construindo ao longo dos últimos anos. O Criolin, que nasceu na roda de batalhas de freestyle nas periferias de Goiânia, Trindade (sua cidade de origem) e no entorno, que venceu várias “de sangue” e, principalmente, as batalhas de conhecimento e que demonstrou, enquanto jovem periférico, o valor de se aprender mais, conhecer mais, ler mais, porque ninguém te tira o conhecimento e isso é extremamente revolucionário.
Após muitas batalhas vencidas, na vida e no rap, Criolin partiu para música, começou a compor, lançou vários sons da hora que dialogam com as vivências da juventude e com o que a sociedade tem enfrentado. Já gravou com Gigante No Mic, Gday, Afrodite, DeVito e isso é só o começo…
Revolucionário mesmo foi não se reconhecer mais neste apelido “Criolin”, que carregou desde muleque.
“Ganhei esse apelido quando eu era menor, bem antes do hip hip e do rap, ganhei ele em dois lugares, em trindade pelo meu mano Will, não lembro bem o motivo mas pegou fácil e em Goiânia pelos meus manos da G9 na época do ginas, porque quando traziam o violão eu só cantava Criolo Doido, de lá pra cá todos me chamam assim normalmente, porém desde que estou fazendo música, desde que estou no hip hop, surgiu um questionamento sobre meu vulgo, por eu ser branco é claro, existe criolo branco?”, explicou ele.
Ao se questionar sobre isso, Criolin resolveu dar um passo adiante na sua carreira e assumir seu próprio nome GUILHERME para reconhecimento artístico. Agora Criolin é MC Guilherme, embora pra muitos ainda será o mesmo. Morreu não o artista, mas um “vulgo” pela qual ele não achava justo carregar. Decisão sábia de um jovem rapper aspirante no rap nacional, que agora se prepara para alçar voos ainda mais longes, não somente em Goiás, mas em todo país.
Tão importante quanto a mensagem e o respeito que você leva atuando no Hip Hop é como as pessoas vão te reconhecer. E foi isso que o fez tomar essa atitude. Confira abaixo a declaração de Criolin, ou melhor, Mc Guilherme sobre sua transição feita oficialmente em suas redes sociais. E ouçam Mc Guilherme, um dos mais expressivos do rap goiano.
A declaração sincera de Guilherme não o torna melhor nem pior que os demais rappers da capital, mas com certeza a atitude o engrandece. O reconhecimento por aqueles que acompanham sua trajetória foi instantânea, através de elogios e mensagem de força pelo grande passo artístico na sua caminhada.